Lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho em enfermeiros: prevalência e fatores determinantes

Publication year: 2016

Introdução:

O enfermeiro especialista em reabilitação é o profissional que, devido às suas competências e conhecimentos, poderá conceber planos, prescrever intervenções e evitar incapacidades resultantes das lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) junto dos seus pares. Assim, o presente estudo centrou-se em caracterizar a prevalência de ocorrência de LMELT nos enfermeiros, de acordo com a sua natureza institucional de prestação de cuidados, e ainda analisar quais os determinantes associados à prevalência de LMELT na classe de enfermagem, por forma a dar fundamento à intervenção multifacetada do enfermeiro especialista em reabilitação.

Métodos:

Conceptualizamos um estudo de natureza quantitativa, de tipologia transversal e descritivo-correlacional, com recurso a uma amostra não probabilistica, por conveniência, constituida por 180 enfermeiros, 73,3% sexo feminino, 67% casados e com média de idades de 37,42 anos (dp=8,84). Como instrumento de colheita de dados utilizou-se um questionário de autopreenchimento, com a incorporação de uma ficha de caracterização sociodemográfica, familiar, laboral, comportamental e clínica e um referencial de mensuração da perceção do risco ocorrência de LMELT com base na adaptação do Questionário Nórdico Músculo- Esquelético (QNM).

Resultados:

A prevalência das LMELT nos enfermeiros não apresenta diferenças estatísticas significativas relativamente à natureza institucional. Contudo o número de problemas músculo-esqueléticos é superior nos enfermeiros que exercem funções no público, em comparação com os que exercem funções no privado, com diferenças significativas para os problemas experienciados nos últimos 12 meses, 3,6 (dp=2,21) vs. 2,54 (dp= 2,26). Similarmente não se verificam associações significativas entre as variáveis em estudo e o desenvolvimento da LMELT. Todavia verifica-se uma proporção superior de LMELT nos indivíduos do sexo feminino, com idades superiores a 35 anos, casados ou em união de fato, com o grau de licenciatura e com familiares a cargo, com aumento do IMC e antecedentes de saúde, a contrato de trabalho, com tempos profissionais superiores a 5 anos, horário fixo e carga horária superior a 35 horas. Contudo, quem apresenta conhecimento da perceção do risco de desenvolvimento de LMELT e uso de equipamentos nos serviços como tábuas transferência, entre outros, apresenta proporções menores da LMELT.

Conclusão:

Estes resultados apontam para a necessidade de desenvolver novas estratégias na prevenção de LMELT, onde a intervenção do enfermeiro de reabilitação em articulação com as equipas muldisciplinares deve ser fundamental.

Introduction:

The nurse specialised in rehabilitation is the health care professional who thanks to his/her skills and knowledge can conceive plans, prescribe interventions, and prevent inabilities coming from work-related musculoskeletal disorders (WMSDs) amongst his/her peers. Thus this study has focused on describing the prevalence of WMSDs in nurses according to the institutional nature of their providing care, and also analysing the determining factors associated with the prevalence of WMSDs within the nursing class, in order to substantiate the versatile intervention of the nurse specialised in rehabilitation.

Methods:

We have conceived a quantitative research study along with a cross-sectional study, and a descriptive/correlational study with recourse to convenience non-probability sampling composed of 180 nurses, 73.3 % of which are female, 67 % are married, and with an age average of 37.42 (SD=8.84). We have also used a self -completion questionnaire as a data collection tool with the inclusion of a form with social, demographic, family, work, behavioural, and clinical characterisation, and a risk perception measurement of WMSDs occurrence based on adaptation of the Nordic Musculoskeletal Questionnaire. (NMQ) Results: The prevalence of WMSDs on nurses does not display significant statistical differences regarding the institutional nature. However, the number of musculoskeletal conditions is higher on nurses who work under the Public Health System, in comparison to those who work under the private sector, with substantial differences towards the problems experienced within the last 12 months, 3.6 (SD=2.21) versus 2.54 (SD=2.26). Similarly, significant associations between the variables in the study and the progress of WMSDs are not observed. Nevertheless, one does verify a higher proportion of WMSDs within female individuals, with ages above 35 years old, married or non-marital partnership, with a degree, and family members under their wing, with a BMI increase and health problems background, with work contract, work experience above 5 years, a fixed schedule, and workload higher than 35 hours. However, those who display a knowledge of the risk perception towards WMDSs development and the use of equipment in the service such as a long spine board, amongst others, display in turn lower proportions of WMDSs.

Conclusion:

These results point towards the need to develop new WMDSs prevention strategies, in which the intervention of the rehabilitation nurse is crucial, alongside other multidisciplinary teams.