Prevalência de queixas de incontinência urinária em usuárias de um serviço de atenção primária no município de Fortaleza (CE)

Publication year: 2017

O estudo teve como objetivo identificar a prevalência de queixas de incontinência urinária (IU) em mulheres que buscavam consulta ginecológica de enfermagem em uma unidade de cuidados básicos de saúde. Pesquisa observacional, descritiva, transversal realizada em uma Unidade Básica de Saúde situada na Secretaria Executiva Regional III de Fortaleza (CE). Participaram do estudo todas as mulheres acima de 18 anos que buscaram o serviço de ginecologia durante os meses de julho a outubro de 2016. Realizou-se entrevista individualizada mediante um instrumento contemplando dados sociodemográficos, investigação de queixas de IU e qualidade de vida (QV) de mulheres com IU. Após a coleta de dados, utilizaram-se análise estatística descritiva e os testes qui quadrado e t Student por meio do programa SPSS, versão 22.0. Para todos os testes, foram utilizados intervalo de confiança de 95% e nível de significância de 5%. A pesquisa faz parte de outro estudo em andamento com Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) devidamente aprovado da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo respeitado todos os aspectos éticos relacionados à pesquisa envolvendo seres humanos. Participaram do estudo 322 mulheres com idade mínima de 18 e máxima de 85 anos. Destas, 120 (37,3%) mulheres apresentaram IU, sendo que 64 (53,3%) referiram incontinência urinária de esforço (IUE), 22 (18,3%) disseram ter urge-incontinência (UI) e 32 (26,7%) afirmaram ter incontinência urinária mista (IUM). Dentre os fatores de risco associados à IU, encontraram-se idade, número de gestações, número de partos, número de partos vaginais, número de abortos, diabetes, hipertensão, tosse crônica, uso de diuréticos e hipoglicemiantes orais, histórico familiar de prolapso de órgãos pélvicos e tabagismo. Entre as mulheres com IU, apenas 17 (14,2%) buscaram algum tipo de atendimento, justificando a não busca pela crença que o problema era normal para idade. Quando se comparou a QV de todas as mulheres do estudo, identificou-se que as médias dos domínios das mulheres com IU eram todas menores quando comparadas às continentes, caracterizando o comprometimento da QV de mulheres com incontinência. Além disso, comparou-se a QV entre os grupos de mulheres com os diferentes tipos de IU, e constatou-se que o prejuízo da QV foi maior no grupo de mulheres com IUM. A função sexual também foi mais prejudicada em mulheres que tinham IUM. O estudo revelou a prevalência de mulheres com queixas de IU em um serviço da Atenção Primária à saúde, os fatores que interferiram no aparecimento da doença e as causas pelas quais não houve procura por tratamento. A maioria desconhecia a doença e os tratamentos existentes, passando a conviver com o problema e com as consequências que ele acarretava, como o comprometimento da QV. Os profissionais da saúde, de forma geral, não questionam sobre a IU, levando a construir no imaginário coletivo a ideia de que a doença não é importante e que não causa agravos à saúde.(AU)