Escala de avaliação do autocuidado de pacientes com insuficiência cardíaca: validação clínica
Publication year: 2015
O autocuidado deve ser realizado pelos pacientes com insuficiência cardíaca (IC) para prevenção de complicações e promoção da saúde. Objetivou-se validar a Escala de Avaliação do Autocuidado de Pacientes com Insuficiência Cardíaca (EAAPIC). Estudo metodológico, desenvolvido em três etapas, que seguiu como referencial da Psicometria, descrita por Pasquali. Na primeira etapa foi realizado um pré-teste com aplicação da segunda versão da EAAPIC em dois hospitais privados com atendimento em cardiologia de Fortaleza-CE, o qual proporcionou grupo de discussão com cinco juízes técnicos. Na segunda etapa, efetivou-se o polo empírico com a aplicação da terceira versão da EAAPIC a 276 pacientes, além do levantamento de dados sociodemográficos, clínicos e laboratoriais, em um ambulatório especializado de um hospital terciário de Fortaleza-Ce. E na terceira etapa realizou-se o procedimento analítico por meio da validade de construto avaliada pela análise fatorial e por meio da confiabilidade, cuja consistência interna foi analisada pelo alfa de Cronbach e estabilidade medida pelo teste-reteste e coeficiente de correlação intraclasse. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da instituição sob n° 499.793. Como resultados, na primeira etapa, após o pré-teste, modificações foram empreendidas na EAAPIC em busca de um instrumento mais claro e compreensível o que resultou na terceira versão da escala. Na segunda etapa, evidenciaram predomínio do sexo masculino (60,1%), idade de 40 a 59 anos (54,8%), baixas escolaridade (45,6%) e renda (54,7%), ausência de atividade laboral (78,2%), casados ou em união estável (68,1%), não brancos (75%), católicos (64,5%), mais de 5 anos de diagnóstico, etiologia isquêmica, classe funcional II, perfil lipídico adequado, fração de ejeção do ventrículo esquerdo abaixo de 55%, sobrepeso e sinais vitais estáveis. Conforme a análise fatorial exploratória, na terceira etapa, a EAAPIC possui quatro domínios e 12 itens e explica 51,309% da prática do autocuidado de pacientes com IC. Realizou-se análise fatorial confirmatória a qual ratificou o modelo fatorial inicial e a qualidade do ajuste do modelo. O alfa de Cronbach foi de 0,568, evidenciando moderada consistência interna. Quanto à estabilidade, os coeficientes de correlação intraclasse dos itens podem ser considerados moderados a altos (R = 0,583 a 1,000) para a maioria dos itens. A confiabilidade do instrumento foi 0,810, ratificando que a EAAPIC é confiável no que diz respeito à estabilidade. Verificou-se também que os pacientes praticam ações de autocuidado (81,8%), com déficit nos itens conhecimento e adaptação, reconhecimento e procura de serviços de saúde na presença de sintomas de descompensação da IC e vacinação. Constatou-se associação significativa entre autocuidado e sexo (p= 0,015), idade (p= 0,044), renda (p= 0,000), escolaridade (p= 0,001), classe funcional (p= 0,041), fadiga (p= 0,002), dispneia paroxística noturna (p= 0,000), ortopneia (p= 0,036), valores de LDL (p= 0,018) e frequência respiratória (p= 0,000). Conclui-se que a EAAPIC é um instrumento de medida válido e confiável em termos de estabilidade, capaz de avaliar o autocuidado de pacientes com IC e identificar suas necessidades. Contudo, sugerem-se estudos posteriores com vistas a reanalisar a consistência interna do instrumento.(AU)