As intervenções do enfermeiro de uma unidade de cuidados continuados perante a dor crónica do doente paliativo
Publication year: 2014
Existindo um certo vazio de oferta de cuidados ativos e personalizados a pessoas que experienciam a incurabilidade da doença e a dor crónica, os Cuidados Paliativos são um elemento essencial na sociedade moderna ao proporcionar ao doente e família um apoio ativo, especializado e humanizado, facilitando o alívio do sofrimento e dando a oportunidade de preservar a dignidade. Contudo, a maioria dos doentes que carece deste tipo de cuidados, continua internado em unidades de saúde orientados para a cura e não para um cuidar com uma visão integradora da multidimensionalidade da pessoa não curável e com dor crónica. Constitui-se objetivo deste estudo: Compreender como o Enfermeiro de uma Unidade de Cuidados Continuados intervém na Gestão da Dor Crónica do Doente Paliativo, com a finalidade de contribuir para a humanização dos cuidados nesta última fase da vida. Estudo de natureza qualitativa, com recurso a entrevistas semiestruturadas a enfermeiros em uma unidade de cuidados continuados. É um estudo de natureza descritivoexploratória em que os dados foram submetidos a análise de conteúdo segundo Bardin (2011). Os resultados obtidos evidenciam que os enfermeiros definem doente paliativo como aquele que não tem perspetiva de cura; doente terminal; doente com doença crónica, evolutiva e progressiva e doente com sintomas não controlados. Quanto ao conceito de dor definem-na como persistente no tempo; contínua no tempo; subjetiva e recorrente, indo ao encontro da literatura. Os enfermeiros perante a dor crónica valorizam vários aspetos, como: comunicação nãoverbal, dimensão psicológica, emocional, a resposta alimentar e a monitorização da dor crónica. Neste último aspeto os enfermeiros recorrem fundamentalmente a escalas analógicas (verbal e de faces). Verificou-se que o enfermeiro possui conhecimento acerca das técnicas de alívio da dor, referindo as farmacológicas e não farmacológicas. No entanto, salientam que nem sempre estas estratégias são mobilizadas devido à existência de uma multiplicidade de dificuldades que se estendem desde a alta complexidade de cuidados, a limitação de acesso a opióides ao défice de formação em cuidados paliativos.Ressaltam a necessidade de se melhorar a referenciação dos doentes, maior formação na área de cuidados paliativos e um circuito de informação e comunicação mais eficiente e eficaz. A partir dos discursos verificou-se que existe a necessidade de uma mudança mais efetiva nas políticas governamentais e na saúde em Portugal para que seja capaz de responder às necessidades dos doentes sem perspetiva de cura e com dor crónica, concedendo assim um cuidar centrado na pessoa.
With the existence of a certain void in the offer of personalized and active care to people experiencing the incurability of the disease and chronic pain, Palliative Care is an essential element in modern society in the modern society in providing the patient and family an active support, specialized and humanized, facilitating the relief of suffering and giving him/her the opportunity of preserving his/her dignity. However, the majority of the patients who lack this kind of care, remain hospitalized in health units geared to heal and not to care with an integrated view of the non-curable/with chronic pain person’s multidimensionality.