Intervenção social por adolescentes na adesão de mulheres ao exame colpocitológico
Publication year: 2016
O câncer de colo do útero configura-se como importante problema de saúde pública. Apesar de essa neoplasia apresentar grande potencial de prevenção e cura quando diagnosticada precocemente, vem sendo apontada como uma das mais importantes preocupações em nível mundial. São primordiais a elaboração e a implementação de políticas públicas na atenção primária que garantam o controle dessa neoplasia, como a adesão ao exame Papanicolaou. Nesta pesquisa optou-se por uma intervenção social envolvendo adolescentes de uma escola pública do Estado do Ceará. O estudo objetivou avaliar os efeitos de uma intervenção social envolvendo adolescentes, na adesão de mulheres ao exame colpocitológico. Trata-se de um estudo experimental randomizado. O local do estudo foi a escola Deputado Manoel Rodrigues Monteiro, situada no bairro Vicente Pinzon, na periferia da cidade de Fortaleza/CE. Outro local que fez parte deste estudo foi a Unidade de Atenção Primária em Saúde Aída Santos e Silva, próxima à escola na qual foi desenvolvida a pesquisa. A população do estudo foi composta por adolescentes do sexo feminino que estudavam na referida escola, com faixa etária compreendida entre 13 e 19 anos. A coleta de dados se realizou no período de setembro a novembro de 2015. Aconteceu em três etapas para o grupo controle (inquérito CAP, sensibilização das mulheres na comunidade e procura do exame pelas mulheres) e em cinco etapas para o grupo intervenção (inquérito CAP, intervenção educativa, inquérito CAP, sensibilização das mulheres na comunidade e procura do exame pelas mulheres). Os dados foram compilados e analisados através do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0. Para todas as análises, um valor de p <0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Durante a pesquisa realizaram-se 200 inquéritos CAP (100 do grupo controle e 100 do grupo intervenção). Quanto ao conhecimento e atitude das adolescentes sobre o exame colpocitológico do colo do útero, 99,5% e 82,0% respectivamente, tiveram altos percentuais de inadequabilidade nos dois grupos. Ao avaliar o grupo intervenção após a atividade educativa, houve aumento significativo no conhecimento e na atitude desse grupo, passando respectivamente, de 0% para 96% e de 15% para 99%. Referente ao desfecho do estudo, 70 mulheres sensibilizadas pelas adolescentes compareceram à unidade de saúde (31 do grupo controle e 39 do grupo intervenção). Embora não tenha havido uma diferença estatística significante (p=0,236) entre os dois grupos quanto ao número de mulheres que buscaram o exame, percebe-se a importância de envolver as adolescentes nos processos de promoção da saúde, visto que as mulheres que foram sensibilizadas através das adolescentes do grupo intervenção foram significativamente superiores quanto ao conhecimento relacionado à finalidade do exame (p<0,003) e aos cuidados (p<0,001) em comparação às do grupo controle. O resultado demonstrou que a intervenção utilizada neste estudo foi efetiva e revelou que as adolescentes foram proativas ao desenvolver o protagonismo juvenil no meio social ao sensibilizar mulheres para a adesão ao exame Papanicolaou, mostrando que são capazes de se envolver com estratégias de promoção da saúde.(AU)