Prevalência e determinantes das perturbações músculo-esqueléticas na grávida

Publication year: 2017

Introdução:

As perturbações músculo-esqueléticas (PME) são cada vez mais frequentes durante a gravidez, podendo incapacitar a grávida para o trabalho e atividades de vida diária, diminuindo assim a sua qualidade de vida.

Objetivos:

O presente estudo tem como objetivos identificar a prevalência de perturbações músculo-esqueléticas em grávidas e analisar associações entre variáveis sociodemográficas, antropométricas e circunstanciais.

Método:

Trata-se de um estudo não experimental, transversal, descritivo-correlacional e de caráter quantitativo, que envolveu 113 grávidas seguidas no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Foi realizado com recurso a um questionário que avalia as variáveis sociodemográficas, antropométricas e circunstanciais. Recorreu-se à Escala de Apgar Familiar para analisar a funcionalidade familiar. Integra ainda o “Questionário Nórdico Músculo-Esquelético” para avaliar as perturbações músculo-esqueléticas.

Resultados:

Os dados mostram que 27,3% das grávidas apresentam efetivamente perturbações músculo-esqueléticas, localizando-se estas especialmente nas regiões lombar (77%), ancas/coxas (51,8%) e tornozelos/pés (30,4%). As queixas nas grávidas mais jovens predominam a nível das ancas (p=0,03) e nas mais velhas na região das mãos (p=0,04), nas mais baixas localizam-se nos ombros (p=0,01), nas mais pesadas ocorrem mais nas mãos (p<0,0005), nas com agregado familiar mais numeroso encontram-se nas regiões do pescoço (p=0,03) e cotovelos (p=0,04), nas com idade gestacional mais avançada ocorrem principalmente nas mãos (p=0,001), ancas (p=0,01) e tornozelos (p=0,003), nas com maior número de partos localizam-se a nível dos cotovelos (p=0,05) e nas que tem estilos de vida mais sedentários predominam na zona lombar (p=0,01).

Conclusão:

As perturbações músculo-esqueléticas estão presentes nas grávidas em graus e localizações diferenciados provocando de facto incapacidades nas suas atividades de vida diária. Para além dos determinantes fisiológicos, existem outros que concorrem para a sua ocorrência, o que reforça a pertinência de uma melhor compreensão do problema nos diferentes contextos, a importância dum trabalho preventivo e ainda da sua deteção e tratamento precoce.

Introduction:

Musculoskeletal disorders are increasingly more frequent during pregnancy, which can disrupt pregnant women for work and activities of daily living, decreasing their quality of life.

Objectives:

This study aims to identify the prevalence of musculoskeletal disorders in pregnant women and analyze associations between sociodemographic, anthropometric and circumstantial variables.

Method:

This is a non-experimental cross-section, descriptive-correlated and quantitative study involving 113 pregnant women who were monitored at the Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. It was performed using a questionnaire that evaluates sociodemographic, anthropometric and circumstantial variables. The Family Apgar Scale was used to analyze family functionality. It also integrate the “Nordic Musculoskeletal Questionnaire” to assess musculoskeletal disorders.

Results:

Data shows that 27.3% of pregnant women present with musculoskeletal disorders, especially in the lumbar (77%), hips/thighs (51.8%) and ankles/feet (30.4%). Complaints among the youngest of the pregnant women predominate in the hips (p=0.03) and in the older ones in the hands (p=0.04), in the lower ones are located in the shoulders (p=0.01), in the heavier ones occur more in the hands (p<0.0005), in those with more numerous households are found in the regions of the neck (p=0.03) and the elbows (p=0.04), in those with most advanced gestational age occur mainly in the hands (p=0.001), hips (p=0.01) and ankles (p=0.003), in those with the highest numbers of deliveries are located at the level of the elbows (p=0.05) and in those with more sedentary lifestyles predominate in the lower back (p= 0.01).

Conclusion:

Musculoskeletal disorders are present in pregnant women in different degrees and locations, causing in fact disabilities in their activities of daily living. In addition to the physiological determinants, there are others that contribute to its occurrence, which reinforces the pertinence of a better understanding of the problem in different contexts, the importance of preventive work and also of its detection and early treatment.