Publication year: 2014
Introdução:
O trabalhador de enfermagem que passa por afastamento de trabalho por transtorno mental enfrenta preconceitos e dificuldades, desde seu adoecimento e afastamento até o momento que retorna ao trabalho. As dificuldades e limitações sentidas para realizar as atividades e se reinserir na equipe de trabalho, ainda, são pouco estudadas, evidenciando a necessidade de uma maior compreensão sobre a problemática. Objetivo:
O presente estudo teve por objetivo analisar a percepção dos trabalhadores de enfermagem oncológica afastados por transtornos mentais, sobre o retorno ao trabalho e elaborar propostas de intervenção que facilitem este retorno. Metodologia:
O estudo foi desenvolvido na linha compreensiva e na abordagem qualitativa. A população foi de 564 trabalhadores de enfermagem de um hospital especializado em oncologia no Estado de São Paulo. A amostra intencional foi constituída por oito trabalhadores de enfermagem, sendo seis mulheres e dois homens, incluindo as categorias profissionais de técnicos de enfermagem e enfermeiros, que atenderam ao critério de inclusão, ou seja, que retornaram de afastamento por transtorno mental há, no máximo, seis meses. Após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética, a coleta dos dados foi realizada através de questionário de caracterização dos sujeitos e entrevista individual, no período de junho a outubro de 2013. Para tratamento dos dados qualitativos foi utilizada a técnica da Análise Temática. Resultados:
As categorias que emergiram dos relatos dos trabalhadores evidenciaram as relações entre o trabalho e o adoecimento psíquico: condições de trabalho, situações que os trabalhadores viviam na época do afastamento, situações enfrentadas ao retornar ao trabalho, estigma da doença mental e as propostas de intervenção.Com relação às condições de trabalho, observou-se que um dimensionamento inadequado e características inerentes ao trabalho em oncologia são percebidos pelos trabalhadores como fatores que levam ao degaste pelo trabalho. Quanto às situações que os trabalhadores viviam na época do afastamento, os relatos mostram que mesmo havendo uma sobreposição de problemas pessoais aos de trabalho, o trabalho foi fator decisivo para o adoecimento. Sobre as situações enfrentadas ao retornar ao trabalho, evidenciou-se as dificuldades em voltar atuar na assistência direta ao paciente e trabalhar em equipe. O estigma da doença mental se mostrou tanto antes quanto depois do afastamento, denotando dificuldades de compreensão dos sintomas e da cronicidade dos transtornos mentais. Os trabalhadores só tiveram acesso à assistência à saúde dentro da instituição, quando se tronou necessário entrar em afastamento de trabalho. As sugestões de propostas de intervenção de melhorias:
na rotina de trabalho; no trabalho em equipe; no suporte à saúde do trabalhador. Conclusões:
Os resultados apontam as seguintes necessidades: redimensionamento da equipe, levando em consideração as particularidades do trabalho de enfermagem em oncologia; minimizar o estigma da doença mental dentro da instituição, através esclarecimento das equipes; elaborar propostas de atendimento à saúde do trabalhador portador de transtorno mental.
Introduction:
The nursing workers who live the sick leave by mental disorder face prejudices and difficulties, since the illness until the moment which returns to work. The restrictions for work in consequence of illness and reinsertion of worker in the daily life of work and in the team after this sick leave are still little studied, evidencing the need to a greater understanding about the theme. Objective:
This study aimed to analyze the perception of oncology nursing workers after sick leave by mental disorders, about the return to work and elaborate proposals of intervention to facilitate this return. Methodology:
This is a comprehensive study with qualitative approach developed with the nursing staff of an oncology hospital in São Paulo state. The sample consisted of 8 nursing workers, being 6 women and 2 men, which returned to sick leave by mental disorders in a maximum of six months. After project approval by the ethics committee, data collection began with a socio demographic questionnaire and after, an individual interview. The data collection was performed from June to October of 2013. The quantitative data were analyzed using descriptive statistics and the qualitative data analysis was conducted by Thematic Analysis technique. Results:
The categories that emerged from reports of workers showed the relations between work and the psychic illness. With respect to the working conditions, was observed that the nursing staffing is inappropriate and inherent characteristics to work in oncology are perceived by workers as factors of strain processes by the work.About the situations that workers lived at the time of the sick leave, the reports show that although there an overlay of personal problems and work problems, the work was the deciding factor for the illness. About the situations faced to returning to work, was evident that the difficulties for back to act on patient assistance and for back to work in a team. The stigma of mental disorders, both before and after of the sick leave, showed the difficulties of understanding the symptoms of mental disorders and the chronicity of these diseases. The workers only had access to occupational health in the institution, when it was necessary to request the sick leave. Intervention proposals suggestions for improvements:
in the routine of work; teamwork; in supporting workers \' health. Conclusion:
The results show the following needs: changes in the nursing staffing considering the particularities about the oncology nursing work; minimize the stigma of mental disorders in the institution, through the clarification of the teams; elaborate proposals for occupational health, for workers with mental disorders.