As lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho nos enfermeiros, em cuidados de saúde diferenciados

Publication year: 2021

Enquadramento:

As Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT) continuam a ser um problema de saúde comum, e originam uma sobrecarga de custos para os indivíduos, empresas e sociedade em geral. Este fenómeno não é só um desafio de saúde ocupacional, mas também um desafio de saúde pública e social, para o qual os Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Reabilitação (EEER) devem contribuir na implementação de medidas para a sua diminuição.

Objetivo:

Avaliar a prevalência das LMERT nos enfermeiros e a sua relação com as condições laborais e a condição de saúde dos trabalhadores.

Metodologia:

O estudo é quantitativo, observacional e transversal. A amostra é de conveniência, não probabilística, composta por 104 enfermeiros de sete serviços de um Hospital Distrital, da região centro. A colheita de dados foi feita em dois momentos, inicialmente através da aplicação de um questionário autopreenchido, que incluía o Questionário Nórdico de Lesões Músculo-Esqueléticas (QNM) e, posteriormente, foi aplicado o Índice Movement and Assitance of Hospital Patients (MAPO) para avaliação dos locais de trabalho, sendo salvaguardados os procedimentos ético-deontológicos.

Resultados:

As taxas de prevalência de sintomatologia autorreferida mais exuberantes, nos últimos 12 meses, são a região lombar (66,3%), a região dorsal (59,6%) e a região cervical (55,8%); nos últimos 7 dias, a região lombar destaca-se com taxas de incidência de 40,4%. No último ano, a região lombar, punhos/mãos e tornozelos/pés impediram de trabalhar 3,8% dos inquiridos. Os níveis de exposição dos enfermeiros a fatores de risco, obtido pelo Índice MAPO, foram elevados nos serviços de Medicina III A (7,91) e Especialidades Cirúrgicas (7,19) e moderado nos restantes serviços. Observaram-se algumas relações significativas entre a prevalência de LMERT em diferentes segmentos corporais e alguns fatores de risco, nomeadamente fumar, idade, Índice de Massa Corporal (IMC), peso, tempo de serviço, horas/semana, rácios e segundo emprego.

Conclusão:

O EEER, inserido numa equipa multidisciplinar, deve promover a alteração de estilos de vida, através de sessões de educação para a saúde, alteração de hábitos de vida, bem como sessões de ginástica laboral, já praticadas internacionalmente, com resultados muito positivos. Sugerem-se planos de intervenção a curto e médio prazo para diminuir os níveis de exposição dos enfermeiros a fatores de risco de LMERT dos diferentes serviços, cujo impacto deverá ser avaliado oportunamente.