Acurácia dos indicadores clínicos dos diagnósticos de enfermagem baixa autoestima crônica e baixa autoestima situacional em adultos com humor deprimido
Publication year: 2017
O humor deprimido é um estado emocional continuado caracterizado por tristeza, moral baixa, desesperança, angústia, sofrimento, pessimismo e outros afetos relacionados que dificilmente se diferenciam dos estados emocionais vivenciados por todos os seres humanos, quando defrontados com as adversidades da vida. O objetivo deste estudo foi analisar a capacidade preditiva das características definidoras dos diagnósticos de enfermagem Baixa autoestima crônica e Baixa autoestima situacional em adultos com humor deprimido. Trata-se de uma pesquisa sobre acurácia diagnóstica, com delineamento transversal, realizada em um hospital de referência no atendimento em psiquiatria no estado do Ceará. A amostra do estudo foi composta por 180 pacientes adultos com humor deprimido acompanhados na referida instituição. O instrumento de coleta de dados foi construído com base nas definições operacionais dos indicadores clínicos dos diagnósticos em estudo propostos pela NANDA-I, bem como os indicadores encontrados na revisão de literatura. Além disso, o instrumento de coleta de dados foi desenvolvido a partir da adaptação do instrumento de qualidade de vida WHOQOL 100. O método de análise de classes latentes com efeitos randômicos foi utilizado para verificar a sensibilidade e a especificidade de cada indicador clínico. O estudo avaliou 180 adultos com humor deprimido, sendo a maioria do sexo feminino e com procedência da capital. A média de idade da amostra foi de 40,28 anos, com média de 3,27 para o número de membros na família e renda familiar de R$1.865,54. Os diagnósticos médicos mais prevalentes foram o Transtorno afetivo bipolar e os Episódios depressivos. Ruminação e Comportamento não assertivo foram os indicadores clínicos mais frequentes, correspondendo a mais da metade da amostra. Pelo modelo de classe latente a prevalência do diagnóstico de enfermagem Baixa autoestima situacional representou 34,36% da amostra, e os indicadores clínicos Desesperança e Verbalizações autonegativas apresentaram as especificidades mais altas, seguidas de Comportamento indeciso e Subestima a capacidade de lidar com a situação. Na Baixa autoestima crônica, a prevalência do diagnóstico de enfermagem foi estimada pelo modelo de classe latente em 18,35%. Os indicadores clínicos Comportamento indeciso e Rejeita feedback positivo exibiram os valores mais altos para a especificidade e, apenas Culpa e Solidão, apresentaram valores elevados para sensibilidade. O modelo unidimensional para Baixa autoestima conclui que para avaliação do diagnóstico em pacientes com humor deprimido deve ser iniciado pela análise dos indicadores de Baixa autoestima situacional, em particular dos indicadores Desesperança e Verbalizações autonegativas, pois a ausência deles pode confirmar a ausência do diagnóstico. Se descartada a Baixa autoestima situacional, deve-se investigar a presença dos indicadores Busca excessivamente reafirmar-se, Comportamento indeciso, Frequente falta de sucesso nos eventos da vida, Rejeita feedback positivo, Insônia e Solidão que estão associadas a uma Baixa autoestima ainda não crônica. A cronicidade desta baixa autoestima poder então ser confirmada pela presença da Culpa. Os dados obtidos poderão contribuir para uma maior compreensão da manifestação dos diagnósticos em adultos deprimidos, bem como dos sinais e sintomas mais frequentes e importantes para inferência de Baixa autoestima. (AU)