Publication year: 2019
Tecnologias educacionais estão sendo utilizadas pelos profissionais de saúde nas atividades educativas desenvolvidas com a comunidade. Dentre essas tecnologias ressalta-se a cartilhas e a entrevista motivacional breve (EMB). A associação entre as duas tecnologias pode ser realizada por enfermeiros na atenção primária, com o intuito de estimular comportamentos saudáveis para prevenção da diarreia infantil, visto que essa doença permanece entre as principais causas de morbimortalidade infantil. Objetivou-se avaliar o efeito do uso de cartilha educativa e da mesma combinada com uma EMB sobre a autoeficácia materna na prevenção da diarreia infantil. Trata-se de um ensaio clínico randomizado, desenvolvido em três unidades de saúde de Fortaleza/CE, com 181 mães e/ou cuidadoras de crianças menores de cinco anos de idade, as quais foram divididas em três grupos: 1. Intervenção A (GI A), que recebeu uma intervenção com o uso de cartilha educativa; 2. Intervenção B (GI B), em que se utilizou a cartilha educativa combinada à EMB; 3. Comparação (GC).
A coleta de dados ocorreu em quatro momentos:
1º momento: aplicação da Escala de Autoeficácia Materna para a Prevenção da Diarreia Infantil (EAPDI) e do formulário sociodemográfico na unidade de saúde, com todos os grupos; 2º momento: aplicação das tecnologias com GI A e GI B, sendo aplicada a EAPDI imediatamente após as intervenções; 3º e 4º momentos: aplicação do formulário reduzido de investigação da diarreia e da EAPDI em todos os grupos, por contato telefônico, um mês e dois meses após as intervenções, respectivamente. Os dados foram exportados para o Statistical Package for the Social Sciences, versão 20, e realizada a análise. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará e pelo Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos. Os grupos mostraram-se homogêneos na linha de base (p>0,05). A análise intragrupo revelou que todos os grupos tiveram um aumento da autoeficácia materna em prevenir a diarreia infantil, com diferenças estatisticamente significantes quando avaliados os escores da escala total e do domínio práticas alimentares/gerais, mas somente o GI B apresentou aumento significativo do domínio higiene da família. Na análise intergrupo, não se observou diferença estatística entre os momentos do estudo, porém, a avaliação realizada imediatamente após a intervenção revelou maiores escores de autoeficácia nos grupos que receberam intervenções. Houve maior predominância de participantes com elevada autoeficácia no GI B após a aplicação das tecnologias. Todos os grupos apresentaram casos de diarreia infantil, com menor número no GI B, um mês após a intervenção (p=0,025). Verificou-se que crianças cuidadas por mães e/ou cuidadoras com moderada autoeficácia apresentam mais chances de terem diarreia do que por aquelas com elevada autoeficácia. Em todos os momentos do estudo os escores de autoeficácia foram mais elevados no GI B, sendo os casos de diarreia infantil menores nesse grupo. Conclui-se que a associação entre a cartilha e a EMB foi a estratégia mais eficaz para elevar a autoeficácia materna em prevenir a diarreia infantil e diminuir os casos dessa doença.(AU)