Avaliação de estratégias para detecção precoce do câncer de mama em mulheres atendidas na atenção básica em saúde: enfoque na estrutura e processo do serviço
Publication year: 2019
No que se refere à Saúde da Mulher, o câncer de mama merece destaque por ser o mais incidente, com exceção dos de pele não melanoma, e também por sua magnitude. Estudos avaliativos são importantes para direcionar tomada de decisões pelos gestores de saúde com o objetivo de desenvolver estratégias que possibilitem enfrentar problemas que vão de encontro à qualidade da assistência. Percebe-se que é importante o planejamento e a implantação de Políticas Públicas na Atenção Básica, mas também a avaliação desses programas com seus consequentes resultados. Diante disso, decidiu-se avaliar ações de controle do câncer de mama, em mulheres pertencentes à população-alvo para essa neoplasia, na Atenção Básica de Saúde. A tríade estrutura-processo-resultado é uma importante ferramenta para avaliar a qualidade de serviços de saúde. A qualidade do cuidado se baseia em três componentes, ou seja, estrutura, processo e resultados. Trata-se de um estudo do tipo avaliativo com coleta realizada no ano de 2018 no município de Fortaleza, em Unidades de Atenção Primária em Saúde (UAPS). A amostra constituiu-se de 06 gestores das UAPS selecionadas, sendo aplicado a esses um questionário de avaliação da estrutura e processo, tendo como apoio instrumentos relacionados ao Programa Nacional da Melhoria do Acesso e Qualidade (PMAQ) e também 400 mulheres atendidas nessas unidades, através de formulário de identificação de ações de detecção precoce do câncer de mama. Os dados foram apresentados em tabelas e gráficos utilizando o programa estatístico R-35-1 e o Teste de Qui-quadrado de Pearson. Na aplicação do instrumento com gestores, com relação à estrutura, observou-se que as unidades encontram-se em conformidade em muitos critérios avaliados, como ambiência, com satisfatória iluminação e privacidade, identificação e sinalização de serviços oferecidos à população, salas com computadores e internet, telefone, sala de acolhimento e materiais que não costumam faltar na rotina, estando em conformidade ao recomendado. Apesar da estrutura ter sido bem avaliada na concepção dos gestores que participaram do estudo, alguns itens ainda apresentam não conformidade, como a identificação dos profissionais pelo uso de crachás, sinalização para pessoas com deficiência, veículo próprio na unidade, salas de espera com lugares suficientes, médicos em todas as equipes. No que se refere ao processo, apesar de ações direcionadas ao câncer de mama serem realizadas, observou-se que ainda existem dificuldades em algumas questões avaliadas: reuniões em equipe acontecem, mas não em periodicidade recomendada, existe o registro de informações com protocolos de exames de rastreamento, mas ainda falta fluxo eficaz de referência e contra referência. Com relação aos resultados, a média das entrevistadas foi de 58,8 anos, a maioria casada (38,2%), com ensino fundamental 1 completo ou fundamental 2 incompleto (31%), que não mantinham ocupação no momento (48,3%) e também que não possuíam plano de saúde (89,8%). Quanto ao Exame Clínico das Mamas (ECM) a maioria referiu não realizar anualmente (56,3%). Ressalta-se que todas as entrevistadas deveriam, segundo recomendações ministeriais, realizá-lo a cada ano. Não se pode deixar de ressaltar o aumento no número de ECM realizados nos dois últimos anos e sua estreita relação durante os exames de prevenção ginecológica. Com relação à mamografia, apesar da maioria ter recebido solicitação do exame (55,3%), ainda é significativo as que não receberam. Remarcações e faltas não são comuns. Com relação à associação de variáveis, a escolaridade foi a que mais obteve significância relacionada à realização do Exame Clínico das Mamas, intervalo para realização da mamografia, dentre outros. Com o estudo concluiu-se que apesar de melhorias, estrutura e processos devem ser revisados, assim como é necessário um melhor direcionamento de ações voltadas aos profissionais e às mulheres do grupo alvo para qualificar as ações preconizadas pelo protocolo brasileiro e consequentemente ao controle do câncer de mama. O estudo servirá de subsídios para o desenvolvimento de novas pesquisas acerca da temática, assim como para o planejamento de estratégias, por gestores e profissionais da Atenção Básica, visando a melhoria da assistência voltada ao controle dessa neoplasia. (au)