Satisfação das crianças jovens com a consulta de diabetes: impacto na sua qualidade de vida

Publication year: 2016

Enquadramento:

A Diabetes Mellitus Tipo 1 é uma das patologias crónicas mais comuns da idade pediátrica que implica um tratamento exigente, com o intuito de obter uma boa qualidade de vida. Existe cada vez uma maior a preocupação com a Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde, sendo esta uma medida essencial de resultados em saúde e objectivo primordial da equipa de enfermagem que presta cuidados a criança/adolescente com doença crónica.

Objectivos:

Determinar o nível de qualidade de vida da criança/jovem com diabetes; identificar as variáveis sociodemográficas que interferem na qualidade de vida da criança/jovem com diabetes e relacionar a satisfação da criança/jovem com a consulta de diabetes com a sua qualidade de vida.

Métodos:

Estudo quantitativo, de corte transversal, descritivo e correlacional, realizado numa amostra não probabilística constituída por 135 crianças/jovens com diabetes, com média de idade de 13.45 anos (DP = 2.84), que frequentam a consulta de educação terapêutica da diabetes em 6 hospitais da região Centro/Norte de Portugal. Recorreu-se a um questionário composto por questões de caracterização sociodemográfica e clínica, o questionário da Qualidade de Vida Pediátrica (PedsQL 4.0) (Lima, Guerra, & Lemos, 2009) e uma versão adaptada do Questionário de Satisfação do Utente com a Consulta de Diabetes (Chaves et al., 2012).

Resultados:

Da amostra apenas uma criança apresentava diabetes tipo 2, sendo que a média de tempo de diabetes era de 49,81 meses (DP = 45,19) e a mãe foi indicada como principal cuidador por 84,4% das crianças. Em termos de escolaridade, 34,8% frequentavam o 3º ciclo de escolaridade. No global 45,2% das crianças/jovens sentem-se satisfeitas com a consulta de educação terapêutica da diabetes, enquanto 28,9% e 25,9% se consideram pouco e muito satisfeitas respectivamente. A satisfação mais elevada foi na dimensão orientações (M = 93,56%; DP = 9,47), enquanto na avaliação inicial a média foi de 91,06% (DP = 11,56) e na dimensão relação/comunicação de 79,55% (DP = 19,17). O sexo feminino apresentou valores médios mais elevados em todas as subescalas de satisfação com a consulta de diabetes. Relativamente à qualidade de vida, são as crianças/jovens com idade inferior ou igual a 12 anos e igual ou superior a 15 anos, que tendem a percecionar a sua qualidade de vida como razoável, contudo ser do sexo masculino ou feminino não influencia a perceção da qualidade de vida nas crianças/jovens. As crianças/jovens que se sentem muito satisfeitas com a consulta da diabetes, tendem a percepcionar a sua qualidade de vida como Alta. Pela análise das trajectórias das diversas variáveis estudadas e sua relação com a qualidade de vida verifica-se no modelo final ajustado que todas as variáveis são estatisticamente significativas, explicando a idade 23% da Qualidade de Vida e a relação/comunicação 33%. No seu conjunto estas variáveis explicam 14%, numa relação direta com a qualidade de vida, ou seja, quanto maior a idade e a relação/comunicação melhor a qualidade de vida.

Conclusão:

Os cuidados prestados pela equipa de enfermagem, sobretudo a relação/comunicação estabelecidos com a criança/jovem são fundamentais para que a criança/adolescente percepcione positivamente a sua qualidade de vida.

Background:

Type 1 Diabetes Mellitus is one of the most common chronic conditions of the pediatric age group. It demands careful treatment in order to achieve a good quality of life. There is a growing interest in Health Related Quality of Life, which is a vital measure for analyzing health results and also the main goal of the nursing staff responsible for providing health care to children/adolescents with chronic conditions.

Objectives:

To measure the quality of life of children/adolescents with diabetes; to identify the socio-demographic variables that interferes with the quality of life of children/adolescents and to correlate the child’s satisfaction with the diabetes appointment with their quality of life.

Methods:

A quantitative, cross sectional, descriptive and correlational study was performed on a non-probabilistic sample composed of 135 children/adolescents with diabetes, with an average age of 13,45 years (SD = 2.84), attending therapeutic education consultation of diabetes in 6 hospitals Center/North of Portugal. A survey comprising socio-demographic and clinical characterization questions was used: the Pediatric Quality of Life Inventory (PedsQL 4.0) (Lima, Guerra, & Lemos (2009) as well as an adaptation of the Survey on the Patient Satisfaction with the Diabetes Appointment (Chaves et al, 2012).

Results:

In the whole sampl, only one child has type 2 diabetes,. The average diabetes duration was 49.81 months (SD = 45.19) and the mother was given as the main caregiver for 84.4% of children. In terms of education, 34.8% were attending the 3rd cycle of schooling. The overall 45.2% of children/young people feel satisfied with the therapeutic education consultation of diabetes, while 28.9% and 25.9% do not consider themselves and met respectively. The highest satisfaction is the guidance dimension (M = 93.56%, SD = 9.47), while the early assessment an average of 91.06% (SD = 11.56) and in relationship/communication an average 79 55% (SD = 19.17). Female patients show higher average values in all sub-scales concerning the satisfaction with the diabetes appointment. Children/adolescents aged 12 or under or aged 15 or older consider their quality of life to be acceptable. Be male or female does not influence the perception of quality of life in children /youth. 53.3% of girls and boys perceive their quality of life as reasonable. Children / young people who feel very satisfied with the consultation of diabetes, tend to perceive their quality of life as high. By analyzing the trajectories of the various variables studied and their relation to the quality of life there is in the final model set all variables are statistically significant, explaining the age 23% of the quality of life and the relationship / communication 33%. All together they explain 14%, in direct relation to the quality of life, meaning the greater the age and relationship/communication better quality of life.

Conclusion:

Health care provided by the nursing staff, especially the relationship/communication established with children/adolescents, is of vital importance in order for them to develop a positive perception of their own quality of life.