Cartilha educativa para prevenção da transmissão vertical do HIV: ensaio clínico randomizado controlado

Publication year: 2018

O estudo teve como objetivo testar a eficácia de uma cartilha educativa sobre o conhecimento e adesão aos cuidados para prevenção da transmissão vertical do HIV. Trata-se de um Ensaio Clínico Randomizado Controlado (ECRC) realizado em três maternidades públicas de Fortaleza-CE, entre janeiro de 2017 a maio de 2018. Foram elegíveis 104 mães HIV positivas, porém, devido aos critérios de descontinuidade, houve 56,7% de perda, restando a amostra final com 45 mulheres (Grupo intervenção=24; Grupo Controle=21). As gestantes que participaram do grupo controle (GC) receberam atendimento habitual do serviço e o grupo intervenção (GI) teve como aditivo acesso à cartilha educativa a ser testada. A pesquisa foi realizada em três fases (Avaliação 1+Randomização+Intervenção, Avaliação 2 e Avaliação 3). A Avaliação 2 aconteceu no dia e local agendados da consulta subsequente à da primeira avaliação ou por telefone, entre 7 e 15 dias após a linha de base. A terceira avaliação aconteceu 30 dias após o parto, por telefone ou presencialmente. Quanto a análise estatística, foram utilizados testes paramétricos e não-paramétricos para as comparações intra e intergrupos.

A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética e Pesquisa sob números de parecer:

1.684.549 e 1.930.501, além de registrado na plataforma de Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC: UTN: U1111-1191-9954). Os grupos foram homogêneos em relação às características sociodemográficas, exceto no que diz respeito a raça (p=0,030). Não houve diferença intergrupos na média da pontuação do conhecimento das mulheres ao longo do estudo. Porém, na análise intragrupo nas três fases do estudo, verificou-se que a intervenção com a cartilha se mostrou eficaz para melhorar o conhecimento das gestantes HIV positivas do GI em curto prazo (p=0,002), mantendo-se elevado em longo prazo (p=0,033) em relação à linha de base. Quanto à média de adesão aos cuidados para prevenção da transmissão vertical, o GI apresentou elevação expressiva da adesão (p=0,021) na fase 2 em relação ao GC. Na análise intragrupo, evidenciou-se que a intervenção com a cartilha foi efetiva no aumento da adesão aos cuidados para prevenção da transmissão vertical do HIV durante a gestação dentro do grupo intervenção (p<0,001). Na comparação intergrupos da média de pontuação da adesão aos cuidados no pós-parto, não houve diferença entre os grupos (p=0,731). 7 Evidenciou-se que a cartilha aumentou o conhecimento a curto e a longo prazo no grupo que teve acesso a essa tecnologia e na adesão aos cuidados para a prevenção da transmissão vertical do HIV de gestantes soropositivas, podendo ser mais uma estratégia a ser utilizada desde o pré-natal no intuito de empoderar as mães que vivem com HIV e oferecer suporte de informação adicional para que possam realizar as medidas necessárias para minimizar riscos da transmissão vertical do HIV. (AU)