Vivência dos pais durante a hospitalização do seu recém nascido prematuro

Publication year: 2013

Hoje assiste-se ao aumento do nascimento de bebés prematuros e os pais são confrontados com algumas dificuldades e constrangimentos aquando do nascimento do seu filho prematuro.

O tema do nosso trabalho surgiu da nossa prática profissional em Neonatologia e tem como objetivos:

conhecer as vivências dos pais face à hospitalização do seu recém-nascido prematuro, compreender os sentimentos vivenciados pelos pais perante o nascimento antecipado de um filho e refletir sobre a influência da hospitalização na adaptação à parentalidade. Para a concretização desta investigação desenvolvemos um estudo de natureza qualitativa, do tipo exploratório-descritivo, através de amostra não probabilística. Para a obtenção dos dados utilizamos a entrevista semiestruturada dirigida a 12 pais que tiveram o filho internado na unidade de cuidados intensivos neonatais. A análise das entrevistas realizou-se recorrendo à análise de conteúdo de acordo com Bardin (2009) e Amado (2000).

Da análise efetuada surgiram sete categorias:

impacto do nascimento prematuro, sentimentos/ emoções dos pais, parentalidade face à hospitalização de um filho, acontecimentos marcantes relacionados com o R.N., apoios recebidos, opinião face à hospitalização e aspectos a melhorar. Os resultados revelam que na perspetiva dos pais o nascimento de um filho prematuro conduz a uma reestruturação da vida familiar, pois é um marco na vida pessoal/ familiar destas famílias. Reportam como significativo os acontecimentos marcantes relacionados com o R.N., o momento do regresso a casa com o R.N. e a comunicação de más notícias. Verificamos uma ambivalência de sentimentos nos pais, pela expressão de medo ou tristeza, mas também de alegria e tranquilidade. Sobressaiu também que a hospitalização influencia a adaptação à parentalidade pois constitui impedimento à relação e vinculação mãe/pai filho. Os pais referem de forma positiva os apoios recebidos por parte dos profissionais e da família. No geral os pais sentem-se satisfeitos com os cuidados prestados na unidade. Concluímos que este trabalho sugere pistas importantes para a reflexão dos profissionais de saúde de modo a fortalecerem medidas de humanização dos processos de adaptação à doença do filho prematuro e da promoção do papel parental.
Nowadays we are witnessing an increase in the birth of premature babies and parents are faced with some difficulties and embarrassments on the birth of their premature baby.

The theme of our work came from our professional practice in neonatology and its aims are to:

know the experiences of parents who are faced with the hospitalization of their premature newborn, understand the feelings experienced by parents when the birth of their child is anticipated, and ponder on the influence of the hospitalization in the adaptation to parenthood. For the completion of this research we developed a qualitative study, exploratory and descriptive, using a non-probability sample. To obtain the data we used semi structured interviews addressed to 12 parents, whose children had been admitted to the neonatal intensive care unit. The data analysis of the interviews was performed using the content analysis according to Bardin (2009) and Amado (2000). From this analysis, seven categories emerged: the impact of a premature birth, feelings / emotions of parents, parenting throughout the hospitalization of a child, significant events related to the newborn, support received, opinion related to hospitalization and areas for improvement. The results reveal that in the parents’ point of view, the birth of a premature child leads to a restructuring of family life, as it is an important period in the personal and family life. The moment of the newborn going home and communicating bad news are reported as the most important and significant events to newborn. We observed an ambivalence of feelings in parents as fear, sadness, but also joy and tranquillity. It also stood out that hospitalization influences the adaptation to parenthood as being an obstacle to the relationship and bonding of the mother/father with the baby. Parents appreciate the support received from professionals and family. Overall parents feel satisfied with the care provided in the unit. We conclude that this study suggests important clues for the reflection of health professionals in order to strengthen measures to humanize the process of adaptation to the illness of their premature child and to promote the parental role.