Avaliação do conhecimento, atitude e prática de gestantes sobre incontinência urinária: estudo observacional

Publication year: 2020

O estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento, atitude e prática (CAP) de gestantes sobre Incontinência Urinária (IU), identificar a prevalência de IU durante a gestação, avaliar o impacto dessa condição na qualidade de vida das gestantes e identificar os fatores associados ao CAP inadequadas de gestantes em relação à IU. Trata-se de um estudo transversal, envolvendo 237 gestantes, selecionadas por conveniência, que realizavam pré-natal em dois ambulatórios vinculados a Universidade Federal do Ceará (UFC). A coleta de dados aconteceu no período de maio a novembro de 2019, por meio de formulário eletrônico contendo dois instrumentos. O primeiro com questões relacionadas aos dados sociodemográficos e obstétricos e avaliação das perdas urinárias; e o segundo direcionado para avaliação do CAP sobre IU. Os dados foram analisados por meio do IBM SPSS® Statistics versão 20.0 para Windows, utilizando-se o Teste de Qui-quadrado para as variáveis dicotômicas e teste T para variáveis intervalares. O projeto foi submetido e aprovado no Comitê de Ética em pesquisa da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, com número de parecer 3.284.173 e respeitou as normas da resolução nº466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A amostra foi composta por mulheres com idade entre 18 a 43 anos, sendo a maioria casada ou em união estável (86,1%) e com ensino médio completo (50,6%). A prevalência de IU foi 49,3%, com frequência mínima de perda urinária de 2 a 3 vezes por semana (50%), em “pequena quantidade” (84,2%) e com baixo impacto na qualidade de vida (Md: 4,0±3,6 pontos). Em relação à avaliação do CAP, a maioria apresentou conhecimento (89,6%) e prática tanto para prevenir (89,2%) como para tratar (78,8%) inadequados. Mais da metade das gestantes reconheceu a IU como um problema (55,2%) que acomete mais mulheres (91%) e que pode ocorrer em alguma fase da vida (91%). Na gestação, a maioria (57,2%) considerou normal a perda urinária. Muitas gestantes já tinham ouvido falar sobre IU (84,8%), contudo, baixos percentuais de acerto foram detectados em relação ao conhecimento dos fatores de risco (46,8%), da prevenção (43,8%) e do tratamento da IU (42,8%). Dentre aquelas que apresentavam IU (49,2%), apenas 21(21,2%) buscaram ajuda profissional. Apesar disso, a atitude foi avaliada como adequada para maioria das mulheres (98,5%). A maioria referiu sentir-se muito à vontade para reportar a queixa de IU ao profissional de saúde (92,0%) mesmo que este fosse do sexo masculino(80,1%) e praticamente todas (99,0%) reconheceram o pré-natal com um momento adequado para conversar com um profissional de saúde sobre formas de evitar ou tratar a perda de xixi. Não receber orientações sobre preparo do períneo para o parto durante o pré-natal (p=0,019), possuir escolaridade baixa (p<0,001), quadros mais leves de IU (p=0,027) e ser gestante de alto risco (p=0,004) estiveram associados à prática inadequada. Ausência de orientações sobre o preparo do períneo também esteve associado ao conhecimento inadequado sobre IU (p<0,001). Nenhuma variável apresentou associação com a atitude ou prática (prevenção) inadequadas e apresentar conhecimento inadequado esteve associado à prática para tratamento inadequada (p=0,019). Conclui-se que o conhecimento sobre as causas, formas de prevenir e tratar a IU é insuficiente e interfere na prática para gerenciar essa condição. Apesar de apresentar elevada prevalência na gestação a temática ainda é pouco abordada durante esse período e até mesmo mulheres que já buscaram ajuda profissional não receberam orientação adequada, evidenciando a necessidade de elaboração de intervenções direcionadas à essa população e focadas, especialmente, nos fatores estão associados ao CAP inadequados. (AU)