Padrão respiratório ineficaz em crianças com cardiopatias congênitas: construção e validação por juízes de uma teoria de médio alcance
Publication year: 2017
Para compreender a dinâmica do Padrão respiratório ineficaz em crianças com cardiopatias congênitas, é necessário aprofundar o estudo em torno de seus fatores causais, atributos essenciais e indicadores clínicos, além de entender como eles se relacionam entre si. Uma ferramenta útil para realizar esse tipo de análise é a Teoria de médio alcance (TMA). Mediante isto, este estudo tem como objetivo verificar a validade da estrutura do diagnóstico de enfermagem Padrão Respiratório Ineficaz (PRI) em crianças com cardiopatias congênitas pela realização de duas etapas, a saber: construção de uma teoria de médio alcance (TMA) e análise por juízes. A primeira etapa do estudo foi desenvolvida com base no modelo proposto por Lopes, Silva e Herdman (2015). A construção da Teoria de Médio Alcance para o diagnóstico de enfermagem Padrão respiratório ineficaz em crianças com cardiopatias congênitas foi embasada à luz do Modelo de Adaptação de Roy (MAR), de uma revisão integrativa da literatura e da taxonomia da NANDA Internacional, Inc. (NANDA-I). A revisão integrativa concretizou-se por meio de uma ampla busca na literatura a partir de quatro bases de dados (SCOPUS, CINAHL, PUBMED e Web of Science). Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 50 estudos que fundamentaram a construção da Teoria de médio alcance. Após leitura e análise dos referenciais teóricos, identificaram-se 10 estímulos do diagnóstico PRI, dos quais seis não apresentam correspondência com os fatores relacionados reportados na NANDA-I; 21 comportamentos foram encontrados dos quais cinco não constam no rol de características definidoras da NANDA-I. Os estímulos e os comportamentos foram incorporados à estrutura do diagnóstico. Em seguida, foram desenvolvidas definições conceituais e operacionais para cada estímulo e comportamento. Foram descritas proposições que explicassem a relação entre PRI e seus componentes estruturais, bem como estabelecidas as relações de causalidade do diagnóstico. Para sintetizar as proposições e relações causais, um pictograma foi criado. A segunda etapa do presente estudo contou com a participação de 23 juízes especialistas em terminologias de enfermagem e/ou com prática clínica. Os mesmos julgaram os estímulos e comportamentos da TMA, bem como suas definições conceituais e operacionais com base nos critérios de relevância, clareza e precisão. A proposta final do processo de validação incorpora nove estímulos, a saber: aumento da resistência das vias aéreas, redução da complacência pulmonar, aumento na concentração de dióxido de carbono, aumento na concentração de hidrogênio, posição do corpo que inibe expansão pulmonar, deformidades da parede do tórax, esforço físico,ansiedade e dor. Com relação aos comportamentos, todos foram considerados como relevantes, a saber: uso de músculos acessórios à respiração, alterações na profundidade respiratória, taquipneia, mudanças no ritmo respiratório, dispneia, ortopneia, hipóxia, hipoxemia, cianose, distúrbios respiratórios do sono, fadiga da musculatura respiratória, fase de expiração prologada, batimentos de asa de nariz, bradpneia, excursão torácica alterada, pressão expiratória diminuída, pressão inspiratória diminuída, ventilação minuto-diminuída, respiração com os lábios franzidos, diâmetro antero-posterior aumentado e assumir posição de três pontos. Com exceção do estímulo idade menor que dois anos, as definições conceituais e operacionais construídas para os estímulos e os comportamentos apresentaram índice de validade de conteúdo diagnóstico superiores a 0,9. Considera-se que processo de validação da estrutura do diagnóstico de enfermagem Padrão Respiratório Ineficaz (PRI) em crianças com cardiopatias congênitas subsidiou o refinamento e o aprimoramento desse diagnóstico e de seus componentes. É imprescindível à enfermagem apropriar-se desse diagnóstico no contexto do cuidado da criança cardiopata. Sugere-se que um estudo de validação clínica seja conduzido para avaliar os componentes de PRI ainda não incorporados à NANDA-I, bem como para verificar a validade das proposições e relações de causalidade apontadas na TMA.(AU)