Publication year: 2016
Enquadramento:
Actualmente existe um elevado números de pessoas em situação de dependência, com algum tipo de incapacidade funcional ou em risco de perda de funcionalidade, que necessitam ingressar na Rede Nacional de Cuidados Continuados com o intuito de se promover uma melhoria das condições de vida e bem-estar das pessoas, através da prestação de cuidados continuados de saúde e de apoio social. Aceitando a vulnerabilidade da pessoa humana, a doença revela-se como um período de fragilidade circunstancial às condições decorrentes da sua existência. O utente/família deparam-se com a desmoralização, a ameaça, o desamparo e a perda de sentido, podendo levar o mesmo a uma profunda tristeza, desespero e sofrimento. Neste sentido e tendo em conta que a esperança influencia o bem-estar e uma vez que se encontra ligada à existência, tanto física como emocional e espiritual é fundamental percebermos até que ponto a esperança pode ajudar a pessoa a lidar com o futuro. Objetivos:
Avaliar níveis de esperança nos Doentes internados em Cuidados Continuados, e identificar determinantes socio-demográficos, clínicas e psicossociais correlacionadas com essa esperança. Métodos:
O estudo foi realizado,na Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Seia, nas unidades de internamento de Média Duração e Reabilitação e Unidade de Longa Duração e Manutenção. O questionário foi aplicado a 46 doentes, com idades compreendidas entre os 46 e os 92 anos de idade ( x =74.39 anos). Trata-se de um estudo não experimental, quantitativo, do tipo transversal, descritivo e correlacional. O instrumento de recolha de dados integrou um Questionário de caracterização sócio-demográfica e clínica, a escala da Esperança (Herth Hope Index), uma escala para a avaliação da Qualidade de Vida – Functinal Assessement of Cancer Therapy – General e o Questionário de Sono de Oviedo. Resultados:
Os dados mostram que 45,7% dos participantes apresenta esperança reduzida, 39,1% esperança elevada e 15,2% esperança moderada. Constatámos ainda que apenas o “bem-estar funcional” da escala da QDV e os “fenómenos adversos” da escala do sono se correlacionam significativamente (p=0,000; p=0,035) com a esperança explicando respetivamente 55,2% e 31,1% da variância explicada. Já o género, idade, estado civil, situação profissional, escolaridade, rendimento mensal, tipologia e número de internamentos, mostraram não estar relacionados com a esperança dos nossos doentes. Conclusão:
A esperança é uma crença ou virtude inerente ao Homem, que pode assumir níveis diferenciados, que acompanha o ser humano no seu processo de viver e de morrer condicionando ajustes nos momentos de crise, afectando e/ou sendo afetada pelo bem-estar e a qualidade de vida.
Context:
Today there is a large number of people with functional incapacities or in risk of losing total functionality, thus dependent of others. These people need to be assisted by the National continuous health-care network to ensure better care, improvement in their quality of life, living conditions and general wellness through continuous health-care and social support. Once acknowledged one's vulnerabilities, the disease leads to a serious period of circumstantial fragility and weakness inherent to one's existence. The patient and his family find themselves confronted with demoralization, the threat of the disease, the lack of support , the loss of overall sense and meaning of Life which in all may lead the patient to deep sadness, despair and suffering. Having these issues into perspective and considering that Hope has a significant influence to the well-being and is linked to the existence both on the emotional and spiritual level, it is crucial to comprehend to what extent Hope can help the person to address the future. Aims:
Assess the levels of Hope in patients receiving continuous health-care. It is our intention to assess patients’ levels of hope as well to identify socio-demographic, clinical and psycho-social determiners associated to hope. Methodology:
The study was conducted at the Continuous health-care Unit at Santa Casa da Misericórdia of Seia, in the mid-duration and rehabilitation wards and the long term maintenance wards. Forty-six patients, ranging from the ages of 46 to 92 (=74.39 years), were surveyed. The study was non-experimental, quantifiable, transversal, descriptive and correlational. The data collection tools used were a questionnaire to determine socio-demographic and clinical status, the Herth Hope Index, the Functional Assessment of cancer Therapy, General and the Oviedo Sleep questionnaire. Results:
45,7% of the participants showed reduced levels of hope, 39,1% elevated hope and 15,2% moderate hope. We also observed that 'Functional wellness' measured in the scale of QVD and adverse phenomena of the Sleep Scale correlate significantly (p=0,000; p=0,035) with Hope explaining respectively 55,2% and 31,1% of variance. One’s gender, age, marital status, professional situation, academic level, monthly income, typology and number of previous hospital admissions do not influence the patients’ levels of hope. Conclusion:
Hope is a belief or a virtue inherent to Man that may assume differentiated levels that follow the Human Being throughout his life time and at death. It can condition how he adjusts to life during crisis, affecting or being affected by his wellness and quality of life.