O assédio moral na enfermagem: contributos para a gestão organizacional
Publication year: 2014
O presente estudo aborda a temática do assédio moral em enfermagem, através de uma metodologia qualitativa de natureza descritiva fenomenológica. Pretende compreender o contexto laboral em que ocorre o fenómeno, analisar os elementos que directamente nele intervêm e conhecer e dar a conhecer as suas consequências. O critério de selecção dos participantes utilizado foi a amostragem por redes. Foram analisadas seis narrativas de enfermeiros, vítimas de assédio moral no local de trabalho, em instituições de saúde portuguesas, públicas (2) e privadas (4). Os resultados permitem concluir que o assédio moral acontece independentemente das características pessoais ou profissionais da vítima. No entanto, a personalidade da vítima pode ter influência na percepção da vivência. Quanto maior for o número de estratégias utilizadas pelo agressor, maior é a gravidade das consequências para a vítima, com reflexos negativos na sua saúde física e mental, por um lado, e a nível familiar, profissional e sócio-económico, por outro. As vítimas com vínculo laboral estável e maior experiência profissional solicitaram ajuda dentro e/ou fora da instituição, ao contrário dos enfermeiros mais jovens e com vínculo precário. As organizações com práticas de gestão pouco claras (em particular, no que se refere à estrutura organizacional), ausência ou ineficácia de comunicação interna, estilo de liderança autocrática, incapacidade de gestão de conflitos e fomento ou valorização da competitividade doentia são factores que favorecem, dentro da organização, uma cultura e ambiente potenciadores da ocorrência de assédio moral. Considera-se que, como medidas preventivas, é imprescindível a adopção de campanhas de informação e formação, neste domínio, junto dos enfermeiros e dos gestores e/ou administradores das instituições de saúde. Uma reeducação dos valores humanos e laborais, nas organizações, é fundamental para a promoção de uma cultura de respeito e dignidade no local de trabalho.
The present study analysed the issue of mobbing in nursing with a qualitative research method using descriptive phenomenology. The aim was to comprehend the occupational situation in which it occurs the phenomenon, analyze the elements that are directly interrelated and perceive and apprise the resulting consequences. Participants were selected through network sampling. Six narratives from nurses who had been victims of moral harassment in the workplace, in Portuguese health institutions, both public (2) and private (4) were analysed. Results suggest that mobbing takes place independent of the victim’s professional or personal characteristics. Nonetheless, the victim’s personality may influence their perception of the incident. The greater the number of strategies employed by the aggressor, the greater the seriousness of the effects for the victim with negative consequences to their mental and physical well-being, as well as to their family life, professional interaction and socioeconomic status. Victims who have a stable occupational situation and greater professional experience will request counselling assistance from the actual health institution or from an external entity, as opposed to younger nurses who have a precarious position. Factors which encourage moral harassment within an organization include poor management (in particular with respect to their organizational structure) ineffective internal communication, an autocratic leadership, the inability to deal with conflicts and the encouragement or enhancement of unfair competition. Providing information campaigns and training programs for nurses, managers and/or administrators of health institutions on the issue are indispensable preventive measures. The reeducation of human and occupational values in organizations is fundamental to promote a workplace culture of respect and dignity.