O foco papel parental e o desenvolvimento da prática de enfermagem na parceria de cuidado

Publication year: 2017

Enquadramento:

As transições no desempenho da parentalidade, vivenciadas durante a hospitalização são muito significativas para o campo de atuação e intervenção autónoma do enfermeiro, pelo que o papel parental constitui um foco relevante em enfermagem pediátrica. Decorrente da introdução dos sistemas de informação em enfermagem nos contextos da prática clinica nacional, da necessidade de adoção da parametrização nacional única para uma linguagem unificada em enfermagem, os enfermeiros necessitam de identificar corretamente os focos da sua atenção, proceder às inerentes intervenções de diagnóstico, construção dos diagnósticos, implementação das intervenções de enfermagem e determinação dos ganhos em saúde sensíveis aos cuidados de enfermagem, reflexivos da mestria do cuidar. Tal, exige que os contextos da prática clinica se transformem a ritmos e tempos nem sempre compatíveis com as capacidades individuais e organizacionais instaladas. A investigações-ação é uma opção metodológica que promove o caminhar, assegurando não apenas a visibilidade do exercício profissional mas acima de tudo, a garantia de cuidados de excelência ao cidadão. Neste sentido explora-se a prática profissional na parceria de cuidados focalizando o potencial de participação dos pais nos cuidados e o estímulo que desencadeia o cuidar e sua associação à negociação de cuidados.

Objetivos:

Quantificar a prevalência de registo do foco papel parental como diagnóstico real e potencial, nos anos 2015 e 2016 no serviço de pediatria do CHTMAD; identificar as barreiras encontradas à elaboração do diagnóstico de enfermagem no foco papel parental; identificar os conhecimentos dos enfermeiros no foco papel parental, padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem e indicadores em enfermagem antes e após a formação; caracterizar a parceria de cuidados estabelecida entre enfermeiros e pais da criança hospitalizada; propor indicadores de Enfermagem: Processo, Resultado e Epidemiológicos, no foco papel parental.

Metodologia:

Estudo de investigação-ação desenvolvido em cinco fases: 1ª Fase - Diagnóstico, 2ª fase - Planeamento da ação, 3ª Fase - Implementação, 4ª Fase - Avaliação, 5ª Fase - Implementação do adquirido.

Recolha de dados através de:

questionário dirigido aos enfermeiros sobre conhecimento em Padrões de Qualidade, Indicadores de Enfermagem e papel parental antes e após a formação; formulário aplicado aos pais sobre o processo de parceria de cuidados durante a hospitalização; e consulta de dados, recolhidos pela unidade de informática através do programa business intelligence, registados no processo clínico das crianças internadas no serviço de pediatria do CHTMAD sobre o foco papel parental referentes aos anos 2015 e 2016. A amostra é constituída por 15 enfermeiros do serviço de pediatria do CHTMAD alvo de intervenção do programa de formação/implementação, que decorreu de abril a junho de 2016 e por 95 pais acompanhantes das crianças hospitalizadas, alvo da intervenção dos enfermeiros.

Resultados:

Após a sessão formativa, verificou-se um aumento dos conhecimentos dos enfermeiros no foco papel parental (p=0,001), padrões de qualidade (p=0,005) indicadores de qualidade (p=0,006), e diminuição das dificuldades/barreiras na documentação das práticas de enfermagem (p=0,016). Quanto aos Atributos das crianças - verifica-se que apresentavam uma condição desenvolvimental normal no domicílio e que essas necessidades, embora com frequências menores, se mantêm, no hospital. Contudo, na alimentação (p=0,026), higiene (p=0,032) segurança (p=0,015) e desenvolvimento infantil (p=0,006) as crianças passaram a ter necessidades de tipo especial. Contrariamente às necessidades de sustento, as necessidades complexas mostram um acréscimo no hospital, quanto ao equipamento (32,6%), soroterapia (56,8%), medicação (92,6%), dor (62,1%) e procedimentos de diagnóstico ou tratamento (43,2%). Quanto ao potencial de participação - Os pais, no hospital, revelaram maior potencial de participação nas necessidades de sustento (alimentação, eliminação, higiene, segurança, desenvolvimento infantil). Parte dos pais passam a participar em necessidades especiais, como monitorizar a dor (n=51; 69,9%), uso de estratégias não farmacológicas para eliminar a dor (n=53; 70,7%) e solicitar competências da criança para o autocontrolo da dor (n=38; 84,4%). Quanto ao Estimulo para participar nos cuidados - A maioria dos pais refere que o estímulo para participar nos cuidados às necessidades de sustento/especiais à criança durante a hospitalização assenta na negociação dos cuidados (56,8%). Os cuidados de enfermagem foram orientados para a manutenção do papel parental desenvolvimental/especial. Quanto ao responsável pelo cuidado em função do estímulo e das necessidades da criança - é maioritariamente a mãe a responsável pelo cuidado nas necessidades de sustento, alimentação (40%), eliminação (85,3%), higiene (57,8%), segurança (42,1%) e desenvolvimento infantil (85,3%) com participação por estímulo auto-iniciado (adotação de decisões sem planeamento explícito); sempre que está presente a díade mãe/enfermeiro, o valor mais expressivo recai na negociação de cuidados quer nas necessidades de sustento, como a alimentação (60%), eliminação (14,7%), higiene (42,2%), segurança (57,9%) e desenvolvimento infantil (14,7%), quer nas necessidades especiais/complexas (58,3%) como a medicação (n=34; 100%), bem como no controlo da dor (72,6%); é o enfermeiro o responsável pelo cuidado nas necessidades especiais/complexas, como equipamento (75,0%), soroterapia (98,2%) e procedimentos de diagnóstico/tratamento. As mães mantiveram o seu desempenho no papel parental desenvolvimental, no entanto, participaram em cuidados especiais/complexos, havendo negociação de cuidados para a sua participação (100%), revelando que os cuidados de enfermagem promoveram o papel parental especial. Antes do processo de formação os registos informatizados no Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem eram escassos, em relação à elaboração do diagnóstico no foco papel parental. Após a formação constatou-se um aumento do número de registos de enfermagem no foco papel parental, sobretudo no mês seguinte à sessão de formação.

Conclusão:

O estudo traz implicações para a prática de enfermagem no que se refere à educação e formação contínua, bem como à assunção da responsabilização e consciencialização dos profissionais sobre o papel parental e sua importância na parceria de cuidados. A intervenção formativa foi relevante na aquisição de conhecimentos dos enfermeiros face à incorporação de melhores práticas no foco papel parental, condição determinante, embora com a sua visibilidade condicionada, na obtenção de ganhos em saúde, o que justifica a proposta de introdução de indicadores de enfermagem.

Background:

Transitions in the performance of parenting experienced during hospitalization are very significant for nurses' field of intervention and autonomous intervention, so parental role is a relevant focus in pediatric nursing. Due to the introduction of nursing information systems in the context of national clinical practice, the need to adopt the unique national parameterization for a unified language in nursing, nurses need to correctly identify the focus of their attention, proceed with the respective diagnostic interventions, Construction of diagnoses, implementation of nursing interventions and determination of health gains sensitive to nursing care, reflective of care mastery. This requires that the contexts of clinical practice be transformed into rhythms and times not always compatible with individual and organizational capacities. The action research is a methodological option that promotes walking, ensuring not only the visibility of professional practice but above all, the guarantee of excellence care to the citizen. In this sense, the professional practice in the care partnership is explored, focusing on the potential of parental involvement in care and the stimulus that triggers care and its association with care negotiation.

Objectives:

To quantify the prevalence of registration of parental role focus as a real and potential diagnosis, in the years 2015 and 2016 in the pediatric service of CHTMAD; Identify the barriers found to the elaboration of the nursing diagnosis in the focus parental role; Identify the knowledge of nurses in the focus parental role, quality standards of nursing care and indicators in nursing before and after training; Characterize the care partnership established between nurses and parents of the hospitalized child; Propose Nursing indicators: Process, Outcome and Epidemiological, focus on parental role.

Methodology:

Action research study developed in five phases: 1st Phase - Diagnosis, 2nd phase - Action planning, 3rd Phase - Implementation, 4th Phase - Evaluation, 5th Phase - Implementation of the acquired.

Data collection through:

questionnaire addressed to nurses about knowledge in Quality Standards, Nursing Indicators and parental role before and after training; Form applied to parents about the care partnership process during hospitalization; And consultation of data, collected by the computer unit through the business intelligence program, registered in the clinical process of the children hospitalized in the pediatric service of the CHTMAD on the focus parental role for the years 2015 and 2016. The sample is made up of 15 service nurses of pediatrics at the CHTMAD target of intervention of the training / implementation program, which ran from April to June 2016 and by 95 parents accompanying the hospitalized children, target of the nurses intervention.

Results:

After the training session, there was an increase in the knowledge of nurses in the focus on parental role (p=0.001), quality standards (p=0.005), quality indicators (p=0.006), and reduction of difficulties / barriers in Documentation of nursing practices (p=0.016). As for the Attributes of the children - it is verified that they had a normal developmental condition in the household and that these needs, although with smaller frequencies, are maintained, in the hospital. However, in the feeding (p=0.026), hygiene (p=0.032) safety (p=0.015) and child development (p = 0.006) children had special needs. (32.6%), serum therapy (56.8%), medication (92.6%), pain (62.1%) and procedures diagnosis or treatment (43.2%). Concerning the potential for participation - Parents in the hospital revealed greater potential for participation in the needs of support (feeding, elimination, hygiene, safety, child development). Some parents participated in special needs, such as pain monitoring (n=51, 69.9%), use of non-pharmacological strategies to eliminate pain (n=53, 70.7%) and The self-control of pain (n=38, 84.4%). As for the incentive to participate in care - Most parents report that the encouragement to participate in care for the child's special / living needs during hospitalization is based on the negotiation of care (56.8%). Nursing care was oriented towards the maintenance of developmental/special parental role. As for the caregiver responsible for the child's needs and needs, the mother is responsible for the needs of food, food (40%), elimination (85.3%), hygiene (57.8%), Security (42.1%) and child development (85.3%) with participation by self-initiated stimulus (adoption of decisions without explicit planning); (60%), elimination (14.7%), hygiene (42.2%), safety and health care (57.9%) and child development (14.7%), both in special / complex needs (58.3%) and medication (n=34, 100%), as well as in pain control %); Is the nurse responsible for the special/complex needs, such as equipment (75.0%), serum therapy (98.2%) and diagnostic/treatment procedures. Mothers maintained their performance in the developmental parental role, however, participated in special/complex care, negotiating care for their participation (100%), revealing that nursing care promoted a special parental role. Before the training process the computerized records in the Nursing Practice Support System were scarce, in relation to the elaboration of the diagnosis in the focus parental role. After training, there was an increase in the number of nursing records in the focus parental role, especially in the month following the training session.

Conclusion:

The study has implications for nursing practice regarding education and continuing education, as well as the assumption of the responsibility and awareness of the professionals about the parental role and its importance in the care partnership. The training intervention was relevant in the acquisition of nurses' knowledge regarding the incorporation of best practices in the focus parental role, a determining condition, although with their conditioned visibility, in the achievement of health gains, which justifies the proposal of introduction of nursing indicators .