Publication year: 2017
Enquadramento:
O tendencial aumento da incidência e prevalência de alterações músculo esqueléticas tem sido encarado como algo preocupante, sobretudo na faixa etária da adolescência, dada a sua evolução para a cronicidade. Porém, uma intervenção atempada, dirigida às necessidades específicas desta faixa etária, tal como é preconizado no Programa de Saúde Escolar, promove a capacitação na educação postural, área em que o enfermeiro de reabilitação pode ter um papel crucial. Neste contexto, este estudo tem como principais objectivos: avaliar a prevalência das alterações músculo-esqueléticas em adolescentes; e identificar um conjunto de determinantes sociodemográficos, antropométricos e circunstanciais associados a essas mesmas alterações músculo-esqueléticas. Métodos:
Realizou-se um estudo de natureza quantitativa, transversal e descritivocorrelacional, com recurso a uma amostra probabilística aleatória simples, composta por 200 adolescentes que frequentam três escolas do concelho de Viseu, na sua maioria do sexo feminino (52%), residentes em meio rural (70,5%) e com uma média de idades de 12,54 anos (Dp=1,76). O instrumento de colheita de dados incorpora 4 secções:
caracterização sociodemografica, antropométrica, circunstancial; e avaliação das perturbações músculoesqueléticas, com recurso ao Questionário Nórdico Músculo-Esquelético. Resultados:
Da análise dos dados sobressai que em 57% dos casos, o peso da mochila excede os 10% do peso corporal e 45,5% adotam uma posição ergonómica desadequada, percepcionando os adolescentes atingimento das alterações músculoesqueléticas, sobretudo a nível do pescoço, nos últimos 12 meses: (35%), seguido do ombro (27,5%), tornozelo (26%), zona lombar (22,5%), joelhos (19,5%), punho/mão (13%), anca (11%), tórax (10,5%) e, finalmente, cotovelo (4,5%). Como determinantes das perturbações músculo-esqueléticas foram identificados: o ano letivo, o género, a prática de desporto, a qualidade de sono, o tipo de colchão, o peso da mochila, o mobiliário escolar e a posição ergonómica. Especificando, são os adolescentes que frequentam o 7º ano, do género masculino, que praticam desporto, com má qualidade de sono, que dormem em colchões duros, que têm peso da mochila superior a 10% do peso corporal, que consideram o mobiliário escolar desconfortável e com postura desadequada (posição da coluna curvada, longe da cadeira e posição dos pés pendurados/esticados) que apresentam uma maior incidência de altrações musculo-esqueléticas. Já o efeito da idade, local de residência, estabelecimento de ensino, antecedentes patológicos, uso de cacifo, meio de transporte casa-escola e escolacasa, método de transporte do material escolar e tempo gasto no transporte do material escolar não se revelou estatisticamente significativo. Conclusão:
Este estudo evidencia a ideia de que as perturbações músculoesqueléticas estão presentes num grupo significativo de adolescentes. Facto que permite constatar a necessidade de desenvolver estratégias de prevenção na área da saúde escolar, onde a intervenção do enfermeiro de reabilitação em articulação com a educação pode ser determinante.
Introduction:
The trend of increased incidence and prevalence of musculoskeletal changes has been considered a concern, especially in the adolescent age group, given its evolution to chronicity. However, a timely intervention directed at the specific needs of this age group, as recommended in the School Health Program, promotes training in postural education, an area in which the rehabilitation nurse can play a crucial role. In this context, this study has as main objectives: to evaluate the prevalence of musculoskeletal disorders in adolescents; and identify a set of sociodemographic, anthropometric and circumstantial determinants associated with these same musculoskeletal changes. Methods:
A quantitative, cross-sectional and descriptive-correlational study was carried out using a simple random probabilistic sample composed of 200 adolescents who attend three schools in the municipality of Viseu, mostly female (52%), resident in (70.5%) and with a mean age of 12.54 years (Dp = 1.76). The data collection instrument incorporates 4 sections:
sociodemographic, anthropometric, circumstantial characterization; and evaluation of musculoskeletal disorders, using the Nordic Musculoskeletal Questionnaire. Results:
From the analysis of the data, it should be noted that in 57% of the cases, the weight of the backpack exceeds 10% of body weight and 45.5% adopt an inadequate ergonomic position with adolescents reaching musculoskeletal changes, in the last 12 months: in the neck (35%), followed by the shoulder 27.5%), ankle (26%), lumbar area (22.5%), knees (19.5%), wrist / hand (13%), hip (11%), thorax (10.5%) and finally, elbow (4.5%). As determinants of musculoskeletal disorders were identified:
school year, gender, sports, sleep quality, mattress type, backpack weight, school furniture and ergonomic position. It is specified that adolescents attending the 7th year of males, who practice sports, with poor sleep quality, sleep on hard mattresses, with a backpack weight of more than 10% of body weight, who consider school furniture uncomfortable and with inadequate posture Bent spine, away from the chair, and hanging / stretched feet) that have a higher incidence of musculoskeletal disorders. On the other hand, the effect of age, place of residence, educational institution, health problems, locker use, home-school and home-school transportation, method of transport of school material and time spent on transportation of school material was not revealed statistically significant. Conclusion:
This study evidences the idea that musculoskeletal disorders are present in a considerable group of adolescents, showing some determinants a significant effect, which allows to verify the need to develop prevention strategies in the school health area, where the intervention of the Rehabilitation nurse, in articulation with the school, can be decisive.