Implementação do programa "cirurgias seguram salvam vidas"
Publication year: 2012
A preocupação com a segurança do utente do foro cirúrgico tem sido crescente, devido à elevada frequência de erros e eventos adversos, que muitas vezes poderiam ser prevenidos, traduzindo-se em consequências dramáticas para utentes, profissionais de saúde e instituições. A Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations propôs, em 2003, um Protocolo Universal direcionado para a segurança do utente cirúrgico. Nesse seguimento, quatro anos depois, a Organização Mundial de Saúde (OMS), iniciou um programa denominado “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”, recomendando a utilização de uma Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica (LVSC), que inclui algumas tarefas e procedimentos básicos de segurança e do Apgar cirúrgico. Em Portugal, foram dados os primeiros passos, através da Direção Geral de Saúde (DGS), que determinou a implementação do referido programa em todos os blocos operatórios do Sistema Nacional de Saúde, não existindo até ao momento dados concretos acerca da efetiva implementação da circular normativa emanada em meados de 2010. O presente trabalho de projeto ambiciona contribuir para a consolidação de uma cultura de segurança e indução de boas práticas, implementando as orientações recomendadas pela OMS e DGS em todas as intervenções cirúrgicas do bloco operatório central (BOC) e de ambulatório (BA) da Instituição de Saúde em Estudo (ISE),localizada na Região Norte. Fomentadas as condições necessárias, a ISE propôs-se partir para a diferenciação positiva, eliminando a cultura “tarefeira” que muitas organizações insistem em perpetuar. Neste contexto, a abordagem da mudança planeada, sugerida no âmbito deste trabalho de projeto, opera-se nos termos do ciclo da qualidade (PDCA), através do diagnóstico da situação, da ação para resolver os problemas detetados, da avaliação dos efeitos dessa intervenção e da possibilidade da implementação de medidas corretivas. Foram efetuadas todas as diligências no sentido de implementar a LVSC, tendo a aplicação decorrido no período entre 19 de Julho e 19 de Setembro de 2011. Porém, face a problemas de cariz informático, pese embora se tenha aplicado a LVSC nos dois blocos, apenas foi possível aceder aos dados do BOC. Numa cultura de melhoria contínua da qualidade, informou-se a DGS do problema detetado a nível da plataforma informática, na medida em que a mesma não permitia consultar as listas realizadas, constrangimento com implicações consideráveis no ritmo e estádio de desenvolvimento do trabalho. Os principais problemas, que emanam do diagnóstico de situação, no BOC, dizem respeito à adesão à LVSC, cujo percentual de realização se situa nos 24% (242) e sua incorreta utilização nos diferentes momentos preconizados em 43,4% (86). A marcação do local cirúrgico, quando aplicável, apenas está presente em 22,7% (55) sendo o percentual da não marcação superior em cerca de 8%. A administração de profilaxia antibiótica e tromboembólica, bem como a consulta de exames durante o ato operatório são também questões de relevo na análise dos resultados. Destacam-se ainda aspetos relativos à comunicação escrita (necessidade de obter resposta a todos os itens da lista e a transmissão de informação pertinente acerca do utente/procedimento cirúrgico) e à falta de apropriação, na íntegra, do conceito de segurança por parte da equipa multidisciplinar. Após a apresentação dos resultados, procurar-se-á negociar a execução de medidas corretivas, de forma a manter o envolvimento da equipa, estimulando o seu interesse e motivação, assegurando assim a continuidade do projeto.
The concern for patient safety in surgery forum has been growing due to the high frequency of errors and adverse events, which could often be prevented, resulting in dramatic consequences for users, health professionals and institutions. The Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations proposed in 2003, a Universal Protocol oriented to the patient surgery safety. Following this, four years later, the World Health Organization (WHO) initiated a program called "Safe Surgery Saves Lives", recommending the use of a Surgical Safety Checklist (SSC), which includes some tasks, basic safety procedures and the surgical Apgar. In Portugal, the first steps, are taken through the Direção Geral de Saúde (DGS), which led to the implementation of this program in all operating blocks of the National Health System, till now there are no concrete data about the effective implementation of the circular regulations created in mid-2010. This research project aspires to contribute to the consolidation of a safety culture and induction of good practice, implementing the guidelines recommended by WHO and DGS in all surgical interventions of the central operating block (COB) and outpatient block (OB)of the Institution of Health in Study, located in the north of the country. Promoted the necessary conditions, the Institution of Health in Study has been proposed to differentiate positively from eliminating the culture of "taskers" that many organizations insist on perpetuating. In this context, the approach of planned change, proposed under this work project, operates in terms of the quality cycle (PDCA), through the diagnosis of the situation, action to solve the problems identified, the assessment of the effects of this intervention and the possibility of implementing corrective measures. All efforts were made to implement the SSC, the application was implemented between the 19thJuly to the 19thof September 2011. However, due to computer problems, although the SSC was applied in the two blocks, it was only possible to access data from COB. In a culture of continuous quality improvement, it was reported the DGS about the detected problem in the IT platform, it not allowed to consult the lists made, causing considerable implications in the rhythm and level of work development. The main issues resulting from the diagnostic of the situation, in COB, concern the access to SSC, whose percentage stands at 24% (242) and its incorrect use at different times at 43.4% (86). The arrangement of the surgical place, when applicable, is only present in 22.7 % (55) while the percentage of not arranging is superior in 8 %. The administration of antibiotic and thromboembolic prophylaxis and the verification of exams during the surgical act are also relevant issues in the analysis of results. We also highlight aspects of written communication (need to get answers to all the list items and the transmission of relevant information about the patient / surgical procedure) and the lack of assimilation of the security concept by the multidisciplinary team. After the presentation of results, negotiations will be developed to the implementation of corrective measures, in order to maintain the involvement of the team, stimulating their interest and motivation, thereby ensuring the continuity of the project.