Disfunções do assoalho pélvico: avaliação da prevalência e qualidade de vida das profissionais de enfermagem

Publication year: 2018

O estudo teve como finalidade identificar a prevalência de Distúrbios do Assoalho Pélvico (DAP) em enfermeiras e técnicas de enfermagem e sua comparação entre ambos os grupos, bem como sua associação com os hábitos ocupacionais e avaliação da qualidade de vida relacionada à ocorrência de Sintomas do Trato Urinário Inferior (STUI ou LUTS), Incontinência Urinária (IU), Prolapso de Órgãos Pélvicos (POP), disfunções sexuais femininas e queixas defecatórias. Trata-se de um estudo transversal, envolvendo as trabalhadoras de enfermagem que atuaram em hospital público terciário durante o período de abril a agosto de 2018. A coleta de dados foi realizada com 264 profissionais por meio de formulário eletrônico contendo sete instrumentos específicos para a investigação das queixas de disfunção e seu respectivo impacto na qualidade de vida, com 105 questões no total. Os dados foram analisados por meio do Programa Statistical Package For Social Sciences (SPSS) versão 22.0, utilizando-se o Teste de Mann-Whitney para as variáveis intervalares, o Teste de Qui-Quadrado para as variáveis dicotômicas e a Razão de Verossimilhança para as variáveis categóricas. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da instituição na qual foi realizada e da Universidade Federal do Ceará (UFC) e aprovado, respectivamente, sob pareceres nº 2.435.205 e nº 2.396.335, de forma a respeitar e atender às recomendações nas Normas Reguladoras em Pesquisa. Do total de 264 profissionais, 180 eram técnicas de enfermagem e 84 eram enfermeiras, a maioria proveniente de setores de média complexidade, atuantes há mais de seis meses, em apenas um local de trabalho, com uma jornada de 60 horas semanais. A amostra foi composta, em sua maioria, por mulheres jovens (35,8±11,6), declaradamente não-brancas (n = 210; 79,5%) e com sobrepeso (IMC = 26,1±4,6). Os STUI foram os sintomas mais prevalentes (n= 215; 81,4%), sendo a noctúria a queixa com a maior taxa (n = 91; 34,5%). As demais DAP apresentaram uma prevalência consideravelmente menor e os sintomas foram associados tanto às condições de trabalho, quanto ao perfil sociodemográfico, clínico e obstétrico da amostra. Os sintomas apresentaram impacto pouco significativo na qualidade de vida das mulheres, assim como o SF-36 demonstrou diferença significativa somente no domínio “Vitalidade”. Conclui-se, portanto, que há alta prevalência de DAP em trabalhadoras de enfermagem no hospital em estudo, mas com pouco impacto na qualidade de vida e que se encontra possivelmente relacionada à ocupação, embora essa associação não seja independente.