Publication year: 2017
O objetivo desse estudo foi analisar os efeitos de uma intervenção educativa de longa duração, mediada por telefone, sobre a autoeficácia, duração e exclusividade da amamentação até o sexto mês de vida da criança. Trata-se de um Ensaio ClÃnico Randomizado Controlado no qual o Grupo Controle (GC) recebeu o cuidado padrão (cuidados fornecidos pela rotina hospitalar) e o Grupo Intervenção (GI) recebeu o cuidado padrão e a intervenção educativa. A intervenção educativa foi pautada no referencial da autoeficácia para amamentar e em outras literaturas pertinentes ao assunto, utilizando a entrevista motivacional aos 7, 30, 90 e 150 dias pós-parto. O estudo foi desenvolvido no Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana em Fortaleza-CE entre outubro/ 2016 e julho/2017 envolvendo 240 mulheres (GC=120 e GI=120).
Foi desenvolvido em três fases:
1. Linha de Base; 2. Intervenção; 3. Avaliação dos desfechos aos 60, 120 e 180 dias pós-parto. A análise comparativa das variáveis categóricas foi realizada pelo teste qui-quadrado e teste exato de Fisher e das variáveis numéricas pelo teste U de Mann-Whitney. Ademais se utilizou o coeficiente de Spearman para correlacionar os dados sociodemográficos, obstétricos, escores de autoeficácia com a duração do AM e do AME. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob protocolo 42495114.4.0000.5054. Os grupos eram homogêneos (p>0,05), com exceção das horas fora do lar (p=0,019). Na avaliação intergrupo evidenciou-se que o GC apesar de ter iniciado com mediana maior de escores da autoeficácia, os manteve constantes ao longo das avaliações de desfecho; já o GI aumentou a mediana de escores aos 60 (p<0,001), 120 (p<0,001) e 180 dias (p=0,001). Em relação à s taxas de aleitamento materno (AM) e de aleitamento materno exclusivo (AME) percebeu-se que tanto aos 60 (p<0,001) como aos 120 dias (p=0,001) o GI apresentou taxas mais elevadas de AM do que o GC, e aos 180 dias o GI apresentou taxas de AM (p=0,012) e de AME (p=0,005) superiores ao GC. Quanto à duração do AM, o GI amamentou por mais tempo (AM, p<0,001; AME, p<0,001) do que o GC. Os escores de autoeficácia aos 60 e 120 dias apresentaram correlação positiva com a duração do AM e do AME, enquanto os escores aos 180 dias só tiveram correlação com a duração do AME, o que evidencia a influência da autoeficácia na duração e exclusividade do AM. Dentre os fatores relacionados com a menor duração do AM estão a prática de exercÃcio fÃsico e o retorno da mulher ao trabalho e/ou estudos aos dois e quatro meses. Já os fatores relacionados com a interrupção do AME foram não receber visita domiciliar, falta de orientação acerca do AM e retorno ao trabalho e/ou estudo aos quatro meses. O Número necessário para tratar (NNT) foi de 8 mulheres, o que justifica a escolha da intervenção, uma vez que é necessário acompanhar um pequeno número de mulheres para evitar que uma interrompa o AM. Diante disso, os dados evidenciaram que uma intervenção educativa de longa duração centrada nos princÃpios da autoeficácia e com uso da abordagem da entrevista motivacional, mediada por telefone, é eficaz para elevar a autoeficácia materna para amamentar, as taxas e a duração do AM e de AME. Evidenciou-se que o telefone é uma tecnologia viável para ser utilizada como suporte para práticas educativas. Além disso, o uso de uma intervenção que trabalha a confiança materna e a motivação das mães para amamentar contribui para melhorar as taxas de aleitamento materno. Palavras-chave: Aleitamento Materno; Autoeficácia; Enfermagem; Educação em Saúde; Estudos de Intervenção; Telefone; Entrevista Motivacional.(AU)