Qualidade de vida em mulheres adultas mastectomizadas

Publication year: 2017

Enquadramento:

O cancro da mama é, atualmente, a patologia oncológica com maior incidência na mulher a nível mundial. Embora o seu tratamento seja cada vez mais eficaz, na maioria dos casos acarreta perda de funcionalidade associada à morbilidade física e emocional, com impacto direto na qualidade de vida da mulher. Conhecer quais as determinantes que interferem neste contexto, permite aos enfermeiros de reabilitação dotarem-se de competências que promovam a recuperação destas mulheres.

Objetivos:

Avaliar o impacto da mastectomia na qualidade de vida da mulher, compreendendo a relação existente entre as determinantes sociodemográficas, clínicas e psicossociais e a qualidade de vida. Métodos/Procedimentos: Realizou-se um estudo quantitativo, transversal, descritivo e correlacional, utilizando uma amostra não probabilística por conveniência, constituída por 43 mulheres submetidas a mastectomia do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro – Unidade de Vila Real, seguidas em consulta de folow up de cirurgia e cirurgia oncológica. O questionário utilizado na recolha dos dados integrava três secções de caracterização sociodemográfica, clínica e psicossocial. Foram, ainda, utilizadas a Escala de Funcionalidade Familiar, a EORTC - QLQ-C30 com o suplemento BR23 e a escala da Incapacidade do braço, ombro e mão (DASH), todas testadas e validadas em Portugal.

Resultados:

A amostra era constituída por 43 mulheres submetidas a mastectomia com média de idade de 49,6 anos, casadas na sua maioria (74,4%), detentoras de curso superior (34,9%) e com rendimento mensal médio que variava entre 501€ e 1000€ mensais (37,2%). Constatou-se que 62,8% destas mulheres foi submetida a cirurgia mamária com esvaziamento axilar e que 69,8% realizou mais que um tratamento adjuvante. Referiram sentir dor “algumas” vezes (39,5%), e quanto a amplitude de movimento do ombro homolateral à cirurgia, verificou-se uma perda entre 10 e 22º nos movimentos de adução horizontal, abdução, flexão e extensão, e 77,7% das mulheres não realizou qualquer programa de reabilitação pós-cirúrgica. Constatou-se que a amostra evidenciava uma “boa” qualidade de vida na generalidade (M=58,13), com uma moderada funcionalidade e baixa sintomatologia, contudo, a incapacidade do braço, ombro e mão está mais presente, evidenciando uma incapacidade moderada (M=47,07). Constatou-se que a idade, a cirurgia com esvaziamento axilar, a dor, a força e a amplitude de movimento do ombro são, para estas mulheres, as determinantes significativas (p<0,05) na sua qualidade de vida.

Conclusões:

Apesar do número reduzido da amostra, os resultados evidenciam o impacto das determinantes clínicas na qualidade de vida destas mulheres, constituindo-se, assim, como o campo de intervenção do enfermeiro de reabilitação.

Background:

Breast cancer is currently the oncological pathology with higher incidence on women worldwide. Though its treatment is increasingly more effective, in most cases it implies loss of functionality, associated to physical and emotional morbidity, with direct impact on the women's quality of life. Knowing which determinants interfere in this context, allows rehabilitation nurses to acquire skills that promote the recovery of these women.

Objectives:

Assessing the impact of mastectomy in the quality of life of women, by understanding the existing relation between socio-demographic, clinical and psychosocial determinants and the quality of life. Methodology/Procedures: A quantitative, transversal, descriptive and correlational study has been conducted, using a non-probabilistic convenience sample, consisting of 43 women subject to mastectomy at the Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro - Unidade de Vila Real, accompanied in surgery and oncological surgery follow up consultation.

The questionnaire used in data collection included three sections:

sociodemographic, clinical and psychosocial characterization. The Family Assessment Device, EORTC - QLQ-C30 with supplement BR23 and the Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand (DASH), all tested and validated in Portugal, were also used.

Results:

The sample consisted of 43 women who had undergone mastectomy, with average age of 49.6 years old, mostly married (74.4%), with a college degree (34.9%), and an average monthly income ranging from 501€ to 1000€ (37.2%). It was found that 62.8% of these women underwent breast surgery with axillary dissection and that 69.8% held more than one adjuvant treatment. Women referred feeling pain “a few” times (39.5%), as for the range of motion of the shoulder ipsilateral to surgery there has been a loss between 10 and 22o in horizontal adduction, abduction, flexion and extension movements, and 77.7% of women did not carry out any post-surgery rehabilitation program. It was found that the sample evidenced a good quality of life in general (M=58.13) with moderate functionality and low symptomatology, however, arm, shoulder and hand disability is more present, showing a moderate disability (M=47.07). It was found that age, surgery with axillary dissection, pain, strength and the range of movement are, for these women, the significant determinants (p<0,05) in their quality of life.

Conclusions:

Despite the reduced number of the sample, results show the impact of clinical determinants in the quality of life of these women, constituting, therefore, the field of intervention of the rehabilitation nurse.