O processo de morrer no domicílio
Publication year: 2014
A morte e o processo de morrer são ainda nos dias de hoje uma problemática de difícil abordagem que gera nas pessoas uma multiplicidade de sentimentos e uma complexidade de atitudes, que influenciam a postura em todo o processo de cuidar. Quem assume o compromisso de cuidar no domicílio durante o processo de morrer, tem que primeiramente ultrapassar obstáculos pessoais, redefinir prioridades e atender a pessoa como um todo. Tendo por base a temática central deste estudo “O Processo de morrer no domicílio” constitui-se como objectivo: compreender a operacionalização do processo de morrer no domicílio, tendo como finalidade contribuir para a sensibilização da sociedade e comunidade científica para a necessidade de acompanhar o processo de morrer no domicílio, dignificando a morte. Estudo de natureza qualitativa, desenvolvido numa perspectiva fenomenológica, recorreu-se á entrevista semi-estruturada como técnica de recolha de dados em que os participantes eram familiares cuidadores da pessoa em fim de vida que residiam na área de influência do ACES Cávado II Gerês/Cabreira. Os dados obtidos foram submetidos a análise de conteúdo segundo Bardin (2011). Os resultados sugerem que cuidar de um ente querido no domicílio durante o processo de morrer representa para os familiares cuidadores uma actividade imersa em dificuldades e exigências pelo fato de existir uma falta de cobertura assistencial por parte dos cuidados de saúde primários e pela desarticulação existente entre os diferentes níveis de cuidados, estando muitas vezes as famílias entregues a si própria, sem apoio, acompanhamento e atenção. Porém, a maioria dos familiares considera que cuidar no domicílio durante este período da vida, permite-lhes elaborar o seu processo de luto e dignificar a morte. Revelam que algumas pessoas em fim de vida, vivem os seus últimos dias repletos de sofrimento e dor, e procuram adotar estratégias como o toque, a presença contínua, as manifestações afectivas e a comunicação oral, como forma de promover o conforto. Sobressai deste estudo a necessidade de uma mudança no paradigma de cuidar, devendo este ser centrado na pessoa, na família e na satisfação das necessidades desta unidade a cuidar. São necessárias equipas de saúde presentes, disponíveis e dedicadas, com formação em cuidados paliativos para que o processo de morrer no domicílio seja uma realidade.
Nowadays, death and the dying process are still very difficult to address and therefore, creates a multitude of feelings and a complexity of attitudes on people, which influence posture throughout the care process. Who is committed to caring at home during the dying process, must first overcome personal obstacles, reset priorities and meet the person as a whole. Based on the central theme of this study, "The Process of dying at home" the main goal of this thesis is: to understand the operationalization of the process of dying at home, aiming to increase society's and the scientific community's awareness to the necessity of monitoring the process of dying at home, therefore dignifying death. This qualitative study, developed under a phenomenological perspective, resorted to a semi-structured interview as a technique for data collection in which participants were family caregivers of the person at the end of life who lived in the area of influence of the “ACES II Cávado Gerês / Cabreira”. The obtained data were subjected to content analysis according to Bardin (2011). The outcomes from this work suggest that caring for a loved one at home during the dying process is for family caregivers an activity immersed in difficulties and requirements, because there is a lack of health care coverage by primary health care and a disconnection between the different levels of care. As a consequence of this, families are often left on their own, without support, monitoring and attention. However, most families caring at home believes that this period of life allows them to cultivate their grieving process and dignified death. It is revealed that some people live their last days filled with suffering and pain, thus the family adopts strategies such as touch, continuous presence, affective manifestations, oral communication, in order to promote comfort. From this study arises the need for a paradigm shift in care, which must be centred on the person, the family and in meeting the needs of this unit to care. Health teams present, available and dedicated are necessary, trained in palliative care for the dying process at home to become a reality.