Fatores que influenciam a amamentação à alta em recém-nascidos após o internamento numa unidade de apoio perinatal diferenciado

Publication year: 2017

Introdução:

O leite materno é um alimento vivo, completo e natural, adequado a todos os recém-nascidos, salvo raras exceções, sendo uma das formas mais eficientes de suprimir necessidades nutricionais, imunológicas e emocionais do bebé, ainda com maior relevo nos Recém-nascidos doentes e internados em Neonatologia. Inúmeras estratégias hospitalares têm sido implementadas com o objetivo de valorizar a amamentação de recém-nascidos doentes nas Unidades de Apoio Perinatal Diferenciado, promovendo a amamentação e o vínculo afetivo da díade mãe-bebé.

Objetivos:

Identificar a relação entre as características sociodemográficas maternas, as variáveis obstétricas e clínicas do Recém-Nascidos e os conhecimentos e dificuldades das mães na amamentação à alta de recém-nascidos internados numa Unidade de Apoio Perinatal Diferenciado; Identificar os fatores maternos e do Recém-Nascido que se relacionam com a amamentação á alta do recém-nascidos internados numa Unidade de Apoio Perinatal Diferenciado.

Metodologia:

Estudo quantitativo, do tipo descritivo analítico-correlacional de corte transversal, realizado numa amostra não probabilística, composta por 100 mães, com média de idade de 29,63 anos (DP= 5,395) que acompanhavam os seus filhos numa Unidade de Apoio Perinatal Diferenciado num hospital público do Norte de Portugal. Para a recolha de dados utilizou-se um questionário de autorrelato da vivência das mães sobre a amamentação, desenvolvido por Sousa (2014).

Resultados:

Registou-se um predomínio de mães com o 2º e 3º ciclo do ensino básico, empregadas, a viver numa zona urbana, com companheiro. Do ponto de vista obstétrico, 56% tiveram parto distócico, 69% não frequentaram aulas de preparação para o parto e 51% tinham apenas aquele filho. Clinicamente os bebés nasceram de termo 61% e a patologia mais frequente foi o Risco Infecioso, seguida da prematuridade (32%). Todas as mães consideram que a Unidade de Apoio Perinatal Diferenciado promove a Amamentação e consideraram os enfermeiros como o profissional mais indicado para prestar apoio (92%) e esclarecer as dúvidas (96%). O nível de conhecimentos sobre amamentação foi classificado como suficiente para 48% das mães e 53% apresentaram dificuldades com a amamentação. O estudo revelou ainda que os conhecimentos eram mais elevados nas mães com ensino superior, que tiveram um parto distócico, que tinham apenas um filho, nas mães de recém-nascidos com outras patologias e nas que não tinham amamentado anteriormente. As dificuldades evidenciaram-se nas mães que tiveram parto eutócico e nas que tiveram um filho macrossómico.

Conclusão:

A passagem do conhecimento do profissional para a capacitação da mãe para a amamentação, sobretudo perante um bebé com patologia é uma tarefa árdua a ser ultrapassada. Os profissionais de saúde deverão iniciar uma reflexão conjunta sobre as suas práticas e formação sobre aleitamento materno, confrontando as simetrias e\ou assimetrias entre os pontos de vista dos enfermeiros e utentes, para melhor serem ultrapassadas as dificuldades.

Background:

Breast milk is a living, complete and natural food suitable for all newborns, with rare exceptions, being one of the most efficient ways of suppressing the nutritional, immunological and emotional needs of the baby, even more important in sick babies admitted in a Neonatology unit. Numerous hospital strategies have been implemented with the objective of valuing breastfeeding of sick newborns in the Differentiated Perinatal Support Units, promoting breastfeeding and the affective bond of the mother-baby dyad.

Objectives:

To identify the relationship between maternal sociodemographic characteristics, obstetric and clinical variables of the Newborn and the knowledge and difficulties of mothers in breastfeeding newborns hospitalized in Differentiated Perinatal Support Units; to identify maternal and Newborn factors related to breastfeeding at the discharge of newborns hospitalized in a Differentiated Perinatal Support Units.

Methodology:

A quantitative, cross-sectional, descriptive and correlational study was performed in a non-probabilistic sample, composed of 100 mothers, with mean age of 29.63 years (SD = 5,395) who followed their children in a Differentiated Perinatal Support Unit in a public hospital in northern of Portugal. For data collection we used a self-report questionnaire of experience living of mothers about breastfeeding, developed by Sousa (2014).

Results:

There was a predominance of mothers with the 2nd and 3rd cycle of basic education, employed, living in an urban area with a partner. From the obstetric point of view, 56% had dystocia delivery, 69% did not attend childbirth classes and 51% had only that child. Clinically 61% of babies were born in term pregnancy and the most frequent pathology was Infectious risk, followed by prematurity (32%). All mothers consider that the Differentiated Perinatal Support Unit promotes Breastfeeding and the nurses to be the most appropriate professional to provide support (92%) and clarify doubts (96%). The level of knowledge about breastfeeding was classified as sufficient for 48% of mothers and 53% presented difficulties with breastfeeding. The study also revealed that knowledge was higher in mothers with higher education, who had a single child, with dystocia delivery, in mothers of newborns with other health conditions and those who had not previously breastfed. The difficulties were evidenced in mothers who had eutocic delivery and those who had a overgrowth baby.

Conclusion:

The crossover from the knowledge of the professional to the skills training in mothers for breastfeeding, especially when the baby has pathology, is an arduous task to be overcome. Health professionals should initiate a joint reflection on their practices and training on breastfeeding, comparing the symmetries and / or asymmetries between the points of view of nurses and users, in order to better overcome the difficulties.