Esperança de vida em mulheres diagnosticadas com câncer de mama submetidas à mastectomia
Publication year: 2017
Ao vivenciar o diagnóstico de câncer de mama e a experiência de ser submetida à mastectomia, a mulher inicia uma nova trajetória em sua vida, que vai desde a aceitação da doença até a readaptação e os ajustamentos psicossociais pós-mastectomia. Esperança, motivação e energia são essenciais para encorajar essas mulheres a realizar o tratamento e se adaptarem às mudanças decorrentes do câncer de mama, bem como melhorar o estado de saúde físico e mental. Assim, teve-se como objetivo geral analisar o nível de esperança de mulheres com câncer de mama no período pré e pós-operatório de mastectomia, por meio da Escala de Esperança de Herth (EEH). Trata-se de estudo analítico e prospectivo, de corte longitudinal, realizado com mulheres diagnosticadas com câncer de mama, admitidas no Setor de Clínica Cirúrgica do Hospital Haroldo Juaçaba (Instituto do Câncer do Ceará), localizado em Fortaleza, Ceará, para realização da mastectomia. A coleta de dados ocorreu de julho a novembro de 2016, por meio de entrevista individualizada, utilizando um formulário para levantamento dos dados sociodemográficos, clínicos e aplicação, em dois momentos, da Escala de Esperança de Herth (EEH), no período pré-mastectomia e pós-mastectomia. Os dados foram tabulados e armazenados em um banco de dados eletrônico feito no Microsoft Excel 2010 e analisados a partir da estatística descritiva (frequência, média e desvio padrão), com fundamentação na literatura pertinente e estatística analítica, utilizando o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS for Windows), versão 20.0. Na realização do estudo, foram seguidos os princípios bioéticos previstos pela Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, o projeto foi encaminhado à Plataforma Brasil e realizado mediante a aprovação do Comitê de Ética, conforme parecer nº 1.552.285. Em relação aos níveis de esperança, evidenciou-se valor máximo de 48 pontos e mínimo de 29, tanto no pré como no pós-operatório, com média global de 40,6 (±0,4) pontos no pré-operatório e 41,9 (±0,4) pontos no pós-operatório, constatando-se, assim, níveis elevados de esperança no pré-operatório e seu aumento após realização do procedimento cirúrgico. A única variável sociodemográfica que teve associação estatística significativa com os níveis de esperança foi a religião, cuja presença dessa contribuiu para níveis elevados, tanto no pré como no pós-operatório. Quanto às outras variáveis, constatou-se que sentir dor e a esperança relacionada à família estiveram associadas a níveis menores de esperança tanto no pré como no pós-operatório, enquanto que ter conhecimento, a esperança relacionada à religião e a localização anatômica da cirurgia em uma única mama influenciam positivamente nos níveis de esperança. Foi possível, também, prever o escore do pós-operatório apenas usando o do pré- operatório em 76% dos casos, tendo como principal fator para explicar a esperança do pós-operatório a própria esperança no pré-operatório. Os achados do presente estudo permitem concluir que as mulheres diagnosticadas com câncer de mama submetidas ao tratamento cirúrgico possuíam esperança no pré-operatório, evoluindo com aumento dos níveis de esperança no período pós-operatório.(AU)