Cuidar do doente terminal no domicílio: experiências dos enfermeiros
Publication year: 2014
Da experiência pessoal a cuidar de doentes terminais no domicílio, nasce a vontade de enquadrar o desafio vivido pelos enfermeiros ao cuidar a pessoa como ser único, numa experiência de vida tão arrebatadora como é a fase terminal. É neste contexto que surge este estudo que tem como objetivo geral compreender a(s) experiência(s) dos enfermeiros no cuidar do doente terminal no domicílio, de modo a contribuir para uma melhor prática de cuidados. O presente estudo é descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa. Como estratégia de recolha de dados optamos pela entrevista semi-estruturada, dirigida a enfermeiros que prestam cuidados de enfermagem no domicílio. Da análise de conteúdo (Bardin,2004) dos discursos foram definidas seis áreas temáticas: cuidados de enfermagem ao doente terminal; dificuldades no cuidar do doente terminal no domicílio; fatores potenciadores do cuidar do doente terminal no domicílio; contributos da intervenção dos enfermeiros; estratégias mobilizadas pelos enfermeiros; e sugestões dos enfermeiros. A nível dos cuidados de enfermagem prestados ao doente terminal foi evidente que dirigem a sua intervenção ao doente, mas também ao cuidador informal. Em relação a este, os cuidados centram-se no proporcionar conhecimento e no dar apoio. Quanto aos cuidados de enfermagem prestados ao doente terminal centram-se nos cuidados técnicos, no apoio emocional, proporcionar conforto e uma morte digna.
As dificuldades no cuidar do doente terminal estão centradas:
no cuidador informal - a insegurança, recusa de cuidados e a falta de envolvimento; na organização – falta de tempo, trabalho em equipa, recursos materiais e continuidade de cuidados; no próprio enfermeiro - a falta de formação em cuidados paliativos, a dificuldade de lidar com os cuidadores informais, com a morte e o sofrimento, o sentimento de impotência e a comunicação de más notícias.Os fatores facilitadores no cuidar no domicílio são a colaboração do cuidador informal, a existência de enfermeiro de família/referência, o trabalho em equipa e a disponibilidade de tempo.Foram referidos contributos da intervenção dos enfermeiros:
quer para o doente, nomeadamente estar no seu ambiente familiar e proporcionar uma morte digna; quer para o próprio enfermeiro, tais como a satisfação do doente terminal e do cuidador informal com a visita domiciliária e refletir sobre a sua intervenção. Como estratégias perante as dificuldades, os enfermeiros recorrem a mecanismos de defesa/fuga e a procura de conhecimentos. Apesar do esforço pessoal dos enfermeiros contra as adversidades, ressalta neste estudo a necessidade de formação em cuidados paliativos, a falta de continuidade de cuidados e a falta de equipas comunitárias de cuidados paliativos, de modo a que os enfermeiros possam garantir cuidados globais com vista à melhoria da qualidade dos cuidados à pessoa em final de vida.
From personal experience caring for terminally ill patients at the domicile, had born the desire to frame the challenge experienced by nurses when they care a person as an unique being, in a living experience as rapturous as the terminal phase. It is in this context that arises this study which all-purpose objective is understanding (s) experience (s) of nurses in caring for the terminally ill at the domicile, in order to contribute to a better care practice. This study is descriptive, exploratory and with qualitative approach. We chose, as picking information strategy, the semi-structured interview, aimed at nurses who provide nursing care at domicile. From the content analysis (Bardin, 2004) discourses there were defined six thematic areas: nursing care to the terminally ill; difficulties in caring for the terminally ill at domicile; potentiating factors of caring for the terminally ill at domicile; contributions of the intervention of nurses; strategies deployed by nurses and suggestions from nurses. At level of nursing care provided to the terminally ill, was evident that they direct their intervention in the patient, but also the informal caregiver. In relation to this, cares are focus on providing knowledge and giving support. Regarding for the nursing care provided to terminally ill, these focus on technical care, emotional support, provide comfort and a dignified death. Difficulties in caring for the terminally ill are centered in the informal caregiver - insecurity, rejection of health care and lack of involvement; in the organization - default of time, teamwork, material resources and continuity of care; nurses in itself - the lack of training in palliative care, the difficulty of dealing with informal caregivers, with death and suffering, powerlessness and communicating of bad news. Enabling factors in care at domicile are the collaboration of the informal caregiver, the existence of family nurse/reference, teamwork and time availability.