Disfagia no doente com AVC: prevalência e determinantes

Publication year: 2015

Introdução:

O acidente vascular cerebral (AVC) assume em Portugal elevadas taxas de morbilidade e reinternamento hospitalar. A disfagia surge como uma complicação frequente deste evento neurológico, com índices de morbilidade elevados pelo risco de desnutrição, desidratação e aspiração broncopulmonar. O diagnóstico e a sua monitorização no processo de reabilitação do doente são ações fundamentais na prevenção de aspirações alimentares, redução do internamento hospitalar e na eficácia da reabilitação do doente.

Objetivo:

Identificar e avaliar o grau de disfagia na pessoa com AVC e analisar a relação entre esta, e as variáveis socio-demográficas e clínicas no sentido de poder melhorar futuramente os cuidados de enfermagem de reabilitação.

Métodos:

Trata-se de um estudo não experimental, transversal, descritivo-correlacional de caráter quantitativo, que foi realizado numa amostra não probabilística por conveniência, constituída por 25 doentes com diagnóstico de AVC, internados na Rede Nacional Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), em unidades de Convalescença e Reabilitação. O instrumento de colheita de dados integra uma seção de caracterização sócio-demográfica e clínica e duas escalas: Escala Gugging Swallowing Screen (GUSS) e Índice de Barthel, a fim de avaliar a disfagia e a funcionalidade, respetivamente.

Resultados:

A amostra apresenta uma média de idade de 76,8 anos, sendo 68% do sexo feminino e 32% do sexo masculino. Verificámos que 68% dos participantes apresenta mais de dois antecedentes clínicos e apenas 24% dos participantes não apresenta disfagia. Dos restantes, 12% apresenta disfagia grave, 36% moderada e 28% disfagia ligeira. A área de lesão parece influenciar a deglutição, demonstrando a Artéria Cerebral Média (ACM) e Artéria Cerebral Posterior (ACP) como áreas de maior sensibilidade. Denotou-se que quanto maior o grau de dependência, maior gravidade de disfagia.

Conclusão:

Doentes com AVC isquémico apresentam disfagia, com gravidade relacionada com a área vascular. A existência de vários antecedentes clínicos pode gerar perturbações na deglutição do doente. De igual modo, quanto maior for a dependência funcional do doente, maior é o grau de disfagia e o risco de aspiração pulmonar. P

Introduction:

In Portugal, stroke events present with high morbidity and hospital readmission rates. Dysphagia frequently occurs as a complication of this neurological event, with high morbidity rates associated with malnutrition, dehydration and bronchopulmonary aspiration. The diagnosis and its monitoring in the rehabilitation process are fundamental to prevent aspiration of food, to reduce hospital stay and ultimately to improve the effectiveness of the patient’s rehabilitation.

Goal:

Identify and assess the degree of dysphagia in patients that suffered from a stroke as well as analyse the relationship between this and other sociodemographic and clinical variables, in order to improve patient care in rehabilitation nursing.

Methodology:

It is a non-experimental, transversal, descriptive and correlational study of quantitative character, which was conducted in a nonprobabilistic sample by convenience, consisting of 25 stroke patients admitted in convalescence and rehabilitation units.

The data collection tool integrates both a sociodemographic and clinical characterization section and two scales:

Gugging Swallowing Screen Scale (GUSS) and Barthel Index, to assess dysphagia and functionality, respectively.

Results:

The sample exhibits a mean age of 76.8 years old, 68% female and 32% male. It was found that 68% of the participants presented with two previous clinical events and only 24% of the participants didn’t develop dysphagia. From the remaining, 12% had severe dysphagia, 36% had moderate dysphagia and 28% had mild dysphagia. The area of injury appears to influence deglutition, with the middle and anterior cerebral arteries being the most sensitive areas. It was observed that the higher the degree of dependence, the greatest the severity of the dysphagia.

Conclusion:

Patients with history of ischemic stroke present with varying degrees of dysphagia related to the affected vascular area. The presence of several previous clinical events may generate disturbances in the patient’s deglutition. Similarly, the greater the functional dependence of the patient, the greater the degree of dysphagia and the risk of pulmonary aspiration.