Efeito de um programa de treinamento de enfermeiros acerca da segurança alimentar e uso dos alimentos regionais no Nordeste Brasileiro

Publication year: 2018

O estudo teve como objetivo avaliar a efetividade de um programa de treinamento de enfermeiros sobre segurança alimentar e alimentação regional no Nordeste brasileiro. Trata-se de uma pesquisa quase experimental, do tipo antes e depois, que teve como intervenção um programa de treinamento realizado com oito enfermeiras que atuavam na Estratégia de Saúde da Família (ESF) da zona rural de Maranguape/Ceará. O programa de treinamento ocorreu em seis etapas e foi avaliado sob os quatro níveis de avaliações para treinamentos sugeridos por Kirkpatrick e Kirkpatrick (2010): reação, aprendizagem, comportamento e resultados. A coleta de dados ocorreu com as oito enfermeiras a partir do programa de treinamento, com aplicação do álbum seriado “Alimentos regionais promovendo a segurança alimentar”, de modo que permitiu avaliar a reação, aprendizagem, e comportamento das mesmas em seu local de trabalho após o treinamento. A coleta de dados se deu também com as 62 mães de crianças na primeira infância que participaram das intervenções educativas realizadas pelas enfermeiras treinadas durante o programa de treinamento, proporcionando a avaliação de resultados, por meio da aplicação do inquérito de conhecimento, atitude e prática sobre alimentos regionais em quatro momentos: antes e imediatamente depois da intervenção educativa; um mês, três meses e seis meses após a intervenção educativa. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará. Os resultados do estudo evidenciaram avaliação de reação positiva das enfermeiras ao treinamento, a partir dos relatos de aprendizagem, domínio da tecnologia educativa e satisfação em utilizá-la para a promoção da segurança alimentar e uso dos alimentos regionais pelas famílias. Na avaliação de aprendizagem das enfermeiras constatou-se no pré-teste de conhecimento uma média de 83,6% de acertos, sendo observado no segundo pós-teste um aumento para 92,3%, considerado como uma média de acertos muito boa. Na avaliação de comportamento das enfermeiras foi verificada a utilização da tecnologia educativa em seu ambiente de trabalho e a aquisição de novos conhecimentos e habilidades, pois foi constatada a realização de um total de 30 atividades com uso do álbum seriado, predominando a realização de atividades individuais (83,3%) em comparação com as atividades em grupo (16,7%). Na avaliação de resultados, constatou-se que a intervenção educativa realizada pelas enfermeiras com as mães proporcionou aumento nos eixos de conhecimento, atitude e prática (CAP) adequada das mães sobre alimentação regional, com significância estatística para o eixo prática (p=0,022). Quanto às variáveis sociodemográficas, não houve associação estatisticamente significante com os eixos CAP, contudo, foi observado que as mães com menor escolaridade tiveram mais chances de apresentar conhecimento inadequado (RC=5,00), atitude inadequada (RC=9,61) e prática inadequada (RC=2,97). Assim como, as mães com menor renda tiveram mais chances de ter conhecimento inadequado (RC=5,57) e prática inadequada (RC=2,42). Conclui-se que o programa de treinamento foi efetivo, pois as enfermeiras obtiveram reação positiva, melhor aprendizagem e mudança de comportamento, além das mães terem apresentado resultados satisfatórios nos eixos do conhecimento, atitude e prática após a intervenção com a tecnologia educativa realizada pelas enfermeiras.(AU)