Validação diferencial dos diagnósticos de enfermagem desobstrução ineficaz de vias aéreas, padrão respiratório ineficaz e troca de gases prejudicada

Publication year: 2015

O desenvolvimento de estudos voltados para diferenciação entre diagnósticos de enfermagem intimamente relacionados são úteis para diminuir as incertezas que podem surgir durante o processo de inferência diagnóstica. Essa diferenciação faz-se necessária porque a inferência de diagnósticos relacionados pode ser influenciada se os mesmos apresentarem características definidoras similares ou cuja denominação leva à incorporação da informação de outra. Devido à importância de pesquisas relacionadas a essa temática, este estudo foi realizado com o objetivo de identificar os indicadores clínicos que ajudam a diferenciar os diagnósticos de enfermagem Padrão respiratório ineficaz (PRI), Desobstrução ineficaz das vias aéreas (DIVA) e Troca de gases prejudicada (TGP).

Para o alcance do objetivo proposto esta pesquisa foi desenvolvida em três etapas:

Análise dos elementos que compõem os conceitos, Análise de conteúdo por juízes e Validação diagnóstica diferencial. Para a realização da primeira etapa, utilizou-se como referência o Modelo de Análise simultânea de conceitos e os passos da revisão integrativa da literatura. Nesta etapa, foram analisados os elementos que compõem os conceitos ventilação pulmonar, permeabilidade das vias aéreas e troca gasosa pulmonar por um grupo consenso composto por três enfermeiros integrantes do “Núcleo de estudo de Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem - (NEDIRE)”. A busca na literatura foi realizada, individualmente, em quatro bases de dados (LILACS, CINAHL, PUBMED e SCOPUS) e em cinco livros técnicos. A partir dos resultados obtidos, foi proposta uma lista final que contemplava 28, 21 e 22 indicadores clínicos para os diagnósticos de enfermagem PRI, DIVA e TGP, respectivamente. Na etapa de Análise de conteúdo por juízes, 39 enfermeiros verificaram a adequação dos indicadores clínicos, definições conceituais e referências empíricas, que foram determinados na etapa anterior, quanto a sua representatividade para os diagnósticos de enfermagem estudados. Com a realização desta etapa foi possível validar 21 indicadores clínicos para PRI, 18 para DIVA e 21 para TGP. Estes resultados mostraram, ainda, que os juízes consideraram adequadas todas as definições conceituais e referências empíricas propostas. Por fim, na etapa de Validação diagnóstica diferencial, os indicadores validados pelo juízes foram analisados clinicamente em crianças com pneumonia com idade entre zero e cinco anos. A partir do método de Análise de correspondências múltiplas e do Modelo de classe latente, foi possível determinar o conjunto de indicadores clínicos que permitem o diagnóstico diferencial entre os três diagnósticos de enfermagem estudados. Deste modo, os indicadores com melhor capacidade discriminativa foram: Retração subcostal, Dispneia, Ortopneia, Alteração do frêmito torácico e Ausência de tosse para PRI; Acúmulo excessivo de muco, Ruídos respiratórios adventícios e Tosse ineficaz para DIVA; Inquietação, Irritabilidade, Mudanças no ritmo respiratório, Percussão torácica alterada e Sons respiratórios diminuídos para TGP. Acredita-se que as evidências clínicas obtidas (indicadores clínicos com boa capacidade discriminativa), podem contribuir para que o enfermeiro faça com mais segurança a inferência dos diagnósticos de enfermagem PRI, DIVA e TGP, e assim, melhore a qualidade da assistência de enfermagem prestada ao paciente. (AU)