Viver a contaminação por SARS-COV-2 em enfermeiros – discursos na primeira pessoa
Publication year: 2021
A literatura científica, apresenta resultados pertinentes relativamente ao contexto das vivencias da infecciosidade dos enfermeiros, mas é escassa em pormenores particularmente vividos e expressos de forma storytelling.
Objetivo:
Desocultar as realidades vividas por enfermeiros infetados por SARS COV-2, durante a pandemia 2020 em Portugal, segundo a sua perceção pessoal, através de relatos na primeira pessoa.Metodologia:
Estudo transversal, exploratório, de natureza qualitativa, utilizada a conceção Fenomenológica e da Teoria Fundamentada nos Dados (TFD), a partir da análise de conteúdo aos dados emergentes da entrevista aplicada, via on-line, a 33 enfermeiros, infetados e confinados por SARS-COV-2. A amostra, apresenta-se maioritariamente do sexo feminino (68,8%), e no escalão etário (34,4%) entre os 21-30 anos e apresentam como local de trabalho predominante, a área intra-hospitalar (71,9%).Resultados:
Da análise das componentes discursivas em cada Entrevista (E), emergiu uma Árvore categorial (AC) que gerou 4 gerações de categorias, expressas da seguinte forma: 1ª categoria global: “Viver a contaminação por SARS-COV-2 em enfermeiros durante a pandemia 2020 em Portugal (1.)”, que insere quatro categorias de 1ª geração: “Contexto de Infeção (1.1), “Mudanças de vida (1.2)”, “Que concelhos aprendi (1.3)” e “Aprender com os experts (1.4)”. Da 1ª categoria de 1ª geração “Contexto de Infeção (1.1), emergem 5 categorias de 2ª geração: “Foco de Contaminação (1.1.1)”, “Meandros de Vida (1.1.2)”, “Sinais e Sintomas (1.1.3)”, “Confinar: casa ou hospital? (1.1.4)” e “E agora? Sentimentos e Emoções (1.1.5)”. A subcategoria “Meandros de Vida (1.1.2)”, explicam a forma de contaminação, através de 4 categorias de 3ª geração: “Trabalho (1.1.2.1)”, “Comunidade (1.1.2.2)”, Casa/Família (1.1.2.3)”, “Não sei (1.1.2.4)”. Relativamente à subcategoria “Sinais e Sintomas (1.1.3)”, emergem 4 categorias de 3ª geração: “Sistema Neurológico (1.1.3.1)”, “Sistema Termorregulador (1.1.3.2)”, “Sistema Respiratório (1.1.3.3)” e “Assintomático (1.1.3.4)”. Da categoria de 2ª geração “E agora? Sentimentos e Emoções (1.1.5)” emergem 6 categorias de 3ª geração “Medo (1.1.5.1)”; “Surpresa (1.1.5.2)”, “Angústia (1.1.5.3)”; “Tristeza (1.1.5.4)”; “Fúria (1.1.5.5)” e “Indefensão (1.1.5.6)”. A 2ª categoria de 1ª geração “Mudanças na vida (1.2)”, dá origem a 2 categorias de 2ª geração: “Dificuldades/Perturbações (1.2.1) e “Estratégias Adaptativas (1.2.2)”. Da subcategoria “Dificuldades/Perturbações (1.2.1), emergem 7 categorias de 3ª geração: “Emocional (1.2.1.1)”, “Pessoal (1.2.1.2)”, “Familiar (1.2.1.3)”, “Social (1.2.1.4)”, “Profissional (1.2.1.5)”, “Financeiro (1.2.2.6)”, “Bem na vida (1.2.1.7)”. Relativamente à subcategoria “Estratégias Adaptativas (1.2.2)”, emergem 3 categorias de 3ª geração: “Pessoais (1.2.2.1)”, “Família/Amigos (1.2.2.2)” e “Tudo Bem (1.2.2.3)”. Da subcategoria “Pessoais (1.2.2.1)”, emergem 4 categorias de 4ª geração, “Biológico (1.2.2.1.1)”, “Psicológico (1.2.2.1.2)”, “Social (1.2.2.1.3)” e “Espiritual (1.2.2.1.4)”. A 3ª categoria de 1º geração “Que conselhos aprendi (1.3)”, faz emergir 2 categorias de 2ª geração: “Normas e Informações (1.3.1)” e “Empowerment (1.3.2)”. Desta última emergem 2 categorias de 3ª geração, “Biológico (1.3.2.1)” e “Psicossocial (1.3.2.2)”. Por último, apresenta-se a 4ª categoria de 1ª geração “Aprender com os experts (1.4)”, donde emergem 2 categorias de 2ª geração, “Consequências de Sentimentos Perturbadores (1.4.1)” e “Impacto pós cura. E depois da dita cura? (1.4.2)”. Da subcategoria “Consequências de Sentimentos Perturbadores (1.4.1)”, emergem 3 categorias de 3ª geração: “Angústia (1.4.1.1)”, “Medo (1.4.1.2)” e “A caminho da resiliência (1.4.1.3)”. Relativamente à última categoria de 2ª geração “Impacto pós cura. E depois da dita cura? (1.4.2)”, emergem 8 categorias de 3ª geração: “Afinal ainda não… (1.4.2.1)”, “O que é feito da minha atenção e memória? (1.4.2.2)”, “Problema em estudo (1.4.2.3)”, “O Cansaço (1.4.2.4)”, “Cefaleias (1.4.2.5)”, “Distúrbios sensoriais (1.4.2.6)”, “Inesperadamente a Polimedicação (1.4.2.7)” e “Efeito devastador (1.4.2.8).Conclusões:
As categorias de 1ª Geração “Que conselhos aprendi? (1.3)” e “Aprender com os experts (1.4)”, trazem ao universo da profissionalidade da enfermagem, um manancial de conhecimento, que a literatura ainda não contempla.
The scientific literature presents relevant results in relation to the context of nurses' infectiousness experiences, but it is scarce in details that are particularly experienced and expressed in a storytelling way.