Geoprocessamento da coinfecção tuberculose/HIV drogarresistente no Estado do Ceará
Publication year: 2018
Objetivou-se analisar a distribuição espacial dos casos de coinfecção Tuberculose/HIV drogarresistente em adultos no estado do Ceará e sua correlação com indicadores sociais, econômicos e de saúde. Realizou-se um estudo ecológico que teve como unidade de estudo os municípios do estado do Ceará e os bairros da capital, Fortaleza. Foram analisados 49 casos de coinfecção Tuberculose/HIV drogarresistente, notificados durante o período de 2011 a agosto de 2018. Os dados foram coletados no Sistema de Informação de Tratamentos Especiais de Tuberculose, no Sistema de Informação de Agravos e Notificação e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O perfil epidemiológico dos pacientes foi traçado mediante análise descritiva, com uso de frequências absolutas e relativas. Para análise dos dados da associação entre as características sociodemográficas e epidemiológicas dos coinfectados foi aplicado o teste exato de Fisher. Realizou-se análise de correlação de Pearson entre os casos e os indicadores socioeconômicos. A análise espacial foi realizada mediante análise exploratória e de autocorrelação espacial pelo Índice Global de Moran. Verificou-se que houve um aumento do número de casos notificados nos últimos anos, com destaque para o ano de 2017 (24,5%) e as ocorrências acometeram 13 municípios cearenses, sendo que a prevalência de casos (63,8%) ocorreu em Fortaleza. Os bairros que apresentaram maiores percentuais de casos foram a Barra do Ceará (16,2%) e o Bonsucesso (13%) e o índice de Moran apresentou associação espacial positiva (I=0,036). O percentual de pessoas de outras raças que apresentavam outros tipos de classificação de tuberculose drogarresistente foi maior que o percentual de pessoas de raça parda (p=0,04) e o percentual de pessoas com duas comorbidades ou mais e forma clínica pulmonar foi maior que o percentual daqueles com apenas uma comorbidade e forma clínica pulmonar (p=0,01). Os bairros com melhores condições socioeconômicas estão ao norte e nordeste da cidade de Fortaleza e os bairros com maior proporção de domicílios na faixa de pobreza estão localizados nas periferias. Houve prevalência dos casos em bairros com média de 3,44 – 3,61 moradores, em domicílios com 1 a 3 banheiros de uso exclusivo e que possuem responsáveis com renda média entre 429,02 e 1181,32 reais. Diante do exposto, identificou-se que a maioria dos casos de coinfectados Tuberculose/HIV drogarresistente está localizada em Fortaleza, em regiões socialmente desfavorecidas, urgindo a necessidade de intervenções direcionadas ao contexto social em que essa população se encontra inserida. (AU)