Bem-estar psicológico da pessoa portadora de espondilite anquilosante: determinantes sociodemográficos, clínicos e psicossociais

Publication year: 2013

Introdução :

As doenças crónicas afetam muitas dimensões do Bem-estar Psicológico (BEP), da qualidade de vida bem como as atividades físicas e sociais dos indivíduos, com todas as consequências e efeitos nefastos que poderão daí advir. Entre essas doenças está a Espondilite Anquilosante (EA), considerada uma condição sem alternativas de melhoras rápidas e de evolução progressiva. Face a este enquadramento, o objetivo central deste trabalho pretende determinar a influência das variáveis preditivas (sociodemográficas, clínicas e psicossociais) do Bem-estar Psicológico, na pessoa com EA, com o intuito de desenvolver estratégias de apoio e sensibilização para esta problemática.

Métodos:

Conceptualizámos um estudo de natureza quantitativa, transversal, descritivo-correlacional, recorrendo a uma amostra não probabilística constituída por 51 portadores, com idades compreendidas entre 19 e 79 anos (M= 47,00; Dp= 14,14) e maioritariamente do sexo masculino (70,59%).

Utilizámos instrumentos de medida aferidos e validados para a população portuguesa:

escala de APGAR familiar, questionário SF-36, Escala de Bem-Estar Psicológico (EBEP) e os questionários BASDAI e BASFI.

Resultados:

O Bem-estar Psicológico é maioritariamente percecionado como elevado (47,1%). Na generalidade traduz-se mais elevado no sexo masculino. Foi nas dimensões crescimento pessoal e autonomia, onde os portadores demonstraram melhores índices de BEP. Outras variáveis revelam um efeito estatisticamente significativo sobre o BEP, concretamente: portadores com mais idade apresentam menor capacidade em estabelecer relações positivas com os outros (p0,05); portadores integrados em famílias mais funcionais apresentam maiores índices de BEP; maior idade de diagnóstico da doença revela menor domínio do meio (p0,05), menor capacidade em estabelecer relações positivas com os outros (p0,01) e pior score da EBEP (p0,05); ausência de sintomatologia traduz maior capacidade em estabelecer relações positivas com os outros (p0,01); quem pratica exercício físico e um programa de reabilitação, apresenta maiores índices de BEP; pior QDV, atividade da doença e capacidade funcional, traduzem no geral pior perceção de BEP.

Conclusão:

As evidências encontradas salientam a importância de uma reflexão multidisciplinar de forma a potencializar um melhor BEP, junto da pessoa com EA. Sugerimos que se aposte em programas de Reabilitação, intervenções junto da Família e campanhas de sensibilização, visando a promoção do BEP destes indivíduos.

Introduction:

Chronic diseases affect many dimensions of Psychological Well-being, quality of life and the physical and social activities of individuals, with all the consequences and adverse effects that may arise there from. Among these diseases are Ankylosing Spondylitis (AS), a condition which has very few treatments and rapid disease progression. The objective of this paper aims to determine the influence of predictor variables such as social, clinical and psychosocial, on the Psychological Wellbeing of the patient with AS, in order to develop strategies to support and raise awareness of this debilitating issue.

Methods:

Conceptualize a study of quantitative, cross-sectional, descriptive, correlational, using a non-probability sample consisting of 51 patients, aged between 19 and 79 years (M = 47.00, SD = 14.14) and the majority males (70.59%).

We used measuring instruments calibrated and validated for the Portuguese population:

Family APGAR scale, SF-36 scale, the Psychological Well-being scale (EBEP) and BASDAI and BASFI questionnaires.

Results:

The Psychological Well-being is mostly perceived as high (47.1%), and it also generally translates higher in males. Carriers showed better rates of Psychological Well-being in the autonomy and personal growth dimensions. Other variables show a statistically significant effect on the Psychological Well-being index, namely: older patients have less ability to establish positive relationships with others (p 0.05); carriers integrated into functional families scored higher rates of Psychological Well-being; higher age diagnosis of the disease lowered the Psychological Well-being score (p 0.05), lower ability to establish positive relationships with others (p 0.01) and worse score of Psychological Well-being (p 0.05), absence of symptoms reflects a higher ability to establish positive relationships with others (p 0.01), those who practice exercise and rehabilitation program present the highest rates of Psychological Well-being; worse quality of life, disease activity and functional capacity, translate into worse overall perception of Psychological Well-being.

Conclusion:

The evidence underlines the importance of a multidisciplinary approach in order to enhance a better Psychological Well-being index for a person with AS. We suggest that investing in rehabilitation programs, interventions with family and awareness campaigns aimed at promoting the Psychological Well-being of these individuals will improve their Psychological Well-being Index scores and quality of life.