Diabetes mellitus: gestão de uma doença crónica num agrupamento de centros de saúde da Região Norte
Publication year: 2014
Durante a última década, muitos países tem vindo a reorientar os seus sistemas de saúde no sentido a incluir, progressivamente, a gestão integrada das doenças crónicas, onde a Diabetes Mellitus (DM) também está inserida. O modelo de gestão de doença crónica (MGDC) tem, frequentemente, constituído o referencial teórico de suporte à ação nesse sentido, sendo o Assessment of Chronic Illness Care (ACIC) o instrumento mais usado na mensuração do seu nível de concretização. Assim, o presente estudo pretendeu: proceder à tradução e validação do ACIC 3.5; caraterizar as diferenças entre as unidades de cuidados de saúde personalizados (UCSP) e as unidades de saúde familiar (USF) relativamente à gestão dos cuidados prestados aos doentes diabéticos; comparar os custos diretos (tratamento em ambulatório) entre as duas tipologias de unidades de saúde e estudar a relação entre os ganhos em saúde inerentes aos valores de hemoglobina glicosilada (HbA1c) e as tipologias das unidades de saúde. Este é um estudo transversal e de natureza exploratório descritivo-comparativo. O ACIC foi aplicado 175 médicos e enfermeiros de um ACES da Região Norte. Para a determinação dos custos e os valores da HbA1c foi consultado o Sistema de Informação da ARS e envolveu registos de 17985 doentes com DM que frequentaram a consulta no período 01/01/2012 a 31/12/2012. Definiu-se o nível de significância de 5%. Em termos de resultados, constata-se que o ACIC versão 3.5 obteve um alfa de Cronbach de 0,958, indicando uma elevada fiabilidade e um coeficiente de Kaiser-Meyer-Olkin de 0.918, demonstrando que os nossos dados apresentam uma excelente adequabilidade à análise fatorial. Não se registaram diferenças estatísticas significativas entre os scores médios do ACIC alcançados nas USF e nas UCSP, ou seja, ambas as tipologias de Unidades garantem apenas um apoio básico às pessoas com DM. No que diz respeito aos custos diretos dos tratamentos em ambulatório, registaram-se diferenças significativas apresentando as UCSP um custo superior às USF. Também nos resultados da HbA1c ≥8%, registaram-se diferenças significativas entre as duas tipologias em análise. Em síntese, as USF evidenciam, no presente estudo, melhores resultados em termos de custos e ganhos em saúde inerentes a pessoas diabéticas, apresentando uma menor percentagem de pessoas com diabetes com a HbA1c ≥8%. Em termos de modelo de gestão de doença crónica aplicados à pessoa diabética e família, as duas tipologias de unidades situam-se ao mesmo nível, deixando antever um longo percurso a fazer, neste domínio.
During the last decade, many countries have been refocusing their healthcare systems in order to progressively include integrated management of chronic illness, in which Diabetes Mellitus (DM) is also included. The chronic care model (CCM) has often been the theoretical support when acting in this regard, and the Assessment of Chronic Illness Care (ACIC) instrument is the most commonly used when assessing levels of achievement. Thus, this study aimed to: undertake the translation and validation of the ACIC 3.5; characterize the differences between the personalized healthcare unities (UCSP) and family health unities (USF) regarding the management of care provided to the diabetic patient; compare direct costs (outpatient treatment) between the two types of healthcare unities and study the relationship between healthcare gains related to the glycated hemoglobin (HbA1c) and the types of healthcare unities. This is a cross-sectional study of exploratory and descriptive-comparative. The ACIC was applied to 175 doctors and nurses in a ACES of the Northern Region. To determine the costs and gains in HbA1c, the ARS Information System´s records were consulted involving 17985 patients with DM who had an appointment during the period between 01/01/2012 and 31/12/2012. The level of significance was defined of 5 %. In terms of results it appears that the ACIC version 3.5 achieved a Cronbach's alpha of 0.958, indicating a high reliability and a coefficient of Kaiser - Meyer - Olkin measure of 0.918, demonstrating that our data showed an excellent suitability for factor analysis. No significant statistically differences were registered between the average scores in the ACIC achieved in the USF and the UCSP, i.e., in both types of unities only basic support was insured to the diabetic patient. With regard to the direct costs of outpatient treatment, there were significant differences with the UCSP presenting higher costs than the USF. With results of HbA1c ≥ 8%, there were significant differences between the two types of unities in question. In summary, the USF shows in this study the best results in terms of costs and healthcare gains inherent to people with diabetes with a lower percentage of diabetics with HbA1c ≥ 8%. In terms of the chronic care model applied to the diabetic patient and family, the two types of unities were situated at the same level, remaining a long road to travel in this area.