Conhecimentos dos enfermeiros sobre técnicas não farmacológicas no alívio da dor na criança

Publication year: 2017

As técnicas não farmacológicas (TNF) são geralmente intervenções de carácter psicológico descritas como eficazes em situação de dor ligeira, procedimentos dolorosos ou como complemento dos analgésicos. A importância do recurso a estas intervenções reside no facto de muitas delas modificarem o significado e vivência da dor, constituindo assim um recurso primordial no controlo da dor da criança/adolescente. Na sua prática, o enfermeiro deve tomar como foco de atenção a dor e adotar as estratégias ao seu alcance para a prevenir e controlar em todas as situações que provoquem sofrimento sensorial e/ou emocional (OE, 2013).

Objetivo:

Avaliar a frequência com que os enfermeiros aplicam as TNF e descrever os conhecimentos sobre a aplicação das mesmas, no alívio da dor na criança; Analisar a influência das variáveis sociodemográficas e profissionais dos enfermeiros nos conhecimentos e na frequência da aplicação das TNF no alívio da dor na criança.

Métodos:

Estudo descritivo-correlacional, de corte transversal e de abordagem quantitativa, no qual participaram 81 enfermeiros de três unidades de um centro hospitalar da zona norte de Portugal, com média de idades de 43,28 anos (Dp=8,16) selecionados de forma não probabilística por conveniência. Na recolha de dados utilizou-se um questionário de autopreenchimento, composto por uma parte de caracterização sociodemográfica e profissional e de uma adaptação da Escala de Conhecimentos na Aplicação das TNF de Sousa (2009).

Resultados:

A maioria da amostra (97,5%) pertencia ao sexo feminino, 50,6% enquadrava-se no grupo etário dos 45-64 anos, 84,0% exercia funções há 10 ou mais anos, (média=20,19; p=8,219), 65,4% com a categoria de enfermeiro, 25,9% era especialista. A maioria dos enfermeiros (60,5%) não possuía formação específica sobre a dor e TNF, mas realizava a avaliação da dor de forma sistemática (96,3%) e 66,7% aplicava as TNF algumas vezes. A maioria (44,4%) demonstrou conhecimento fraco sobre a aplicação das TNF e 42,0% conhecimento elevado. O local onde os enfermeiros exercem funções (p=0,011) e a formação específica nesse âmbito (p=0,002) exercem influência na frequência de aplicação das TNF no alívio da dor na criança. O grupo etário (p=0,009), o tempo de exercício profissional (p=0,013), a categoria profissional (p=0,001) e a frequência com que aplicam as TNF têm relação com os conhecimentos na aplicação das TNF, verificando-se que os enfermeiros mais velhos, com mais tempo de serviço, com categoria de enfermeiro especialista e que aplicam sempre as TNF detêm mais conhecimentos nesse âmbito.

Conclusão:

A formação específica sobre a dor e as TNF influencia a frequência da sua aplicação, constituindo um forte impulsionador da sua aplicação nestes contextos da prática. O maior grupo de enfermeiros demonstrou possuir conhecimento fraco sobre a aplicação das TNF, sendo que este conhecimento resulta essencialmente da experiência profissional. Este estudo poderá contribuir para a melhoria dos cuidados prestados à criança no alívio da dor, para uma prática mais reflexiva e para que a sua base possa assentar em evidência científica.

Background:

Non-pharmacological techniques (TNF) are generally psychological interventions described as effective in situations of mild pain, painful procedures or as a complement to analgesics. The importance of using these interventions is that many of them change the meaning and experience of pain, thus being a primary resource in the control of child/adolescent pain. In their practice, nurses should focus on pain and adopt strategies to prevent and control them in all situations that cause sensory and/or emotional suffering (OE, 2013).

Objectives:

To evaluate the frequency with which nurses apply TNF and to describe the knowledge about their application in the relief of pain in the child; To analyze the influence of the sociodemographic and professional variables of the nurses on the knowledge and frequency of the application of TNF in the relief of pain in children.

Methods:

A descriptive-correlational, cross-sectional and quantitative approach was carried out in which 81 nurses from three units of a hospital in the northern part of Portugal, with a mean age of 43.28 years (Dp=8.16) were selected. Not probabilistically for convenience. In the data collection, a self-filling questionnaire was used, consisting of a part of sociodemographic and professional characterization and an adaptation of the Knowledge scale in the application of TNF de Sousa (2009).

Results:

The majority of the sample (97.5%) belonged to the female sex, 50.6% were in the age group of 45-64 years, 84.0% had been working for 10 years or more, (mean=20.19; p=8.219), 65.4% with the category of nurse, 25.9% specialists. Most of the nurses (60.5%) had no specific training on pain and TNF, but performed the evaluation of pain systematically 96.3% and 66.7% applied TNF a few times. The majority (44.4%) showed weak knowledge on the application of TNF and 42.0% had high knowledge. The place where the nurses perform functions (p=0.011) and the specific training in this area (p=0.002) exert an influence on the frequency of application of TNF in pain relief in the child. The age group (p=0.009), the professional exercise time (p=0.013), the professional category (p=0.001) and the frequency with which they apply the TNF are related to the knowledge on the application of TNF, The older nurses, with more time of service, with specialist nurse category and who always apply the TNF have more knowledge in this scope.

Conclusion:

The specific training on pain and TNF influences the frequency of its application, constituting a strong impeller of its application in these contexts of practice. The largest group of nurses has shown weak knowledge about the application of TNF, and this knowledge results essentially from professional experience. This study may contribute to the improvement of the care given to the child in the relief of pain, to a more reflexive practice and to the basis of scientific evidence.