Saúde, sexualidade e educação sexual em adolescentes do Alto Minho
Publication year: 2013
A sexualidade como energia indiscutivelmente presente no ser humano, apesenta-se não só como fenómeno físico, mas também como um fenómeno social e psicológico, que deve ser compreendido como universal e situado no âmbito e nas regras da cultura onde vivem os indivíduos (Paiva,1996) A importância da educação sexual é hoje uma realidade aceite e compreendida como fundamental e necessária. É reconhecida a sua importância, quer no âmbito da formação da personalidade, quer do desenvolvimento do indivíduo no seu todo. Deve ser compreendida numa perspetiva holística, no âmbito dos conceitos de Educação e de Saúde, revestindo-se do propósito de educar os adolescentes para a vivência de uma sexualidade saudável, centrando-se no diagnóstico das necessidades dos adolescentes nesta área e apoiando-se na articulação dos diferentes agentes educativos. Tendo por base o referido, o presente estudo tem como objetivo identificar as atitudes conhecimentos e comportamentos sexuais dos adolescentes e observar fatores determinantes dos mesmos, evidenciando o papel relevante da família no processo de educação para a sexualidade. Apresenta-se como estudo de abordagem quantitativa, de carácter descritivo transversal. Os dados foram obtidos através de um questionário de autopreenchimento. A recolha de informação decorreu no período de Maio a Junho de 2012, tendo sido inquiridos para o efeito 360 adolescentes escolarizados com idades compreendidas entre os 15 e 19 anos. As dimensões em análise foram o conhecimento e comportamento na área da sexualidade, as atitudes sexuais e a relação dos adolescentes com os pais. A análise dos resultados quantitativos possibilita identificar que os rapazes apresentam menos conhecimentos corretos que as raparigas, que a idade de iniciação sexual dos adolescentes varia tendo em conta o sexo, por volta dos 14 anos para os rapazes e 16 anos para as raparigas. Permite ainda verificar que os rapazes apresentam-se mais favoráveis ao sexo ocasional e que a perceção das atitudes parentais, nomeadamente na dimensão do Controlo, parece influenciar a iniciação sexual dos adolescentes, assim como a dimensão de amor parece interferir com a posição dos adolescentes face ao sexo ocasional/sexo sem compromisso, verificando-se que os adolescentes que percecionam mais Controlo, por parte dos pais, iniciam as relações sexuais mais tarde, e os adolescentes que percecionam mais amor, não são tão favoráveis ao sexo ocasional / sexo sem compromisso. Estes resultados apresentam-se importantes, na medida em que permitem refletir sobre as práticas na área da educação para a sexualidade junto dos adolescentes, por parte dos vários agentes educativos, promovendo a reflexão conjunta no sentido de definir estratégias articuladas por parte da escola e serviços de saúde, com especial envolvimento da família.
There are no doubts that sexuality is part of human beings’ life. It is not only a physical, but also a social and psychological phenomenon that should be simultaneously understood as being dependent on specific contexts, such as individuals’ cultural context and inherent rules (Paiva, 1996). Education for sexuality has been increasingly recognised by academics and professionals as critical and necessary to individuals’ development, specifically in terms of personality (Frade, Marques, Alverca & Vilar, 2001; GTES, 2005). Education for sexuality is a broader subject and it involves different areas of investigation and participants and/or parties (e.g. school and family). Thus, in order to be fully understood, education for sexuality should be understood in a holistic perspective including Education and Health concepts and the perspective of the different parties involved. Thus, and given the above, this study considers these two areas of investigation and its purpose is twofold. First, the study aims to identify teenagers’ knowledge, attitudes, and behaviours with regard to sexuality. Second, the purpose is to determine the influencing factors on teenagers’ knowledge, attitudes, and behaviours with regard to sexuality. This study adopts a quantitative research approach. Data was collected through a self-completion questionnaire between May and June 2012 from 360 teenagers, more specifically from secondary school students whose age ranged from 15-19 years old. With regard to students’ knowledge, the results indicate that male respondents have less knowledge about “correct practices” than female respondents. In addition, regarding sexual behaviours, male respondents tend to initiate their sexual behaviours earlier than female respondents and they are more favourable (attitudes) to casual sex than female students. Also, the results indicate that teenager’ perceptions about their parents’ attitudes, especially regarding control and love-related attitudes, seem to be related to teenagers’ behaviour in relation to causal sex/sex without commitment. Those students that perceived their parents having more controlling attitudes indicated that they initiated their sexual behaviour later than those who perceived less controlling attitudes. Additionally, those teenagers that perceive more love from their parents were not so favourable to casual sex/sex without commitment as those students that perceived less love from their parents. At a practical level these results are important to those involved in education for sexuality aiming at teenagers as they allow a more thorough evaluation of what is the current situation with regard to teenagers’ perceptions, attitudes, and behaviour towards sexuality. In addition, based on these results, future plans and actions could be developed by the different involved parties, namely school, health services and family, with the latter having a key role on education for sexuality. By identifying teenagers’ needs and informing them in relation to this issue, education for sexuality can influence them to choose a healthy sexuality in the future.