Acidente vascular cerebral em mulheres na idade fértil: impacto nas atividades de vida diária
Publication year: 2017
Objetivou-se analisar o desempenho das atividades de vida diária em mulheres em idade fértil na fase aguda do AVC e três meses após o acometimento. Trata-se de estudo de desenho longitudinal e analítico correlacional, realizado em três hospitais públicos do município de Fortaleza, estado do Ceará. A população envolveu as mulheres em idade fértil, na faixa etária de 15 a 49 anos de idade, com diagnóstico de AVC. A amostra foi composta por 109 mulheres. A coleta de dados ocorreu nos meses de outubro de 2015 à outubro de 2016. Para avaliação do grau de incapacidade e limitações nas atividades de vida diárias, foi utilizado o Índice de Barthel Modificado (IBM). A análise dos dados foi mediada pelo software Statistical Package for Social Sciences, versão 20.0. Na análise de associação entre variáveis, optou-se pelos testes Qui-quadrado de Pearson e Razão de Verossimilhança, com adoção de p<0,05 para consideração de associação estatística significante. Os aspectos éticos foram respeitados. Quanto ao tipo de AVC, 67 (62%) foram acometidas por AVCi, 33 (30,6%) por AVCh e 8 (7,4%) por TVC. A idade variou de 18 a 49 anos. Dessas, 74 (67,9%) apresentavam união estável, 73(67%) tinha renda de até dois salários mínimos e 56 (51,3%) não eram ativas economicamente. Houve associação significante entre procedência, renda e raça, na qual a maior dependência para as AVDs foi encontrada em mulheres do interior, com menor renda e negras, na avaliação inicial. A renda mostrou mesmo comportamento após três meses. Os principais fatores de risco identificados foram sedentarismo 85 (79,4%), enxaqueca 64 (58,7%), excesso de peso 52 (47,7%), estresse 48 (44%) e HAS 44 (40,4%). Houve associação significante com doença cardíaca (p=0,04), na avaliação inicial, e atividade física e alcoolismo após três meses (p=0,003 e p=0,017), com maior dependência severa a moderada entre os doentes cardíacos e alcoolistas e maior independência para as mulheres ativas fisicamente. Na avaliação inicial, 44 (40,4%) encontravam-se com dependência total e severa, enquanto que na avaliação três meses após, esse percentual reduziu para 9 (8,2%), denotando melhora na capacidade funcional para realização das AVDs no período de três meses. O déficit motor foi o acometimento mais presente nas avaliações 66 (60,6%), seguido das alterações na fala 60 (55%). A maior parte das mulheres 26(59,1%) que apresentou déficit motor na fase aguda exibiu dependência severa para as AVDs. Na fase aguda, 69,2% das mulheres que foram acometidas por AVC grave apresentaram dependência severa para as AVDs e 64,3% das mulheres que apresentaram comprometimento funcional moderado a grave eram dependentes severas para as AVDs na fase aguda. O estudo das doenças cerebrovasculares em mulheres na idade fértil é fundamental, não só considerando o aumento crescente em sua ocorrência, mas também levando em conta o impacto individual nessa população ocasionado pelas repercussões nas atividades de vida diárias.(AU)