Publication year: 2017
Enquadramento:
As famílias têm grande influência na saúde das crianças, é importante que estas possuam conhecimentos para uma adequada alimentação dos seus filhos. Reconhece-se que as crianças devem ser ajudadas precocemente a desenvolver hábitos alimentares saudáveis, pois é na idade pré-escolar que os padrões básicos da alimentação são adquiridos e na idade escolar são consolidados. Objetivos:
Classificar o estado nutricional da criança; analisar a influência das variáveis sociodemográficas no conhecimento dos pais sobre alimentação da criança; relacionar o estado nutricional da criança com o conhecimento dos pais sobre alimentação. Métodos:
Estudo quantitativo, transversal, descritivo e correlacional, realizado numa amostra não probabilística, por conveniência de 114 pais e crianças, mães com média de idade de 34,40 anos (Dp=5,777) e pais 36,50 (Dp=9,155). Das crianças, 56,1% tinham idade pré-escolar e 43,9% idade escolar, variando entre os 3 anos e 9 anos, (média= 5,53; Dp=1,93). Para a recolha de informação utilizou-se o questionário “Conhecimento dos Pais sobre Alimentação Infantil (QAI)” da autoria de Aparício, Nunes, Duarte e Pereira (2012). Para classificação do IMC, foi efetuada a avaliação antropométrica das crianças no jardimde-infância, escolas do 1º ciclo do ensino básico e nas consultas de vigilância de saúde infantil da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de um Concelho do distrito de Viseu e utilizados os pontos de corte do NCHCS (CDC, 2000) para a classificação do estado nutricional. Resultados:
No global da amostra, 57,0% das crianças eram normoponderais, 16,7% tinham excesso de peso, 13,2% obesidade e 13,2% estavam em situação de baixo peso. Por grupo etário, apurou-se que 60,9% das crianças em idade pré-escolar eram normoponderais, com uma prevalência de excesso de peso de 17,2% (9,4% obesidade e 7,8% pré-obesidade) e 21,9% de baixo peso. Na idade escolar, 52,0% tinham peso normal, 46,0% excesso de peso (28,0% pré-obesidade e 18,0% obesidade) e 2,0% baixo peso. A caraterização dos conhecimentos sobre alimentação infantil revelou que 43,9% dos progenitores tinham conhecimentos suficientes, 30,7% bons e 25,4% insuficientes. Concluiuse haver relação entre os conhecimentos dos pais e a idade, escolaridade, profissão, residência e número de filhos. Os pais das crianças com peso normal apresentaram melhores valores médios no QAI e pelos resultados obtidos, inferiu-se que melhores conhecimentos conduzem a melhores atitudes na alimentação da criança. O modelo de regressão multivariada explica cerca de 9% da variância observada no fator regras alimentares e 23% no fator alimentação e saúde. Conclusões:
Os resultados indicam que os conhecimentos dos pais sobre a alimentação da criança continuam insuficientes e associados ao contexto sociodemoráfico de desigualdades em saúde. Assim, torna-se importante promover o empowerment da família, podendo esta ser uma das estratégias para a prevenção da obesidade infantil e minimização das iniquidades em saúde.
Context:
Families have a major influence on children's health, thus it is crucial that they have proper food knowledge in order to provide a correct nutrition for their children. Considering that children acquire their basic eating patterns at preschool age and that these patterns are established at school age, it is acknowledged that children should be helped to develop healthy eating habits in the early years. Objectives:
To classify children’s nutritional status; to analyse the influence of sociodemographic variables on parental knowledge about children’s nutrition; to relate children’s nutritional status to parental knowledge of food. Methods:
Quantitative, cross-sectional, descriptive and correlational study conducted in a nonprobability convenience sample of 114 parents and children. The mothers’ average age was 34.40 years old (SD = 5,777) and the fathers’ was 36.50 years old (SD = 9.155). Of the children, 56.1% had pre-school age and 43.9% school age, ranging from 3 to 9 years (mean = 5.53; SD = 1.93).The “Conhecimento dos Pais sobre Alimentação Infantil (QAI)” questionnaire [“Parental Knowledge of Child Nutrition (CNQ-Children’s Nutrition Questionnaire)"] by Aparício, Nunes, Duarte & Pereira (2012) was applied to collect data. To classify the BMI, was performed anthropometric assessment of children in a nursery school, in basic education schools and in the child health surveillance consultations in the Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) of a Council in the District of Viseu. The cutoff points of the NCHS (CDC, 2000) were used to grade the nutritional status. Results:
In the overall sample, 57.0% of children were normal weight, 16.7% were overweight, 13.2% were obese and 13.2% were underweight. In terms of age groups, it was established that 60.9% of preschool-age children were normal weight, the prevalence of overweight was 17.2% (9.4% obese and 7.8% pre-obese) and the prevalence of underweight was 21.9%. As far as the school-age children are concerned, 52.0% were normal weight, 46.0% were overweight (28.0% pre-obese and 18.0% obese) and 2.0% were underweight. The data collected about parental knowledge of child nutrition showed that 43.9% of the parents had sufficient knowledge, 30.7% good and 25.4% insufficient. It was determined that there is a relationship between the parents' knowledge and their age, education, occupation, residence and number of children. The normal weight children’s parents had better average values in the QAI [CNQ - Children’s Nutrition Questionnaire]. According to these results, it was possible to conclude that better knowledge leads to better attitudes in terms of child nutrition. The multivariate regression model explains the observed variance in the food rules factor (about 9%) and in the food and health factor (about 23%). Conclusions:
The results indicate that parental knowledge of child nutrition is still insufficient and it is related to health inequalities in the socio-demographic context. Consequently, it is important to assess and promote family empowerment. The latter may also be one of the strategies to prevent childhood obesity and to minimise health inequalities.