Prevalência de sarcopenia em idosas com disfunções do assoalho pélvico

Publication year: 2019

A sarcopenia e as disfunções do assoalho pélvico comumente podem surgir durante o envelhecimento, afetando negativamente os parâmetros arquitetônicos funcionalmente importantes nos músculos dos membros e tronco, levando à diminuição da qualidade de vida, mobilidade e aumento de eventos adversos à saúde. Objetivou-se estimar a prevalência de sarcopenia em idosas com disfunções do assoalho pélvico. Trata-se de estudo transversal, desenvolvido em dois ambulatórios especializados em uroginecologia da cidade de Fortaleza, no período de fevereiro a setembro de 2019. A amostra foi composta por 217 idosas. Foram incluídas aquelas com idade igual ou superior a 60 anos, com diagnóstico confirmado de disfunções do assoalho pélvico. Foram excluídas idosas com alterações cognitivas, amputações ou fraturas nos membros superiores e/ou inferiores que impedissem a realização dos testes propostos.

Para coleta dos dados foram utilizados os seguintes instrumentos:

Mini Exame do Estado Mental, formulário contendo dados sociodemográficos, clínicos e gineco-obstétricos, antropométricos e de avaliação da sarcopenia. Os dados foram agrupados através do Research Electronic Data Capture e analisados por meio do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences, versão 24.0. Nas variáveis numéricas, os dados foram apresentados em média e desvio-padrão. Em relação às variáveis categóricas os dados foram expostos em frequência e taxa de prevalência, de modo a investigar associações entre as características sociodemográficas, clínicas, gineco-obstétrica, diagnóstico de disfunções do assoalho pélvico e a sarcopenia, utilizado o teste de Qui-Quadrado de Pearson e o Teste Exato de Fisher. Na análise das características das participantes foi utilizado o teste U de Mann-Whitney, verificada a não aderência dos dados à distribuição gaussiana. O projeto foi submetido ao comitê de ética em pesquisa dos serviços onde os dados foram coletados, com aprovação sob pareceres nº 3.159.390 e nº 3.270.489. Quanto às disfunções do assoalho pélvico, a maioria das idosas possuía incontinência urinária (n=166; 76,5%), seguido de prolapso de órgãos pélvicos (n=156; 71,9%) e incontinência anal (n=9; 4,1%). Das 217 idosas, 121 (55,8%) não tinham sarcopenia, 71 (32,7%) tinham sarcopenia provável, 23 (10,6%) sarcopenia confirmada e 2 (0,9%) sarcopenia grave. Houve associação entre a presença de sarcopenia e maiores médias de idade (p=0,029) e de tempo de menopausa (p=0,001), histórico familiar de disfunções do assoalho pélvico (p=0,037), prática de exercício físico (p=0,044), menores peso (p<0,001), circunferência da cintura (p<0,001), índice de massa corporal (p<0,001) e circunferência da panturrilha (p<0,001). No que tange a gravidade das disfunções, os estágios mais graves de prolapsos de órgãos pélvicos foram associados com a sarcopenia (p=0,002). Os dados encontrados são de interesse transversal na saúde e trazem informações até então desconhecidas para a região do estudo e para gerontologia, possibilitando ainda subsídios para desenvolvimento de pesquisas de intervenção, ações de prevenção da sarcopenia e promoção da saúde dos idosos. (AU)