Análise dos fenômenos incontinência fecal e constipação intestinal após acidente vascular cerebral

Publication year: 2019

Estudo transversal, com o objetivo de analisar os fenômenos Incontinência fecal (IF) e Constipação intestinal (CI) em pacientes após Acidente Vascular Cerebral (AVC). Coleta de dados realizada no período de novembro de 2018 a abril de 2019 em dois hospitais terciários especializados no tratamento e reabilitação de pacientes com doenças cerebrovasculares. Incluiu 229 participantes adultos com diagnóstico médico de AVC. Os dados foram coletados por meio de entrevista, utilizando um “Roteiro Semiestruturado para Coleta de Dados”. Posteriormente, os dados obtidos foram compilados em planilhas do programa Excel (2010) e exportados para o programa R versão 3.6.0 para processamento e análise. Predominaram indivíduos do sexo masculino, aposentados, procedentes de outras cidades do Estado, com ensino fundamental completo ou incompleto, que residiam com companheiro e possuíam idade média de 60,7 anos. A maior parte tinha AVC isquêmico e hipertensão arterial, não eram tabagistas ou haviam parado de fumar, não consumiam bebida alcoólica e praticavam exercícios físicos. A presença de IF foi identificada em 12,2% dos participantes. Nesses, a doença de Alzheimer, uso de antiespasmódicos, número de episódios e tempo do último AVC apresentaram associação estatisticamente significativas. O modelo de regressão logística apontou também que aqueles que apresentavam mais de um episódio de AVC tinham 2,1 mais chance de ter IF, e, da mesma forma, indivíduos com diabetes mellitus que não tomam medicamentos antidiabéticos têm 3,8 vezes mais chances de ter IF. Indivíduos com perda de flatos têm 5,9 vezes mais chance de ter IF do que as pessoas que não tem. Para CI, foi encontrada uma prevalência de 20,5%, em que sexo, escolaridade, número de membros na família, uso de medicamentos analgésicos, tempo do último AVC e itens da Escala Bristol de Consistência das Fezes (EBCF) apresentaram diferenças estatisticamente significativas. O modelo de regressão logística identificou que o sexo feminino tem 2,5 vezes mais chance de desenvolver CI. Os participantes que apresentaram outro problema de saúde além do AVC têm 3,6 a mais de chance de ter CI, aqueles com diabetes mellitus que não tomam medicamento antidiabético têm mais 2,8 de chance e os com perda de flatos têm 3 vezes mais. Além disso, considerando o mesmo modelo, para EBCF verificou-se que pessoas com tipo 1 de fezes têm 55,6% de chance a mais de ter CI do que aqueles com os demais tipos. O tipo 2 diminui em 85% as chances, o tipo 3 diminui em torno de 70%, o tipo 4 diminui 90%, o tipo 5 diminui 85% e o tipo 6 diminui 94%. Indivíduos que apresentaram tanto IF quanto CI perfizeram um total de 4,4%. Situação marital, uso de antidepressivos, tempo de último AVC, esforço para evacuar, fezes endurecidas e percepção de presença de fezes não eliminadas apresentaram diferenças estatisticamente significativas no grupo sem e com a presença simultânea dos fenômenos. Considera-se que o presente estudo forneceu dados de fatores de risco de IF e CI que aumentam as chances desses fenômenos. Dessa forma, pode contribuir para a capacitação de equipes de enfermagem e outros profissionais da saúde por meio da identificação dos fenômenos. Além disso, pode favorecer a utilização de intervenções relacionadas a reeducação intestinal, em estudos futuros, e estratégias de promoção da saúde e cuidados especiais aos portadores dessas condições que trazem prejuízo à qualidade de vida. (AU)