Perceção dos enfermeiros em exercício de funções em unidades de cuidados paliativos sobre a intervenção da enfermagem de reabilitação

Publication year: 2017

Enquadramento:

A intervenção regular do enfermeiro especialista em enfermagem de reabi-litação, quer para capacitar os doentes para desenvolverem determinadas técnicas, quer para desenvolver a recuperação, adaptação ou manutenção da sua capacidade funcional, assume grande relevância nas unidades de cuidados paliativos.

Objetivo:

Identificar se a intervenção do enfermeiro especialista em enfermagem de reabilita-ção é considerada uma mais-valia nas unidades de cuidados paliativos.

Métodos:

Estudo quantitativo, transversal, descritivo e correlacional. Utilizou-se o questioná-rio como instrumento de recolha de dados, composto por questões de caracterização sociode-mográfica, profissional, contextuais dos cuidados paliativos, Escala dos termos mais signifi-cativos da Qualidade de Vida em Cuidados Paliativos, questões relativas à perceção dos enfermeiros sobre a intervenção do enfermeiro de reabilitação em contexto de cuidados palia-tivos. A amostra é constituída por 79 enfermeiros a exercerem funções em unidades de cuida-dos paliativos.

Resultados:

Os enfermeiros deste estudo, têm, na sua maioria, uma perceção positiva face aos contributos do enfermeiro de reabilitação junto dos doentes paliativos (ensino e treino sobre técnicas da tosse, controlo da dor através de estratégias não farmacológicas, execução de exercícios musculo-articulares passivos, execução de exercícios musculo-articulares passi-vos e assistidos, diminuição do risco de rigidez articular, ensino e treino sobre estratégias adaptativas para se transferir, ensino e treino de técnicas adaptativas para deambular, ensino de cuidados sobre prevenção de quedas). Os enfermeiros com uma opinião adequada dos cui-dados paliativos revelam-se mais favoráveis à intervenção do enfermeiro de reabilitação na área (p=0,040). As enfermeiras, os participantes mais novos, com companheiro(a), que pos-suem mestrado, com formação pós-graduada, com menos tempo de serviço, que possuem formação em cuidados paliativos, com 2-5 anos de experiência profissional em cuidados paliativos, os que exercem na função pública e os que admitem já ter exercido funções com o enfermeiro de reabilitação, ao longo da sua experiência profissional, manifestam uma perce-ção mais favorável à intervenção do enfermeiro de reabilitação em cuidados paliativos, mas sem relevância estatística.

Conclusão:

Face à opinião positiva dos enfermeiros que constituem a amostra deste estudo em relação à intervenção do enfermeiro de reabilitação junto dos doentes paliativos, devemos despertar consciências para a mais-valia que é ter um enfermeiro com a especialidade de rea-bilitação nas unidades de cuidados paliativos. É importante ter acesso a cuidados diferencia-dos, específicos e altamente complexos que a reabilitação proporciona levando à melhoria da qualidade de vida, influenciando diretamente os domínios que a avaliam, e oferecendo aos doentes paliativos a possibilidade de ter acesso às suas intervenções. Em cuidados paliativos não devemos pensar no que a reabilitação pode fazer pelos doentes mas sim, o que os doentes querem que a reabilitação faça por eles e esta tem de adaptar as suas intervenções ao que o individuo necessita a cada momento.

Background:

The regular intervention of the nurse specialist in rehabilitation nursing, either to enable patients to develop certain techniques or to develop recovery, adaptation or mainte-nance of their functional capacity, is of great importance in palliative care units.

Objective:

To identify if the intervention of the nurse specialist in rehabilitation nursing is considered an asset in the palliative care units.

Methods:

Quantitative, transversal, descriptive and correlational study. The questionnaire was used as a data collection instrument, composed of sociodemographic, professional, con-textual aspects of palliative care, a scale of the most significant terms of Quality of Life in Palliative Care, questions related to the perception of nurses on the intervention of the rehabil-itation nurse in the context of palliative care. The sample is made up of 79 nurses working in palliative care units.

Results:

The nurses in this study have, for the most part, a positive perception regarding the contributions of the rehabilitation nurse to the palliative patients (teaching and training on cough techniques, pain control through non-pharmacological strategies, passive and assisted musculoskeletal exercises, reduced risk of joint stiffness, teaching and training on adaptive strategies to transfer, teaching and training of adaptive techniques for walking, teaching of fall prevention care). Nurses with adequate opinion of palliative care are more favorable to the intervention of the rehabilitation nurse in the area (p = 0.040). Nurses, the youngest partici-pants, with a post-graduate master's degree, with a shorter period of service, who are trained in palliative care, with 2-5 years of professional experience in palliative care , those in the public service and those who admit that they have already performed functions with the reha-bilitation nurse, throughout their professional experience, manifest a more favorable percep-tion of the intervention of the rehabilitation nurse in palliative care, but without statistical rel-evance.

Conclusion:

In view of the positive opinion of the nurses who constitute the sample of this study in relation to the intervention of the rehabilitation nurse in the palliative patients, we should raise awareness for the added value of having a nurse with the specialty of rehabilita-tion in the units of palliative care. It is important to have access to differentiated, specific and highly complex care that rehabilitation provides leading to improved quality of life, directly influencing the domains that evaluate it, and offering palliative patients the possibility of ac-cess to their interventions. In palliative care we should not think about what rehabilitation can do for the patients, but what the patients want rehabilitation to do for them and the rehabilita-tion must adapt their interventions to what the individual needs at each moment.