Desenvolvimento e avaliação de uma cartilha educativa para promoção do estilo de vida saudável em pessoas com HIV

Publication year: 2019

O objetivo do estudo foi desenvolver e avaliar uma cartilha educativa para promoção do estilo de vida saudável em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) em uso de terapia antirretroviral, além da criação e validação do inquérito de conhecimento, atitude e prática (CAP) específico para avaliar o uso da cartilha. Trata-se de um estudo de desenvolvimento de tecnologia educativa interventiva, adotando-se o Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento como referencial teórico para elaboração da cartilha.

A pesquisa consistiu em quatro etapas:

1. Desenvolvimento da cartilha; 2. Análise de conteúdo e aparência por 22 juízes especialistas; 3. Análise semântica por 22 PVHIV; 4. Construção do inquérito CAP pela pesquisadora e sua validação por juízes especialistas e PVHIV. Na análise de dados foi mensurada a proporção de avaliadores que concordaram sobre a avaliação positiva dos itens, considerando-se o percentual maior ou igual a 85%. Para caracterização dos avaliadores foram realizadas distribuições de frequências, medidas de tendência central e dispersão, testes de normalidade, considerando-se um intervalo de confiança de 95% para variáveis quantitativas. Utilizou-se o software Statistical Package for the Social Sciences para análise.

A cartilha foi intitulada:

“Minha cartilha de motivação para mudança! Práticas para promoção do estilo de vida saudável”. Realizou-se o levantamento bibliográfico e revisão integrativa da literatura, sendo definidos seis domínios da cartilha: controle do peso corporal, alimentação saudável, prática de exercício físico, fumo, álcool e outras drogas, controle do estresse e tratamento medicamentoso. As ilustrações, layout e diagramação foram realizados pela designer gráfico, finalizando a primeira versão da cartilha, que foi impressa e entregue aos juízes especialistas. Estes eram enfermeiros (68,2%), médicos (27,3%) e nutricionista (4,5%), a maioria do sexo feminino (95,5%) e com média de idade de 42 anos. Predominaram enfermeiras docentes (40,9%), enfermeiras assistenciais (27,3%), médicos infectologistas (27,3%) e nutricionista assistencial (4,5%). A média de tempo de atuação na área foi de 13 anos, e de formação da graduação foi de 18 anos. A maioria tinha doutorado (68,2%), possuía pesquisa concluída acerca da temática HIV (86,4%), fazia parte de grupo de pesquisa (86,4%), possuía artigos publicados na área do HIV (100,0%) e experiência em estudos de validação de instrumentos/análise de materiais educativos (72,7%). Dos 18 itens avaliados, a maioria obteve o percentual de concordância proposto pelo estudo, e apenas dois itens obtiveram percentual de concordância abaixo do estabelecido (77,3%; 81,8%), sendo sugeridas modificações, as quais foram acatadas pela pesquisadora. A média global de concordância positiva entre os especialistas que avaliaram a cartilha foi de 92,4%. Após a realização das mudanças sugeridas, formatou-se a segunda versão da cartilha para análise semântica pelas PVHIV. Dentre elas, a maioria era do sexo masculino (86,4%), com média de idade de 41 anos e escolaridade com mediana de 12 anos de estudo. Predominou a categoria de exposição sexual (100,0%) e o tempo de diagnóstico apresentou mediana de cinco anos. Todos os itens avaliados tiveram concordância positiva acima de 85% pelo público-alvo. Dessa forma, a segunda versão da cartilha não precisou de modificações, sendo a versão final aprovada. Quanto à construção do inquérito CAP, foram elaboradas 10 perguntas no domínio conhecimento e no domínio atitude, e 11 no domínio prática. Todos os domínios avaliados tiveram concordância positiva de 100,0%. Concluiu-se que a cartilha educativa desenvolvida tem evidência de validade adequada para ser utilizada pelas PVHIV. Além disso, o inquérito CAP específico encontra-se validado quanto ao seu conteúdo, para ser utilizado em estudos futuros de avaliação clínica da cartilha. (AU)