Música na dor do recém-nascido a termo submetido à punção venosa: ensaio clínico randomizado

Publication year: 2018

Dentre as medidas não farmacológicas para minimizar as reações fisiológicas e comportamentais em recém-nascidos expostos a dor, tem-se a música. Objetivou-se avaliar o efeito da intervenção música ao ser aplicada em duas extensões de tempos nas respostas biocomportamentais de dor de recém-nascidos a termo, antes, durante e após punção venosa para coleta de sangue. Ensaio clínico randomizado, realizado em hospital filantrópico, em Fortaleza/Ceará/Brasil, de fevereiro/dezembro/2017. Amostra constou de 52 recém-nascidos a termo internados em Alojamento Conjunto, sendo distribuídos aleatoriamente 13 em cada grupo: Música 1 (GM1); Música 2 (GM2); Controle 1 (GC1) e Controle 2 (GC2).

Duas músicas de ninar da coleção Musi Baby:

Bonne Nuit foram tocadas em 40 decibéis, por meio de MP3, fone de ouvido no GM1, no GM2, por 10 e 15 minutos antes, durante (pelo tempo que durar o procedimento doloroso) e dois minutos após. O GC1 (sem música, por 10 minutos) e o GC2 (sem música, por 15 minutos) também fizeram uso de fones de ouvidos. Os recém-nascidos participantes foram filmados para captação das reações faciais e frequência cardíaca (FC) (Polar RS 200). As variáveis dimensionadas foram mímica facial da escala Neonatal Facing Coding (NFCS), choro, FC.

Coleta de dados realizada em cinco momentos usando o NFCS:

Basal (MB - 20 segundos iniciais – sem manuseio), Pré-procedimento 1 (MPP1 - 20 segundos iniciais e finais, cada), Pré-procedimento 2 (MPP2 – tempo da procura de veia), Procedimento (MP - tempo da antissepsia, punção, ordenha/aspiração do sangue, compressão) e Recuperação (MR - 20 segundos iniciais e finais após término da compressão); cinco momentos para o choro e FC: MB (2 minutos), MPP1 (2 minutos iniciais e finais), MPP2 (tempo da procura de veia), MP (tempo da antissepsia, punção, ordenha/aspirar sangue, compressão) e MR (2 minutos). Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Quanto às variáveis neonatais (categóricas e numéricas), houve estatística significante entre os grupos de alocação apenas para variável terapêutica (local de punção) (p=0,003). O Teste Qui-Quadrado de Pearson mostrou que o percentual de ausência da mímica facial (fronte saliente, olhos apertados, sulco nasolabial aprofundado, boca aberta na horizontal, língua tensa) foi significantemente maior no GM2, quando comparado aos demais grupos, em todos os momentos analisados (p<0,05). Isto mostra que a expressão de dor foi menor no GM2. O choro foi mais presente na antissepsia, punção e ordenha/aspirar sangue nos GM1, GC1 e GC2, assim como na compressão, no GC1 e GC2. No MPP1 (inicial), no GM1, e nos demais momentos, no GM2, os recém-nascidos apresentaram maior ausência de choro (Teste Qui-Quadrado de Pearson), com p<0,05. O GM2 mostrou média de FC menor do que os recém- nascidos dos demais grupos no MB até o MR, com significância (p=0,000) nos MB, MPP1, MPP2, MP (antissepsia, ordenha/aspirar sangue) e MR (ANOVA). Concluiu-se que a música administrada por 15 minutos, na redução das respostas biocomportamentais de dor em recém-nascidos submetidos à punção venosa para coleta de sangue, mostrou resultados melhores ao efeito obtido na administração da música por 10 minutos, comprovando a hipótese do estudo.(AU)