Artrite reumatóide: implicações na funcionalidade das pessoas

Publication year: 2015

Enquadramento:

A Artrite Reumatóide (AR) é uma patologia com profundas implicações na funcionalidade das pessoas, com efeitos significativos não só ao nível do funcionamento físico, mas também a nível emocional, familiar, social e económico.

Objetivos:

Avaliar a funcionalidade das pessoas com artrite reumatóide e analisar a sua relação com as variáveis sócio demográficas, clínicas, dor e qualidade do sono.

Métodos:

Trata-se de um estudo não experimental, transversal, descritivo-correlacional e de caráter quantitativo, que foi realizado numa amostra não probabilística por conveniência, constituída por 75 pessoas com o diagnóstico de artrite reumatóide, acompanhadas na Unidade de Dor, na Consulta de Reumatologia e na Medicina Física de Reabilitação do CHTV, EPE. Para a mensuração das variáveis utilizou-se um instrumento de colheita de dados que integra uma secção de caracterização sócio demográfica e clínica, o Índice da Qualidade de Sono de Pittsburgh – PSQI e o Health Assessment Questionnaire – HAQ.

Resultados:

Constatou-se que 60,0% dos inquiridos apresenta dificuldades/incapacidades leves no desempenho das atividades da vida diária, 32,0% apresenta já dificuldades moderadas e 8,0% incapacidade grave, sendo que o valor médio da funcionalidade global avaliado por meio do HAQ foi de 1,48, o que revela a existência de uma incapacidade moderada na nossa amostra. Das variáveis sócio demográficas, a idade (p=0,003), a situação laboral (p=0,000), a escolaridade (p=0,006) e os rendimentos mensais (p=0,001) têm influência no estado funcional das pessoas com AR. Das variáveis clínicas, a intensidade da dor (p=0,007) e o tempo de diagnóstico da doença (p=0,013) mostraram relacionarem-se com a funcionalidade. Em relação à qualidade do sono, apenas existem diferenças estatísticamente significativas nas subescalas “levantar-se” (p=0,030) e “caminhar” (p=0,034), sendo que a má qualidade de sono configurou-se em 94,7% dos inquiridos.

Conclusão:

As evidências encontradas neste estudo referem que a idade, a situação laboral, a escolaridade, os rendimentos mensais, o tempo de diagnóstico, a intensidade da dor e a qualidade do sono, associam-se a uma pior funcionalidade nas pessoas com AR. O diagnóstico precoce, a adoção de medidas para a promoção da boa qualidade do sono, a aplicação de medidas farmacológicas e não farmacológicas para o alívio da dor, e ações de formação direcionadas aos doentes com AR, devem ser estratégias a desenvolver junto desta população, numa tentativa de minimizar o impacto negativo que esta doença acarreta.

Framework:

Rheumatoid arthritis is a disease with profound implications in the functionality of people, with significant effects, not only in terms of physical functioning, but also in the emotional, family, social and economic.

Objectives:

To evaluate the functionality of people with rheumatoid arthritis and analyze its relationship with the socio demographic variables, clinical, pain and quality of sleep.

Methods:

It is a non-experimental, cross-sectional, descriptive and correlational and quantitative character study, which was carried out in a non-probabilistic convenience sample consisting of 75 people diagnosed with rheumatoid arthritis followed in the Pain Unit, at the Rheumatology Consultation and Physical Medicine Rehabilitation CHTV, EPE. For the measurement of the variables used a data collection instrument that integrates a section of sociodemographic and clinical characterization, the Index of Sleep Quality Pittsburgh - PSQI and the Health Assessment Questionnaire - HAQ.

Results:

We found that 60.0% of respondents have difficulties/mild disability in performing activities of daily living, 32.0% already presents moderate difficulties, and 8.0% severe disability. The average value the overall functionality assessed by HAQ was 1.48, which reveals a moderate disability in our sample. The sociodemographic variables, age (p=0.003), the employment status (p=0.000), schooling (p=0.006) and monthly income (p = 0.001) influence the functional status of people with RA. Of clinical variables, the intensity of pain (p=0.007) and the time of diagnosis of the disease (p=0.013) showed they relate to the functionality. Regarding the quality of sleep, there are only statistically significant differences in the subscales "get up" (p=0.030) and "walking" (p=0.034) and that poor sleep set up in 94.7% of respondents.

Conclusion:

The evidence from this study indicates that age, employment status, education level, monthly income, time of diagnosis, pain intensity and sleep quality are associated with a worse function in people with RA. Early diagnosis, the adoption of measures to promote good sleep quality, the application of pharmacological and non-pharmacological measures for pain relief, and training activities directed to patients with RA should be strategies to be developed with this population, in an attempt to minimize the negative impact that this disease causes.