O Enfermeiro e a morte de um doente em cuidados continuados
Publication year: 2013
A morte é um acontecimento universal, inevitável e inexorável que está presente em qualquer fase do ciclo vital no nosso quotidiano. Assim, assistimos a esta de um modo mais ou menos passivo, mas sem que tal constitua motivo de indiferença. Este acontecimento é uma constante no quotidiano dos enfermeiros e potencia, não raras vezes reflexões profundas sobre a vida e sobre o seu culminar. Tendo presente esta realidade, consideramos importante realizar um estudo com o tema: “O enfermeiro e a morte de um doente em cuidados continuados”, visando conhecer a forma como os enfermeiros vivenciam o processo de morrer e o contacto com a morte de um doente em cuidados continuados de modo a contribuir para uma melhor intervenção neste domínio.
Este estudo foi desenvolvido numa unidade de cuidados continuados e definimos como objetivos específicos:
perceber o significado da morte para o enfermeiro; identificar os sentimentos vivenciados pelo enfermeiro perante a morte de um doente em cuidados continuados; identificar as estratégias mobilizadas pelos enfermeiros para lidarem com a situação da morte de um doente em cuidados continuados e as repercussões na vida dos enfermeiros. Optamos por um estudo de natureza qualitativa do tipo descritivo simples com características fenomenológicas. Os dados foram colhidos através da entrevista semiestruturada e analisados através da técnica de análise de conteúdo segundo Bardin (2011). Os resultados obtidos permitiram-nos perceber que a morte é uma experiência real que atinge significativamente o enfermeiro e que despoleta diversos sentimentos nomeadamente de tristeza, de impotência, de incerteza, de frustração, de revolta, de missão cumprida/satisfação e de alívio e com repercussões na vida pessoal e na vida profissional do enfermeiro.A vivência desta situação é influenciada por diversos fatores que se podem constituir com facilitadores e dificultadores:
os centrados no próprio, na organização dos cuidados e nas reações da família. Foi possível ainda observar que os enfermeiros mobilizam diversas estratégias que os ajuda na situação de morte de um doente, tais como: o controlo de emoções, a procura de sentido para a morte, a partilha, o dar apoio e o cuidar de outros doentes. Emergiram sugestões que atribuem particular importância ao desenvolvimento de competências no âmbito do cuidar e à partilha de relatos das experiências sobre a morte de um doente. Neste sentido, perspetivamos mudanças que impliquem um maior investimento na formação dos profissionais neste domínio e um maior envolvimento da família nos cuidados fomentado espaços de reflexão que ajudem a aproximar o cuidador da pessoa cuidada
Death is a universal, unavoidable and inexorable event which is present in any phase of the vital cycle of our quotidian. That is why we see it in a slightly passive but not indifferent way. This event is constant in the everyday life of nurses and it leads, on several occasions, to deep reflexions on life and its culminate. Keeping this reality in mind, we consider important to perform a study on the theme: The nurse and the death of patients in continuing care aiming to identify the way nurses experience the process of dying and the contact with the death of a patient in continuing care so as to contribute to a better intervention in this domain.