Efetividade de estratégias de notificação de parceiros sexuais de pessoas com infecções sexualmente transmissíveis

Publication year: 2018

Para interrupção do ciclo de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis, é essencial o tratamento das pessoas envolvidas nos relacionamentos sexuais. Para tanto, é necessária a notificação de parceiros sexuais, processo pelo qual os contatos sexuais de um paciente-índice são identificados e informados (de forma verbal ou mediante entrega de um cartão de notificação) de sua exposição e convidados a realizar testes, aconselhamento e, se necessário, tratamento. Nesse contexto, objetivou-se comparar a efetividade de estratégias de notificação de parceiros, verbal e de uso de cartão de notificação no comparecimento de parceiros sexuais de pessoas com infecção sexualmente transmissíveis. Realizou-se um estudo de intervenção, com desenho prospectivo, controlado e randomizado. A intervenção consistiu no oferecimento de um cartão de notificação para os pacientes-índices entregarem aos seus parceiros. A pesquisa foi realizada em um Centro de Referência para infecções sexualmente transmissíveis da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará.

O estudo foi constituído por dois grupos:

a) Grupo 1 (GI) - Grupo intervenção que foi formado por pessoas com IST que levaram o cartão de notificação ao parceiro sexual, como forma de convite para atendimento; b) Grupo 2 (GC) - Grupo controle que foi formado por pessoas com IST, que convidaram verbalmente o parceiro sexual para procurar atendimento de saúde. A coleta de dados ocorreu entre os meses de agosto de 2016 e julho de 2017, totalizando 12 meses, com amostra final composta por 189 participantes, sendo 94 do grupo controle e 95 do grupo intervenção. Para coleta de dados utilizou-se de dois formulários de pesquisa, sendo um destinado a obter informações dos pacientes-índice e outro do parceiro que compareceu à unidade de saúde, com vistas a obter a caracterização sociodemográfica, dos hábitos de saúde e de comportamento sexual de ambos. Os dados quantitativos foram inseridos em planilha do Excel e analisados, por frequência absoluta e relativa. O Software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) foi utilizado para análise estatística bivariada. A associação entre variáveis categóricas foi realizada pelo teste qui-quadrado (χ2) para variáveis independentes, sendo calculado o valor da razão de chances e o intervalo de confiança (IC) de 95%. Foi considerado estatisticamente significante o valor de p<0,05. Observou-se que dentre os pacientes-índices que realizaram a notificação por cartão, o percentual de comparecimento do parceiro ao serviço de saúde foi de 52,6%, enquanto entre aqueles que fizeram a notificação verbal esse percentual foi de 43,6%. Contudo, não houve diferença estatisticamente significativa entre os tipos de notificação verbal ou mediante uso de cartão em relação ao sucesso no comparecimento de parceiros (p=0,215). Diante da ausência de evidência de maior efetividade na notificação por cartão, recomenda-se o uso dessa estratégia como ferramenta a ser combinada a outros métodos, sendo recomendado para isso, que os programas de infecções sexualmente transmissíveis desenvolvam um modelo de cartão com ênfase em mensagens informativas destinadas aos parceiros. Os resultados alcançados negaram a tese de que “O cartão de notificação de parceiros aumenta o comparecimento de parcerias sexuais de pessoas com IST ao serviço de saúde”.(AU)