Incapacidade funcional em doentes com acidente vascular cerebral seis meses após a sua ocorrência

Publication year: 2015

Enquadramento:

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma patologia com profundas implicações na funcionalidade das pessoas, com efeitos significativos não só ao nível do funcionamento físico, mas também a nível emocional, familiar, social e económico.

Objetivos:

Avaliar níveis de funcionalidade nas pessoas com AVC seis meses após a sua ocorrência e analisar a sua relação com as variáveis sócio demográficas, clínicas e funcionalidade familiar.

Métodos:

Trata-se de um estudo não experimental, transversal, descritivo-correlacional e de caráter quantitativo. Foi realizado numa amostra não probabilística por conveniência, constituída por 72 pessoas com AVC há mais de seis meses, que são acompanhadas na Consulta Externa do Hospital Sousa Martins da Guarda. Para a mensuração das variáveis utilizou-se um instrumento de colheita de dados que integra uma secção de caracterização sócio demográfica e clínica, o Índice de Barthel e a Escala de Apgar Familiar.

Resultados:

Constatou-se que após seis meses da ocorrência do AVC 44,4% dos inquiridos apresenta uma incapacidade ligeira, 36,1% uma incapacidade moderada e 19,4% uma incapacidade grave. Verificámos que, a idade (p=0,000), o género (p=0,006), a coabitação (p=0,002) e o rendimento familiar (p=0,019) se correlacionam significativamente com a capacidade funcional das pessoas, em algumas dimensões. Paralelamente, o alcoolismo (p=0,006), tabagismo (p=0,050), diabetes mellitus (p=0,000), stresse (p=0,050) e hipertensão arterial (p=0,050) interferem igualmente nessa capacidade, assim como o local de AVC. Em relação à realização de programas de reabilitação existe uma correlação negativa mas significativa (p=0,028).

Conclusão:

As evidências encontradas neste estudo reforçam o paradigma de que os fatores de risco se associam a uma pior capacidade funcional nas pessoas com AVC. Neste sentido, a adoção de medidas preventivas no controle destes fatores, a promoção de hábitos de vida saudáveis e a implementação precoce de programas de reabilitação estruturados são estratégias fundamentais na minimização do impacto negativo que esta doença acarreta na qualidade de vida das Pessoas.

Background:

The Stroke or Cerebral Vascular Accident (CVA) is a pathology with extremely implications in people functionality with a high impact not only physical but also emotional, familiar, social and economical. Aims/Goals: Assess the functionality levels in people six months after suffered from a CVA and analyse the relation between the variables socio demographics, clinical and family functioning.

Methodology:

It is a non experimental, cross sectional, descriptive correlational and quantitative study. It was done a non-probabilistic sample per convenience formed by 72 people who have suffered from CVA more than 6 months and are followed in the clinic of Sousa Martins Hospital in Guarda. For the variable measurement the tool used for the sample collection combines a socio demographic and medical section, the Barthel Index and the Apgar Family Scale.

Results:

It was shown that after 6 months post CVA, 44,4% of the respondents have a slightly incapacity, 36,1% moderate incapacity and 19,4% a serious incapacity. It was noticed that age (p=0,000), gender (p=0,006), cohabitation (p=0,002) and the family income (p=0,0019) are profoundly related with people functionality capacity in some dimensions. In the same way alcohol habits (p=0,006), smoking habits (p=0,050), diabetes mellitus (p=0,000), stress (p=0,050) and hypertension (p=0,050) affect equally in that capacity as well as the brain area obstructed/affected. Related to the rehabilitation programs there is a negative correlation that is significant (p=0,028).

Conclusion:

Evidence found in this study highlight the paradigm which risk factors are associated to a worse functional capacity in people who suffered CVA. Following this idea, implementation of preventive measures controlling these factors, promoting good health habits and the early starting of structured rehabilitation programs are fundamental in the minimisation of the negative impact that CVA causes in people’s quality of life.