Acurácia dos indicadores clínicos do diagnóstico de enfermagem deglutição prejudicada em crianças com disfunções neurológicas

Publication year: 2017

O objetivo desse estudo foi analisar a acurácia dos indicadores clínicos do diagnóstico de enfermagem Deglutição prejudicada (00103) em crianças com Encefalopatia crônica não progressiva ou Microcefalia. Estudo de acurácia diagnóstica, com delineamento transversal, realizado em um núcleo de tratamento e estimulação precoce na cidade de Fortaleza (CE). Os critérios de inclusão foram apresentar diagnóstico médico de Encefalopatia crônica não progressiva ou Microcefalia, realizar acompanhamento ambulatorial no serviço, possuir idade entre um ano e 12 anos incompletos. Foram excluídas crianças em uso de alimentação enteral; presença de fenda labiopalatina. Foi utilizado um instrumento desenvolvido para a coleta de dados, contendo variáveis sociodemográficas e clínicas das crianças; e indicadores clínicos relacionados diretamente ou indiretamente a oferta de alimentos, com base nos indicadores clínicos da taxonomia da NANDA-I para o diagnóstico em estudo. Para determinar a presença ou ausência dos indicadores clínicos de Deglutição prejudicada, utilizaram-se definições conceituais e operacionais previamente validadas. A análise estatística foi realizada com o SPSS® versão 21.0 for Windows® e o software R versão 2.12.1. Para verificar as medidas de acurácia diagnóstica (sensibilidade e especificidade) de cada indicador foi utilizado o método de análise de classes latentes a partir de modelos ajustados. Foram avaliadas 82 crianças. A maioria era do sexo masculino (62,2%), com mediana de 3,45 anos, de cor não branca (56,1%), residente em Fortaleza (91,5%), com renda familiar de até um salário mínimo (76,8%). Quanto aos dados clínicos, elas apresentaram diagnóstico médico de Encefalopatia crônica não progressiva (76,8%), eram quadriplégicas (74,60%) e com espasticidade motora (60,32%), sem aleitamento materno exclusivo (85,4%), 100% usaram mamadeira durante o período da lactação/amamentação, e 82,9% usavam chupetas diariamente. A prevalência do diagnóstico de enfermagem Deglutição prejudicada foi de 59,76%. Observou-se que o modelo ajustado apresentou valor máximo de entropia com 16 características definidoras.

Os indicadores clínicos com boas medidas de sensibilidade foram:

falta de ação para formar o bolo (100%), formação lenta do bolo (100%), captação ineficiente (81,67%), evidência observada de dificuldade para engolir (87,79%) e os alimentos caem da boca (79,63%). Boas medidas de especificidade foram encontradas em incapacidade de esvaziar a cavidade oral (100%), formação lenta do bolo (100%), recusa em alimentar-se (100%), falta de ação para formar o bolo (100%), falta de mastigação (100%), evidência observada de dificuldade para engolir (87,80%) e despertar durante o período noturno (81,70%). Destarte, esses indicadores clínicos são essenciais para predizer a presença da Deglutição prejudicada em crianças com disfunções neurológicas. Nesse sentido, a identificação de indicadores clínicos sensíveis e específicos torna-se fundamental para uma inferência diagnóstica, direcionando as ações a serem realizadas pela equipe de enfermagem.(AU)