Publication year: 2015
Objetivou-se avaliar a eficácia de um material educativo na instrumentalização do acompanhante para a realização de ações de apoio à parturiente. Trata-se de um Estudo Piloto de Ensaio Clínico Randomizado, no qual foram comparados dois grupos: Grupo Controle (GC) e Grupo Intervenção (GI) (utilizou o manual educativo “Preparando-se para acompanhar o parto normal: o que é importante saber?”). Estudo desenvolvido em Fortaleza - CE, no Centro de Parto Natural Lígia Barros Costa (CPN) e no Centro Integrado de Educação e Saúde Casimiro José de Lima Filho (CIESCJLF), entre Abril/2014 e Junho/2015. Ao final, obteve-se uma amostra de 65 acompanhantes, 21 no GI e 44 no GC.
O estudo foi desenvolvido em quatro fases:
1. Linha de Base; 2. Intervenção; 3. Avaliação do apoio prestado pelo acompanhante em sala de parto; e 4. Avaliação da experiência e satisfação com o trabalho de parto e parto. Para a coleta de dados, na Fase 1, utilizou-se o Formulário de caracterização do acompanhante; na Fase 3, utilizou-se o Formulário de avaliação do apoio prestado e da experiência do acompanhante em sala de parto; e na Fase 4, utilizou-se o Formulário de avaliação da experiência e satisfação da puérpera com o trabalho de parto, o qual contém quatro Sub-Escalas do Questionário de Experiência e Satisfação com Parto (QESP) (Sub-Escalas Experiência Positiva, Experiência Negativa, Relaxamento e Apoio do Acompanhante). Os acompanhantes tinham, em média, 39,3 (±14,6) anos de idade e 8,4 (±2,5) anos de estudo, sendo a maior parte esposo/companheiro (36; 55,4%) ou mãe (15; 23,1%) da parturiente. Na Linha de Base, 44 (67,7%) acompanhantes tinham conhecimento de algum tipo de ação de apoio, sendo as mais prevalentes as de apoio emocional 22 (33,8%) e de apoio físico 18 (27,7%), não havendo diferenças estatisticamente significantes entre os grupos. Na Avaliação do apoio prestado pelo acompanhante em sala de parto, verificou-se que acompanhantes do GI foram mais propícios à utilização de ações de apoio físico (RR 1,85; IC95%: 1,03-7,4), em especial, massagem (RR 11,7; IC95%: 1,6-81,8), caminhada (RR 4,27; IC95%: 1,9-9,5), bola de ginástica (RR 3,75; IC95%: 1,7-8,4) e respiração (RR 4,88; IC95%: 2,2-10,8). Acompanhantes do GI realizaram um maior número de ações de apoio (7,2 vs 4,6; p:0,001) e melhor avaliaram a experiência de acompanhar o parto (72,4 vs 64,2; p:0,00). Puérperas acompanhadas por participantes do GI foram mais propícias a classificar positivamente o autocontrole durante o trabalho de parto (RR 6,58; IC95%: 2,2-20,2) e parto (RR 2,14; IC95%: 1,2-4,5), a autoconfiança (RR 2,65; IC95%: 1,2-6,9), a utilização de métodos de respiração/relaxamento (RR 2,43; IC95%: 1,2-5,0), e o apoio prestado pelo acompanhante (RR 3,36; IC95%: 1,03-7,4) durante o trabalho de parto, refletindo em uma melhor experiência e satisfação com o trabalho de parto e parto (119,6 vs 107,9; p:0,000), de acordo com as Sub-Escalas do QESP aqui analisadas. Os dados evidenciaram que o manual educativo foi eficaz na instrumentalização do acompanhante para a realização de ações de apoio à parturiente, tendo acompanhantes do GI realizado um número de ações de apoio significativamente maior do que acompanhantes do GC. Isso refletiu em uma melhor avaliação do acompanhante e da puérpera com a experiência compartilhada, demonstrando a sinergia entre o apoio prestado pelo acompanhante e o apoio percebido e experimentado pela parturiente. (AU)